Worldcoin: projeto do CEO da OpenAI quer eliminar senha de logins

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Equipe TecMundo

O CEO e cofundador da OpenAI, Sam Altman quer simplificar o formato de login convencional por meio da plataforma Worldcoin. Lançado em 2019 em parceria com Alex Blania, o projeto envolve três frentes em uma única plataforma: criptomoeda, carteira digital e um protocolo de identificação universal.

Essa última tecnologia recebeu o nome de World ID e tem o propósito de ser um passaporte global de acesso sem a necessidade de informar dados pessoais, como nome e e-mail. Sua integração seria também um caminho para determinar se os usuários são pessoas reais ou robôs carregados de vírus.

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O método parece ter saído de Blade Runner e faz parte do conceito de “proof of humanity” (“prova de humanidade” - PoV), que engloba o conceito de “proof of personhood” (“prova de personalidade”), usados para verificar a existência e identidade de alguém.

E essa lógica toda não é muito nova, afinal estamos falando de soluções na Web3, ou seja, de base descentralizada. O pulo do gato está na leitura biométrica através do escaneador de retina, apelidado de Orb.

Orb por dentroOrb: leitor biométrico Worldcoin usa sensores e IA para vasculhar íris, gerando um código único de acesso a plataformasFonte: Worldcoin/Reprodução

Worldcoin: moeda digital e protocolo de acesso universal

“Nosso objetivo era distribuir gratuitamente um novo token digital para todas as pessoas do mundo como uma forma de ajudá-las a acessar e participar da economia global”, disse a WorldCoin em um post. Após pesquisas, a startup percebeu que a segurança desses usuários só estaria garantida com um sistema de biometria dos olhos.

“A íris tem uma forte resistência a fraudes e uma grande riqueza de dados, o que significa que ela pode ser usada para diferenciar, com precisão, bilhões de seres humanos. Quanto mais rica em dados for a marca biométrica (por exemplo, a íris), mais justo e inclusivo será o sistema”, defende a Worldcoin.

Segundo a Worldcoin, o Orb foi desenvolvido por anos junto do Tools For Humanity, seu laboratório de pesquisa e criação de produtos que colocam os humanos em primeiro lugar (ou “human-first”, no inglês).

  • A empresa tinha coletado cerca de 100 mil íris até 2021 em 12 países, incluindo Chile e Argentina, e pretende alcançar a marca de 1 bilhão até o final de 2023. Hoje a base de interessados para usar a plataforma acumula 1 milhão de inscritos.

Quem topar participar do experimento deve instalar o app do World ID e procurar um ponto de distribuição do equipamento em seu país. Depois de concluir as etapas necessárias, a pessoa ganha 25 worldcoins. Porém, vale uma avaliação detalhada dessa história...

World ID é confiável?

Na parte técnica, o Orb tem uma baita ajuda da inteligência artificial, o principal produto da OpenAI:

  • O escaneador de íris funciona por meio de vários sensores de câmera, combinados a um sistema de aprendizado de máquina que, juntos, analisam detalhes faciais e da íris. Depois disso, ele tira várias fotos da área ocular e aplica aprendizado de máquina, bem como outras técnicas de visão computacional.

Após os dados serem enviados a um app, é gerado um hash criptográfico para representar numericamente as principais características do padrão da íris do olho de cada pessoa. Daí você deve estar se perguntando: “E essas imagens ficam armazenadas na plataforma?”.  

“A Worldcoin não usa a íris para identificar quem você é, serve apenas para verificar se você é único”, defende a startup.  No caso, o código emitido pelo sistema do Orb incluiria uma chave privada que se conecta a uma chave pública compartilhável.

App da WorldcoinWorldcoin tem um app que funciona como carteira de criptomoedas e testa acesso biométricoFonte: Worldcoin/Reprodução

Durante as transações, o app criaria uma “prova de conhecimento zero” e, a partir disso, enviaria somente o conjunto de informações necessárias para concluí-la. Contudo, há quem duvide dessa segurança toda.

Em outubro de 2021 ninguém mais que Edward Snowden fez um alerta sobre o armazenamento e combinação dos hashs em questão. Para ele, se os escaneamentos tivessem de ser feitos mais de uma vez no Orb, rolaria a chance de cruzá-los em outros momentos em uma base global de dados. Fica aí a reflexão.

De qualquer jeito, a Worldcoin abriu há pouco tempo uma lista de espera para desenvolvedores que desejam experimentar o World ID em seus apps. A turma testadora, contudo, terá a chance de escolher qual sistema de segurança integrar: se por meio do número de telefone do usuário ou verificação do Orb.

O World ID ainda não está disponível no Brasil, embora a intenção da startup seja ampliar as inscrições para o resto do planeta ao longo do ano.

Worldcoin: como funciona?

Assim como a irmã OpenAI e seu ChatGPT, a Worldcoin vem atraindo o interesse de grandes investidores, como a Andreessen Horowitz, Coinbase Ventures e Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn. Segundo a Crunchbase, a startup de criptomoeda já levantou USD 125 milhões.

O projeto foi desenhado para ser “a primeira criptomoeda amplamente adotada no mundo”, afirmou o cofundador Alex Blania, em entrevista ao site Protocol. Ele ainda destacou que na plataforma seria possível:

  • aprender mais sobre esse e outros ativos;

  • localizar operadores do Orb;

  • checar saldo;

  • fazer transferências e pagamentos diretos;

  • usar o worldcoin em todo o ecossistema ethereum.

 Alex sugeriu ao veículo que o sistema poderia ser usado como infraestrutura em programas de renda universal ou de assistência social tanto governamental quanto privada. Apesar da “intenção” e grana envolvida, a adoção do World ID e seu Orb poderia concentrar um poder jamais visto nas mãos de uma só empresa.

Talvez estejamos falando de um problema inédito, que pode ficar evidente apenas quando estourar. Aqui no Brifão já vimos esse filme antes, com o caso Cambridge Analytica e tantos outros…

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