Visitamos o escritório da gigante chinesa que quer competir com o Google

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Imagem: TecMundo

Ainda que a Baidu venha marcando presença oficial no nosso país desde novembro de 2013, o primeiro escritório da empresa, na capital paulistana, só ficou pronto há alguns dias. No entanto, a demora permitiu que a companhia montasse instalações high-tech, que reúnem algumas das tecnologias de ponta comercializadas por ela na China.

Na última quarta-feira (9), o TecMundo foi convidado para visitar o novo escritório, onde fomos recebidos pelo diretor-geral da gigante chinesa no Brasil, Yan Di. Além de guiar um tour pelas salas e recursos do local, o executivo também falou um pouco sobre os produtos da Baidu e seus planos para o mercado brasileiro – que incluem promessas de aquisições.

Funcionários do Baidu no escritório

“Tentamos colocar em nosso escritório um pouco das inovações oferecidas e desenvolvidas pelo Baidu. Assim, nossos funcionários se familiarizam com um dos objetivos da empresa, que é disponibilizar tecnologia de ponta para a rotina das pessoas”, afirma Yan Di. No momento, a sede brasileira da companhia é formada por uma equipe de 17 pessoas.

A toca do coelho... chinês

Logo na porta já nos deparamos com uma campainha capaz de emitir alertas por meio de um aplicativo para celulares toda vez que alguém a tocar – não importa onde o dono casa esteja, ele sempre vai saber quem tentou visitá-lo. O aparelho complementa as câmeras WiFi espalhadas pelo escritório, que são integradas à nuvem do Baidu e contam com os 2 TB de armazenamento gratuito que a empresa oferece para os usuários de seus serviços na China.

Outro recurso ligado à nuvem é o termostato do ar-condicionado, que pode ser controlado por meio de um app para que a temperatura já esteja no nível desejado quando os funcionários chegarem para trabalhar. Há ainda uma balança que sincroniza dados de saúde de cada um (como peso e percentual de gordura), enviando essas informações de forma privativa para cada um, assim como um copo que monitora o volume de líquidos bebidos.

O escritório conta com um aspirador-robô para limpeza, controle de luzes coloridas por meio de aplicativos e um lounge com um Xbox One para partidas de jogos (e que também é usado para videoconferências por meio do Kinect). Por fim, há até uma salinha com acústica isolada pra que os funcionários possam falar nos seus celulares sem se preocuparem com o barulho – que parece uma cabine de teletransporte, diga-se de passagem.

Relações diplomáticas

O evento de inauguração do escritório contou com a presença de representantes de entidades reguladoras da internet brasileira e até do consulado chinês. Segundo eles, a vinda de uma empresa chinesa de peso como a Baidu para o Brasil é algo bastante importante, especialmente levando-se em conta os 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

Yan Di (esquerda) e representante do consulado da China (direita)

Após sua chegada no país, a companhia firmou um acordo com o governo para a realização de investimentos em startups, contratação de estudantes brasileiros no território chinês e criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento no território tupiniquim, similar aos que a empresa tem em Cingapura, Japão, Estados Unidos e China. Atualmente, a gigante chinesa está estudando os melhores locais para o estabelecimento do centro.

“A vinda do Baidu e a parceria com o governo é algo muito bem-vindo para todos. É preciso sair do eixo EUA-Europa, e a presença da China é algo importante para isso”, pontuou Henrique Faulhaber, representante do Comitê Gestor da Internet.

Má fama

De acordo com o diretor-geral da Baidu no Brasil, Yan Di, a empresa já possui uma base com 50 milhões de usuários no território brasileiro. Embora a adoção de práticas como o uso de instaladores para distribuir seus produtos seja algo mal visto pelo público em geral, o executivo afirma que não há a necessidade de “limpar a barra” com os consumidores, mas sim de informá-los sobre a qualidade do que a empresa oferece.

Além disso, ele ressalta que o sistema de opt-in é algo adotado pelas companhias do ramo de softwares desde quando os computadores se tornaram populares. “Há muitos navegadores, conversores, reprodutores de vídeo e outros softwares antigos que são programados para alterar preferências e instalar programas e complementos, a menos que o usuário escolha não fazer isso. Essa prática sempre existiu”, conclui.

Fórmula do sucesso

O principal produto da empresa chinesa, o buscador Baidu, recebeu uma versão localizada para o português brasileiro em julho deste ano, e agora deve competir com a dominação do Google, que detém 95% do mercado nacional. Seguindo a estratégia agressiva de crescimento adota pela companhia, Yan Di adiantou que há planos para a aquisição de uma grande empresa da internet do Brasil, mas disse não poder revelar mais detalhes por enquanto.

Para conquistar o público, o executivo afirma que é preciso mostrar que há novas formas de fazer buscas na web, mais inovadoras, e ressalta que o diferencial do Baidu é conectar os usuários aos serviços desejados e fornecer conteúdo abrangente já na primeira página. Procurar por determinada banda, por exemplo, oferece de cara uma minibiografia, listas de discos, maiores sucessos, vídeos embedados e mais informações – além de links para sites.

Ao mesmo tempo, Yan Di afirma que a empresa está atenta às necessidades e desejos dos brasileiros, atitude que ele acredita ter faltado aos antigos concorrentes do Google no país, levando-os ao fracasso. Segundo ele, a presença de competição no mercado é algo que será benéfico tanto para empresas anunciantes quanto para o público, pois dará origem a produtos melhores, anúncios mais rentáveis e mais inovação.

Recursos próprios

Após apresentar o escritório, Yan Di demonstrou alguns recursos oferecidos pelo buscador Baidu, como o compartilhamento de imagens diretamente da página de resultados e a visualização de vídeos na própria lista de pesquisa. Além disso, o serviço de pesquisa fornece de links diretos para baixar programas a partir de seus sites oficiais e de outros provedores de downloads, compara preços de produtos procurados e até oferece mapas de linhas de metrô.

Junto a isso, a empresa também possui o Postbar, uma espécie de fórum aberto atrelado aos termos usados pelo público nas buscas do Baidu. Ao pesquisar sobre um assunto em particular, os usuários podem clicar no botão do serviço para ver tudo o que as outras pessoas estão discutindo sobre aquele assunto, ou então começar um debate por conta própria.

Deixando preconceitos de lado, você acha que o Baidu tem chances de enfrentar a dominação do Google e se tornar um competidor de peso? Clique aqui para experimentar o buscador (sem necessidade de instalar nada) e deixe sua opinião nos comentários.

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