Olha quem visitou o TecMundo: Fatal1ty, o maior campeão de games do mundo

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Os games são objeto de paixão e fonte de diversão. Eles fazem parte de nossos hobbies, e cada jogador tem a sua trajetória, a sua própria história, a sua própria nostalgia. Quando encaramos essa prática numa ótica mais “executiva”, a diversão não deixa de existir, mas ela se torna, digamos, mais “profissional”, movimentando zilhões em dinheiro.

Foi exatamente essa decisão que Johnathan Wendel, mais conhecido como Fatal1ty, tomou em sua vida: dedicar tempo integral aos games e, com eles, comprar o pão de cada dia. Para isso, o jogador abdicou de estudos, trabalho e quaisquer hobbies do tempo livre. Johnathan resolveu transformar a paixão em profissão e hoje, aos 33 anos de idade, tem empresa, marca consolidada e um nome que ecoa em campeonatos de games de qualquer natureza.

Em um tour no país para expansão da marca, Fatal1ty contou que está há cerca de seis semanas fora de casa, dos quais oito dias são do Brasil. O jogador estava em Fortaleza (onde foi recebido por fãs já no aeroporto) e, em passagem por São Paulo, fez a gentileza de dar um pulinho na filial paulistana da NZN – onde também foi muito bem recebido.

Como jogar profissionalmente: pare de balançar aquela perna ansiosa. A postura, a cadeira, tudo conta!

Nascido no estado de Missouri, nos EUA, o competidor vive hoje em Las Vegas e contou ao BJ um pouco de suas aventuras profissionais mundo afora. Johnathan disse que tudo – absolutamente tudo – faz diferença: cadeira, forma de sentar, ajuste da altura do monitor, mouse pad, configuração do teclado, estabilidade para segurar joystick e até mesmo alimentação interferem no desempenho de jogatina. Cruzar as pernas embaixo enquanto você está sentado, por exemplo, dá mais estabilidade. Veja o próprio gamer na foto adiante, tirada em nossa redação. E esqueça a cadeira giratória, que pode induzir a movimentos errados no jogo.

“Afinal de contas”, define Fatal1ty, “a prática não deixa de ser um esporte e, portanto, você precisa estar disposto até o fim”. Portanto, pode esquecer aquele conceito de que vida sedentária se reflete em boa performance nos games – e ah, o cara usa mira invertida.

Sedentarismo? Esqueça: você vai cansar rapidinho se quiser competir

Não é porque um esporte é “virtual” que ele deixa de exigir praticamente os mesmos quesitos que outras modalidades. Johnathan classificou a tese de forma sucinta e disse que adora futebol. Em uma competição, você precisa do esforço, do raciocínio. Se você é um cara que faz exercícios físicos regularmente, garanto: dá para aguentar até o final sem ofegar”, explicou o jogador, que exemplificou o feito com seu desempenho na QuakeCon de 2004, em que conquistou o primeiro lugar em Doom 3 e levou a bagatela de US$ 40 mil para casa.

Johnathan disse que, ao final, os adversários estavam “nitidamente cansados” e que, consequentemente, o raciocínio por técnicas mais aguçadas ou estratégias mais pensadas fica em xeque. “Fiquei com a mesma disposição do começo ao fim. Controle da respiração, movimentos físicos, tudo. Jogo sempre do mesmo jeito, sem me alterar”, contou.

A marca Fatal1ty hoje estampa mouse pads, fontes de energia, placas de som, headsets e até mesmo placas-mãe. Como um “jogador executivo”, o foco de Fatal1ty é agora consagrar sua marca, aumentar a base de seguidores nas redes sociais e ministrar transmissões em streaming para ajudar a comunidade a ter melhores desempenhos em jogatinas – especialmente aquelas de caráter multiplayer.

Essas e outras histórias impressionantes foram contadas pelo jogador na entrevista exclusiva que o BJ fez com a visita de Fatal1ty ao nosso escritório de São Paulo. Confira!

Obrigado por conversar conosco, Johnathan. Bem, primeiramente, a pergunta clássica: de onde surgiu o nick Fatal1ty?

Eu era muito fã de Mortal Kombat na infância, quando tinha 11 anos, antes do boom da internet. Fiquei fissurado pelos fatalities, sem dúvida. Eu gostava de acabar com meus adversários do jeito mais louco possível, e adotei essa filosofia para qualquer jogatina: aplicar fatalities nos outros.

Então, em toda a minha vida como jogador profissional, eu gosto de aniquilar os outros competidores, fazer com que eles pensem: “com esse cara não dá”. Eu sempre tento encontrar esse jeito especial de matar os outros. Achei que ninguém usasse esse nome [Fatal1ty] e pensei que seria legal ter um nome único assim. Precisaria ser um nome matador, e encontrei.

Você tem uma bela bagagem e já ganhou aproximadamente US$ 500 mil em dinheiro e premiações de torneios internacionais. Então, vamos ao básico: como e quando você começou sua vida de jogador de video games? Quais foram os seus primeiros jogos?

Flight Simulator foi um dos meus primeiros, foi o grande título que me prendeu por muito tempo. E eu sou o cara que usa mira invertida, sempre inverto tudo, e por causa do Flight Simulator. Depois vieram Quake, Doom, Painkiller, Duke Nukem, Serious Sam. Migrei para os shooters.

Mas eu percebi que me atraía por games com espírito competitivo, e jogar contra a máquina nunca é a mesma coisa. Eu não sentia essa vontade. Todos jogam contra o computador! Queria disputar com jogadores reais, pessoas de verdade. Só assim é divertido pregar peças neles, elaborar uma estratégia legal, impressioná-los.

Basicamente, como é a sua rotina de games? Quantas horas você gasta por dia jogando e quando você decidiu transformar isso em algo mais, digamos, profissional? Atualmente, você investe quanto tempo por dia?

Na adolescência, eu jogava à noite, após os horários escolares. Sempre pratiquei esportes de forma competitiva: hóquei, baseball, tênis. Adoro competição.

O período noturno foi o tempo que encontrei para continuar essa competição nos jogos online. Eu jogava cerca de duas a quatro horas por dia, dependendo do que acontecesse, é claro. Escola, trabalho e tudo mais.

Quando me formei e fiz 18 anos, meus amigos falavam que eu era muito bom. Um deles, Eric, disse que estava havendo um campeonato no Texas e que iriam premiar o vencedor com US$ 10 mil. Então eu me arrisquei, foi o meu primeiro.

Conquistei [o prêmio], e aí começou tudo: viagens pelo mundo, patrocínio, a vida em torneios. Percebi que meu nome passou a rodar as comunidades, que estava famoso, que as pessoas me reconheciam. Pensei que era hora de criar uma companhia com o meu selo [Fatal1ty] para mostrar aos jogadores produtos concebidos especificamente para gamers.

Então, surgiu a Fatal1ty Gaming Gear, e a primeira linha de mouse pads rendeu rapidamente US$ 50 mil. O negócio começou a crescer e, agora, todo o meu foco está na consolidação da marca. Hoje, temos placas-mãe, fontes, headsets. Estávamos em Fortaleza divulgando os acessórios, e fiquei impressionado com a recepção das pessoas.

Vimos que você conquistou um total de 12 títulos mundiais em campeonatos na sua carreira, especialmente em jogos deathmatch um contra um, incluindo Quake 3 Arena, Unreal Tournament 2003 e Painkiller. Tipo, caramba! Isso significa muita coisa. Você já competiu com brasileiros? Se sim, o que achou da experiência?

Já competi sim, em partidas de dois contra um. São jogadores muito bons. Já disputei com eles na QuakeCon, lá nos EUA, e em outras ocasiões. Minha experiência com eles foi legal, há muito talento saindo do Brasil. As partidas em Counter-Strike foram bem suadas.

Falando nos jogadores brasileiros, há um negócio aqui no Brasil chamado HUE HUE BR, com algumas variações de nome. Você conhece? É o tipo de jogador que só quer alastrar a zoeira, ver o circo pegando fogo. O que você acha desse perfil, de um modo geral?

Acho que isso ocorre em todo lugar, mas devo dizer: os brasileiros definitivamente têm essa característica. Aí é simples: quando acontece comigo, não hesito em banir. Acontece o tempo todo, é natural na jogatina online.

Quando as pessoas me veem nas partidas, eu sou sempre o alvo principal. Então, é complicado, mas consigo me divertir e ao mesmo tempo competir. Faz parte da rotina.

Você apareceu na televisão também, por exemplo, na série True Life, da MTV, em 2003. Em algum momento, você imaginou que poderia alcançar esse status, eu digo, aparecer em outras mídias?

Tenho lidado com a mídia há muito tempo, desde que comecei a jogar profissionalmente. E sim, a série True Life, devo reconhecer, me lançou para o mundo. Mudou a minha vida, me projetou.

Ter tido essa chance na MTV, de falar como são os jogos, como as competições funcionam e como as pessoas podem ver games como um esporte, foi incrível. Aquilo definitivamente me alavancou mais do que eu imaginava, foi incrível. Sou muito grato à MTV por isso. Ela ajudou a consolidar o meu negócio, projetar minha imagem, minha visão de mundo.

Podemos seguramente assumir que seu gênero favorito é o FPS. E quanto a outros estilos? Que games você está jogando agora, por exemplo, e em quais plataformas?

Nos consoles, joguei muito o [Call of Duty] Modern Warfare 2, e fiz isso para mostrar às pessoas que consigo lidar também com a diversidade, que consigo ter bom desempenho em outras plataformas [além do PC].

Eu sei como ganhar, é nisso que sou bom. Joguei também muita coisa em tablets. Consegui um recorde mundial em Flick Golf, por exemplo. Competição! É assim que funciono. Joguei por mais de quatro dias quase que sem parar só para conquistar a marca.

Recentemente, tenho ficado em Titanfall, Battlefield 4... Estou fora de casa há seis semanas por causa dos negócios. Tenho jogado também Hearthstone, e que viciante. Uso muito o tablet, tenho clãs em jogos mobile.

E tem algum segredo, alguma fórmula especial para o talento?

Acho que tudo pode fazer diferença. Percorrer pelo mapa de costas, por exemplo, é essencial. Se você consegue fazer isso, é porque é um bom jogador. Ao fugir de alguém que está te atirando, você não vai querer dar as costas para ele. Por isso, andar de costas é um detalhe sutil, mas crucial.

Pratique isso de vez em quando. Você vai notar que faz diferença. Há também a postura: pernas cruzadas dessa forma [embaixo da mesa] dão mais estabilidade. Mouse pad, teclado, mouse, posição do monitor, alimentação, exercícios físicos, tudo isso pesa e vai interferir de alguma forma.

Graças às suas conquistas, você formou inúmeras parcerias, criou produtos e, atualmente, é praticamente uma empresa. A marca Fatal1ty está bem inserida no mercado?

Ah sim, a empresa em si sempre foi minha. É como a Nike: ela faz tênis muito bem, a Fatal1ty tenta fazer acessórios para gamers muito bem. Firmamos parcerias para tentar alcançar todos os jogadores.

Os produtos são específicos para gamers. Tentamos entregar um design legal também. Os últimos modelos de placa-mãe estão bem legais, investimos bastante nisso e a resposta tem sido, sim, muito positiva. É o que busco agora: consagrar a marca, distribuí-la nos canais certos. Existe um fluxo em escala mundial, e há também as royalties. Se um headset for vendido agora, cai dinheiro na minha conta. Enquanto estou dormindo isso acontece, a todo momento as coisas estão saindo.

Você estabeleceu uma importante marca que foi parar no Guinness em 2009. Lá na Conferência de Copenhagem da CEC, você simplesmente conseguiu um frag de 672 em 60 minutos enquanto disputava contra cinco competidores alternados! Você estava possuído por um espírito ou coisa do tipo?

Meu pai me deu muita inspiração. Ele sempre disse a mim: “quando você está treinando, alguém está treinando mais que você”. Eu quis ter certeza de que não haveria esse outro alguém. E esse é meu dilema: prática, prática e prática.

Tecnicamente, fiquei tranquilo até o fim dessa disputa que você mencionou. É por isso que exercícios físicos fazem diferença. Você fica disposto até o final, não se altera.

Bem, Johnathan, obrigado por seu tempo conosco. Alguma mensagem especial aos milhares de fãs brasileiros que desejam ser como você?

Jogue o máximo de torneios online que você conseguir. Entre nos campeonatos, encontre aqueles locais. Vários rolam no Brasil, comece por aí. Cuide da postura, faça exercícios, coisas que incentivem a concentração. Dessa forma, você aprende a lidar com o nervosismo, a controlar suas emoções. E fica o meu lema: prática, prática e prática. Obrigado!

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Via Baixaki Jogos

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