Análise AMPKit x iRig

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Muito se fala em como os smartphones e gadgets móveis estão revolucionando a vida de todos em qualquer parte do mundo, e o primeiro pensamento que vem à cabeçasempre tem a ver com internet, redes sociais e conectividade com o mundo.

Além disso, algumas empresas estão buscando outras funções e apresentando ferramentas capazes de criar as mais variadas utilidades, transcendendo a função primária dos aparelhos. Pois para você que curte tocar guitarra, saiba que existem dispositivos capazes de transformar o seu iPhone em uma pedaleira cheia de efeitos.

Como?

Apesar de parecer algo extremamente complicado, o processo é mais simples do que você imagina. O gadget é, na verdade, um adaptador, que processa o sinal da guitarra por meio da entrada de microfone e passa para o fone de ouvido o áudio já alterado, tudo em tempo real.

Hoje existem dois dispositivos à venda no mercado: o Ampkit Link, desenvolvido pela Peavey (famosa principalmente por seus amplificadores) junto da Agile Partners; e o iRig, da IK Multimidia. O segundo, inclusive, buscou recentemente uma parceria com a Fender e lançou outra versão de seu aplicativo.

Os adaptadores em si

Antes de entrar a fundo no funcionamento dos dois dispositivos, vamos analisar calmamente design, construção, acabamentos, enfim, como eles são "por fora".

iRig

iRig

O iRig é mais compacto e discreto; quando está em uso, conectado ao iPhone, ele chega a parecer uma extensão do cabo da sua guitarra – principalmente devido ao seu design "roliço". Tanto o cabo da guitarracomo o dos fones de ouvido -se de maneira sólida, sem folgas nem frouxidão.

A sua atuação é direta: funcionar como um adaptador, sem realizar quaisquer modificações no que diz respeito ao sinal entre guitarra e iPhone.

AmpKit LiNK:

AmpKit LiNK

Já o AmpKit LiNK apresenta um desenho diferente: o aparelho é um pouco maior que o seu adversário e o seu formato é retangular. Ele também contradiz o iRig em relação à solidez das conexões, pois aqui os contatos passam a impressão de existir uma certa folga no interior do dispositivo.

Quanto as suas dimensões serem maiores, isso se deve ao fato de que o AmpKit LiNK trabalha também com compensação de sinal, alimentada por duas pilhas palito (AAA).

Esse ponto é extremamente positivo a seu favor, uma vez que esse recurso melhora significativamente a comunicação entre a guitarra e o aplicativo usado para aplicar os efeitos desejados, evitando a propagação de ruídos e o feedback.

Especificações técnicas

Os dois aparelhos apresentam especificações muito parecidas, tanto em conexões como em compatibilidade. Como diferença, o fato de que o AmpKit LiNK conta com a ferramenta de diminuição de feedback e, consequentemente, necessita de duas pilhas para funcionar.

iRig

  • Compatível com iPhone, iPad e iPod Touch;
  • Conexão através de um plug P2 (3,5 mm);
  • Entrada P10 (padrão de cabos de guitarra; 6,35 mm);
  • Entrada P2 (3,5 mm) para fones de ouvidoou amplificador;
  • Preço sugerido: US$ 39,99.

AmpKit LiNK

  • Compatível com iPhone, iPad e iPod Touch;
  • Conexão através de um plug P2 (3,5 mm);
  • Entrada P10 (padrão de cabos de guitarra; 6,35 mm);
  • Entrada P2 (3,5 mm) para fones de ouvido ou amplificador;
  • Preço sugerido: US$ 39,99;
  • Trabalha com a maioria dos aplicativos para guitarra disponíveis para o iPhone;
  • Alimentado por duas pilhas palito (AAA).

Os dispositivos e seus respectivos programas

Os dois gadgets contam com aplicativos específicos para sua utilização, sendo o AmpKit para o AmpKit LiNK e AmpliTube; e AmpliTube Fender (lançado recentemente, após formalização de uma parceria) para o iRig. Ambos apresentam um ponto muito negativo em comum: não disponibilizam, para quem compra os dispositivos, licenças para que o usuário trabalhe com os programas na versão completa; para isso, você deve comprá-los separadamente.

AmpliTube (iRig)

AmpliTube e iRig

Este programa é voltado para trabalhar como uma pedaleira virtual, adicionando efeitos ao som da guitarra. Para testar o iRig, utilizamos o aplicativo AmpliTube em sua versão gratuita (a paga custa US$ 19,99). A diferença entre essas duas se dá, basicamente, pelo número de efeitos e ferramentas disponíveis.

A interface do software é composta por uma barra superior principal com as seções do programa e, embaixo, alguns botões para acessar outras ferramentas que também serão usadas.

O aplicativo conta com possibilidades de configuração para três pedais, além de um amplificador principal, com controles como ganho, reverberação ou agudos. No botão “Preset” (na parte inferior da tela), algumas opções de efeitos, que podem deixar o som mais “sujo” ou mais “limpo”.

AmpliTube - Interface

Também estão presentes ferramentas para gravação e playback, sendo possível importar músicas para que o usuário toque junto de suas bandas preferidas.

Em “Tools”, o AmpliTube traz ferramentas muito úteis durante o seu uso: afinador, metrônomo com velocidade configurável e exemplos e trechos de áudio para que você toque junto (“Audio Demo”).

Apesar de apresentar certa organização, o fato é que falta agilidade no seu uso. Configurar as opções leva tempo, bem como a navegação dentro do aplicativo, pois algumas ferramentas ficam “longe” de outras e você precisa parar o que está fazendo para procurá-las. Esse ponto negativo é amenizado somente quando o programa é usado no iPad, que conta com uma interface maior.

Testando

A combinação dos dois ocupou certo tempo durante os testes dos dispositivos. Como citado anteriormente, suas configurações são um pouco mais complicadas e levou tempo até que pudéssemos nos ambientar às suas ferramentas.

Os efeitos são um pouco limitados (pelo menos na versão gratuita) e, com isso, muitas vezes os testes pareciam referir-se ao mesmo “preset”. A qualidade sonora em geral ficou boa, todavia, houve graves ocorrências de feedback durante os testes de alguns efeitos, tornando muitas vezes as notas praticamente indistinguíveis.

Tocando com o iRig

Mesmo buscando configurar os efeitos e utilizando as ferramentas de controle presentes no aplicativo, o problema persistiu, ainda que de maneira atenuada e dependendo da distorção escolhida.

A ferramenta de playback, apesar de não oferecer “bases” simples, apresenta a ferramenta de importação e opções para determinar a velocidade da canção quando está em execução. Também é possível definir trechos para que se repitam – muito interessante para quem está praticando uma música e precisa “pegar” uma parte mais complicada.

AmpKit  (AmpKit LiNK)

AmpKit LiNK com o AmpKit

Ao contrário do que foi feito com o seu concorrente, este aplicativo teve as suas versões gratuita e paga (US$ 19,99) testadas.

O AmpKit é mais direto, ou seja, sua interface apresenta basicamente as configurações criadas para que você toque sua guitarra com o efeito desejado. Sempre que clicar em “New setup”, você pode criar uma nova combinação de caixas com pedaleiras, escolhendo quais deseja “casar” para criar um novo set.

As opções incluem boa parte do catálogo de amplificadores da Peavey, algo muito interessante uma vez que ele é capaz de reproduzir fielmente o som desses dispositivos.

O aplicativo também apresenta funções de gravação e de playback com importação de músicas, entretanto aqui não existe nenhum tipo de ferramenta para “loop” ou controle de velocidade.

AmpKit - Interface

Na versão gratuita, estão presentes poucas opções, que incluem apenas um amplificador e dois pedais, o que limita bastante a utilização desta versão.

Testando

Com o AmpKit  e o AmpKit LiNK a utilização foi mais direta. A escolha dos efeitos pode ser feita de maneira bastante rápida e não foram necessárias grandes configurações nos amplificadores – mesmo que essas sejam possíveis.

A ferramenta para eliminação de feedback do AmpKit LiNK funciona muito bem, deixando o som mais claro e sem “embolar” uma nota à outra quando você está tocando. Isso exerce influência em toda a usabilidade, uma vez que torna todos os efeitos mais nítidos, melhorando a qualidade sonora.

Tocando com o AmpKit LiNK

Tocar lançando mão dos playbacks é muito divertido, pois você pode tanto tocar com as músicas que quiser importar como lançar mão das “bases” disponíveis no próprio aplicativo do AmpKit LiNK.

Usando um no programa do outro

Para conhecer e melhor comparar o desempenho dos dois dispositivos, decidimos testar um aparelho no programa do outro, realizando uma espécie de "teste cruzado". Utilizá-los juntos foi fácil, pois não houve nenhum tipo de incompatibilidade.

Com o iRig conectado, o AmpKit funcionou normalmente. A qualidade de som sofreu uma sensível diferença, pois, novamente, quem fez falta foi o circuito de melhora do sinal presente no aparelho da Peavey.

Já com o AmpKit LiNK utilizando o AmpliTube, o resultado foi inverso, com um som mais claro e menos embolado. Apesar disso, o segundo programa apresentou-se um pouco inferior em qualidade sonora quando testado em ambos os dispositivos.

Veredito

A diferença é bastante sútil, tanto com relação aos dispositivos como no que diz respeito aos seus aplicativos, mas o melhor aparelho é o AmpKit LiNK. Como fator crucial para a sua vitória, citamos a ferramenta de diminuição de feedback e, consequentemente, um som melhor e mais limpo.

Ainda que o iRig apresente uma melhor solidez nas conexões, o principal diferencial em um aparelho relacionado a áudio é a qualidade sonora. Nisso, o AmpKit LiNK venceu, principalmente depois que foi utilizado nos dois programas.

AmpKit LiNK - o vencedor

O aplicativo AmpKit também mostrou-se mais amigável e fácil de ser utilizado, mesmo sendo um pouco menos avançado no que diz respeito à personalização e à configuração do som. Isso não quer dizer que ele seja inferior, muito pelo contrário, ele apresenta ferramentas suficientes para que se tire bom proveito do aparelho.

E vale a pena ter um destes?

Sim, se você não se importar em gastar um bocado (US$ 39,99 no dispositivo escolhido, mais US$ 19,99 na licença para uso do aplicativo completo). Somamos na conta o preço do software, uma vez que não compensaria o investimento no gadget sem contar com as ferramentas adequadas para tirar dele o melhor proveito possível.

Tocando

O uso de qualquer um dos dois é quase que totalmente restrito à pratica, já que nenhum dos dois conta com um footswitch (pedal que acompanha alguns amplificadores para que se ligue ou desligue distorções) ou equipamento parecido e isso dificulta o seu uso mais profissional ou em estúdios e ensaios.

A portabilidade dos aparelhos é o grande chamariz, pois eles cabem em qualquer bolsa ou capa de guitarra e é possível levá-los a qualquer lugar.

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