'Flopados': Chefe de design da Microsoft comenta projetos que não vingaram

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Como todo mundo que acompanha tecnologia sabe, muitas das ideias das grandes companhias acabam se tornando apenas mais uma peça para o monte de cacarecos que não deu certo. É difícil aceitar o fracasso, mas é partir do que deu errado é que as gigantes costumam acertar posteriormente. John Friedman, chefe de Design do Office 365 na Microsoft, sabe bem disso e aproveitou o evento Build 2018 para comentar alguns projetos da empresa de Redmond que não vingaram nessas duas últimas décadas.

1. SPOT Watches (2004)

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Precursores dos atuais smartwatches, os SPOT vinham com rádio FM e um sistema de entrega de notificações ligada a operadoras, que distribuía notícias e outros dados, como clima — obviamente, de maneira bem mais limitada do atualmente.

“Estávamos à frente do nosso tempo, os telefones com Bluetooth ainda não estavam por aí e os smartphones não haviam decolado. Tivemos uma boa experiência, aprendemos muito. Diria que desistimos muito cedo, era um projeto paralelo que o Bill Gates adorava”, disse Friedman.

Os SPOT Watches até chamaram a atenção dos geeks mais hardcore da época, mas a falta de apelo comercial, as poucas funcionalidades e as raras atualizações transformaram o gadget em uma peça obsoleta em menos de quatro anos. Morreu em 2008.

2. Ultra Mobile PCs (2005)

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PCs compactos, parecidos com tablets, com tela sensível ao toque e sempre conectados. Hoje qualquer smartphone pode fazer isso, mas é preciso lembrar que nessa época nem mesmo os iPhones e iPads haviam sido lançados.

“Tivemos essa grande ideia, que era um dispositivo de 7 a 10 polegadas, super fino, instantâneo e sempre conectado, com touchscreens capacitivas e a US$ 400”, lembra Friedman. O problema é que, com o lançamento iminente do Windows Vista, a Microsoft quis usar os gadgets para testar seu então problemático sistema de reconhecimento de toque no display justamente com esses aparelhos.

Assim, as 300 pessoas e dois anos necessários para finalizar decentemente os Ultra Mobile PCs se tornaram 20 funcionários trabalhando no produto durante apenas seis meses. “(O Ultra Mobile PC) se tornou algo com touchscreen resistiva, super volumoso, com duas horas de bateria e vendido a US$ 1,2 mil. Projetei alguns dos piores softwares que rodam nele e você até pode rodar o Windows Vista.”

3. Microsoft Courier (2008)

microsoft courier

O aparelho era, basicamente, o que conhecemos hoje como um tablet, mas na forma dobrável de um livro, com duas telas multi-touchscreen de 7 polegadas. O gadget contava também contava com uma caneta para seleção de itens e vinha com uma câmera de 3 MP. Um dos problemas para o mercado é que ele era visto como um dispositivo para criação de conteúdo e não o consumo de informações. Além disso, faltava software para ampliar suas “habilidades”.

“O Courier vinha para criar uma ponte entre o mundo analógico e o digital. A razão pela qual ele foi descontinuado foi porque ele era apenas outro projeto paralelo. Era apenas outra coisa com que estávamos brincando. Não havia clareza no seu desenvolvimento ou na plataforma”, explica Friedman.

Inovador para a época, é considerado uma das maiores perdas entre esse projetos que floparam, especialmente com relação aos profissionais que foram dispensados depois de seu fim. Segundo relato de Friedman, o Courier e o Kin (que está logo abaixo) foram encerrados simultaneamente, o que acabou com uma comunidade e uma cultura dentro da empresa. “Foi um momento devastador para a minha carreira.”

4. Microsoft Kin (2010)

microsoft kin

Os telefones com teclado Kin nasceram para ser uma opção de conectividade entre jovens de 15 a 30 anos. Fabricado pela Sharp, o gadget era para ser uma opção física de rede social, turbinado pela participação da operadora Verizon.

A ideia do Kin também era interessante, especialmente no momento em que as mídias coletivas estavam explodindo. Contudo, nesse período a Microsoft se dedicava ao Windows Phone e a companhia se viu pressionada a escolher apenas a um dos aparelhos.

“Na verdade, (o Kin) foi bem legal, era o começo da computação em nuvem. Há muitas coisas maravilhosas sobre esse projeto, mas o Windows Phone estava ganhando terreno e nenhuma das duas frentes tinha uma estratégia clara. Depois de certo tempo, fez sentido nos dedicarmos apenas a uma plataforma. O Kin ficou no mercado durante seis semanas, acho que vendemos umas 8 mil unidades. Minha mãe comprou um, fiquei me sentindo mal com isso”, lamenta o executivo.

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Dá para notar que muitas dessas ideias foram e vêm sendo reutilizadas até hoje, seja pela própria Microsoft ou outras companhias — é só observar o que vem por aí na linha Surface ou outros gadgets e patentes por aí no mercado. A ideia de Friedman na apresentação do Build 2018 foi destacar a resiliência que os criadores precisam ter até que pelo menos um dos vários conceitos possa finalmente chegar ao mercado com sucesso.

E você, ficou “órfão” de algum desses projetos acima? Ou já foi “vítima” de um aparelho tinha tanto potencial mas flopou? Conta para a gente nos comentários!

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