Após o Pix, o que o Banco Central vai fazer em 2021?

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O mercado financeiro brasileiro mudou bastante nos últimos anos, e muito dessa transformação é impulsionado pelo próprio Banco Central por meio da "Agenda BC#", que é um enorme programa de modernização baseado em pilares como inclusão, competitividade, transparência e segurança e que trouxe muita novidade, sendo a principal delas o Pix.

Todos os programas somente são possíveis hoje devido ao aumento da competição e à disseminação de mais tecnologia no mercado. Assim, com o crescimento do número de empresas que atuam no setor e o surgimento das fintechs, que transformaram o Brasil nos últimos anos, os grandes bancos se viram obrigados a investir em tecnologia e melhores serviços e produtos.

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Quem não se lembra de, há uns 5 anos, ter de pegar o carro, dirigir até a agência, pagar estacionamento, ser barrado 2-3 vezes na porta giratória, esperar 1 hora na fila em pé, falar com o gerente não tão bem-humorado, ter seu pedido negado por um motivo que não fazia o menor sentido e ainda ser convidado a investir em um título de capitalização que rendia pior que a poupança?

As fintechs trouxeram um novo patamar de serviço para o mercado e houve uma enorme tendência de transformação digital. Acompanhando esse cenário, o Banco Central lançou o programa que rege sua atuação e direcionamento para os próximos anos.

E o que significa na prática a Agenda BC#?

O Pix veio para ficar

O Pix é um sucesso sob diversas óticas: adoção por milhares de usuários, estabilidade e segurança do sistema, redução de custos e maior velocidade e eficiência no processamento de operações.

O que pouca gente sabe é que diversas novas funcionalidades, como o Saque Pix e o Pix Garantido estão sendo desenvolvidas pelo Banco Central e pela iniciativa privada e ainda este ano devem ser lançadas para o mercado.

Um dos focos da agenda evolutiva do Pix para 2022 será adicionar funções ao sistema de pagamento e impulsionar as transações P2B (entre pessoas e empresas), reduzindo a necessidade de uso de dinheiro em espécie para transações comerciais.

Em maio, começará a funcionar o Pix Cobrança, que permitirá que lojistas, varejistas e prestadores de serviços criem QR Codes impressos para receberem pagamentos

Com a nova funcionalidade, será permitido fazer cobranças com vencimentos em datas futuras, e será possível incluir o cálculo de juros, multas e descontos em pagamentos.

Para o segundo trimestre de 2021, está prevista a implementação do Saque Pix, que possibilitará ao usuário fazer transferência pelo sistema de pagamento instantâneo para um comércio e sacar a quantia em espécie em estabelecimentos cadastrados.

Também para este ano está previsto o Pix Garantido, que permitirá ao usuário fazer transações como se fossem compras parceladas.

Vem aí o novo mercado de recebíveis

A maior parte das empresas (indústria e varejo) no Brasil precisa adiantar parte ou todos os seus recebíveis para rodar sua operação. É um mercado de quase R$ 1 trilhão e com pouca tecnologia, padronização e competição.

Para trazer mais segurança e transparência ao mercado atual e futuro, o Banco Central criou a Infraestruturas do Mercado Financeiro, empresas de sistemas que precisam de autorização para operar e que desenvolverão tecnologia de ponta para que seja feito o registro e a escrituração de ativos financeiros, como do agronegócio, duplicata e recebíveis de cartões de crédito.

Ainda neste ano, entrará em vigor a Resolução nº 4.734, do Banco Central, que determina que os recebíveis provenientes de pagamentos com cartões de crédito devam ser cadastrados em uma câmara registradora e, posteriormente, os lojistas poderão escolher com quem querem fazer a antecipação.

Já em 2022, há expectativa de que seja obrigatório o registro de duplicatas, e as empresas autorizadas a operar e o Banco Central estão discutindo qual o melhor modelo a ser adotado no Brasil.

Esses são dois dos principais pilares da Agenda BC#. No próximo artigo, conto mais outros.

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Paulo David, colunista quinzenal do TecMundo, é fundador e CEO da Grafeno, fintech que oferece contas digitais e infraestrutura de registros eletrônicos para empresas e credores; e é sócio do SPC Brasil na construção de infraestrutura para o mercado financeiro. Antes da Grafeno, fundou a Biva, primeira plataforma de empréstimos peer-to-peer do Brasil, que foi adquirida pelo PagSeguro, empresa de meios de pagamentos. Foi superintendente do Sofisa Direto, a divisão digital do banco Sofisa. Atuou no time do Pinheiro Neto Advogados e na equipe da gestora de investimentos KPTL (ex-Inseed Investimentos). É investidor-anjo em fintechs no Brasil e na Europa.

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