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Ex-funcionário da Google revela como nasceu o conceito 'bem-estar digital'

Companhia se engaja em campanha para diminuir o tempo que ficamos conectados aos smartphones

schedule11/05/2018, às 13:39

Ex-funcionário da Google revela como nasceu o conceito 'bem-estar digital'Fonte: Google

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Um dos termos recorrentes nesta semana, durante o evento para desenvolvedores da Google, o I/O 2018, foi o “bem-estar digital”, conceito apresentado junto do Android P e que visa diminuir o vício que os usuários têm de ficar constantemente conectados e de olho nas telinhas dos smartphones. Ainda que tenha sido apresentado como uma novidade, incluindo ferramentas para diminuir a distração com os dispositivos móveis, o projeto vem sendo desenvolvido há algum tempo, mais precisamente cinco anos.

Em fevereiro de 2013, o então gerente de produtos Tristan Harris apresentou um slide com o título “Uma chamada para minimizar a distração e respeitar a atenção dos usuários”. “Mudanças como essa só podem acontecer de cima para baixo, a partir de grandes instituições que definem os padrões para milhões de pessoas. Estamos em uma ótima posição para fazer algo sobre tudo isso”, disse na época.

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Google androidUm dos slides apresentados por Harris em 2013

Entre as propostas para redução do uso dos telefones estavam ideias para diminuir a frequência de interrupções, reunir notificações em lote em um resumo e um processo de verificação para incentivar as pessoas a usá-los menos. Tudo isso acabou sendo traduzido para o Android P, como no caso do Dashboard, uma ferramenta que contabiliza o tempo gasto com o aparelho ligado e quais os softwares são mais utilizados — com a possibilidade de programar um limite de consumo para os aplicativos.

Facebook “atrasou” a apresentação do projeto

Na terça-feira (08), Harris celebrou bastante o anúncio do conceito junto do Android P. “Esses são os primeiros passos para um movimento humano na tecnologia. É um longo caminho para ajustar tudo isso, mas o mais importante é comemorar o fato de que a Google realmente está fazendo isso”, disse. Mas fica a pergunta: por que foram cinco anos desde a ideia original e o anúncio somente agora, já que nenhuma das novidades apresentadas podem ser consideradas tecnicamente difíceis de serem implementadas?

Isso vai colocar pressão sobre todas as companhias, para que elas sigam o mesmo caminho, diz ex-funcionário do Facebook, ao elogiar a atitude da Google

Bem, na época que Harris apresentou os slides internamente na companhia, a coisa toda não pegou muito bem. Era um período em que a companhia investia na sua rede social Google+ e incentivar os usuários a se desconectarem não foi bem visto pelos executivos do alto escalão — que viam isso como prejudicial na concorrência com o Facebook. Em 2016, ele deixou a companhia e fundou o Centro para Tecnologia Humana, uma organização dedicada à se opor ao que eles chamam de “corrida para monetização da atenção”.

Como a Gigante das Buscas desistiu de concorrer com o Facebook por redes sociais e atualmente há mais preocupação com o assunto que Harris tanto insistia, a empresa viu então um momento mais propício para implementar essas ideias. Aliás, até mesmo um ex-funcionário do grupo de Mark Zuckerberg e agora membro do Centro para Tecnologia Humana, Sandy Parakilas, espera que sua ex-firma siga o exemplo. “Isso vai colocar pressão sobre todas as companhias, para que elas sigam o mesmo caminho. A Google precisa ser elogiada por ser a primeira.”

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Ainda é cedo para dizer se a moda pega e se isso se tornará uma onda de conscientização entre as gigantes do setor. Contudo, os questionamentos de Harris continuam sendo relevantes, já que a cada dia vemos mais problemas de déficit de atenção e pessoas constantemente coladas com a cara no celular.

“Até o agora, a atitude da indústria de tecnologia tem sido ‘Você tem um problema? É sua responsabilidade usá-lo de maneira diferente’. É nossa responsabilidade projetar a tecnologia de uma forma que se preocupa com as pessoas primeiro. Se os problemas são notícias falsas, saúde mental, solidão ou dependência, o momento mostra que a maré está mudando", diz Harris.