OKCupid boicota Firefox por postura antigay do CEO Brendan Eich

3 min de leitura
Imagem de: OKCupid boicota Firefox por postura antigay do CEO Brendan Eich

Quem acessa a OKCupid a partir do Firefox deve ter tido uma bela surpresa. Isso porque a rede de relacionamentos organizou uma espécie de boicote à Mozilla, por conta da alegada oposição do CEO Brendan Eich ao casamento homossexual. Dessa forma, logo na página inicial qualquer usuário do navegador será convidado a utilizar outros softwares, como o Internet Explorer, o Opera ou o Google Chrome.

Confira o texto na íntegra:

“Olá, usuário do Mozilla Firefox. Perdão por esta interrupção da sua experiência com o OkCupid. O novo CEO da Mozilla, Brendan Eich, é um opositor dos direitos iguais para casais gays. Nós preferiríamos que nossos usuários não utilizassem softwares da Mozilla para acessar o OKCupid.

Políticas normalmente não são o negócio de um website, e todos nós sabemos que há muito mais coisas erradas no mundo do que um CEO equivocado. Dessa forma, você pode estar se perguntando por que nós estamos colocando esta declaração hoje. Eis o porquê: nós devotamos os últimos dez anos a reunir as pessoas — todas as pessoas.

Se indivíduos como o Sr. Eich tiverem alcance, então aproximadamente 8% dos relacionamentos em que nós trabalhamos duro para favorecer se tornarão ilegais. Igualdade para relacionamentos gays é algo particularmente importante para muitos de nós na OKCupid — mas é profissionalmente importante para toda a companhia.

A OKCupid trata de promover o amor. Aqueles que buscam negar o amor para, em vez disso, reforçar a miséria, a vergonha e a frustração são nossos inimigos, e nós não desejamos a eles nada além do fracasso.”

(Fonte da imagem: Reprodução/OKCupid)

Ao final, entretanto, quem estiver utilizando o Firefox ainda terá a possibilidade de seguir com o navegador para dentro do site — de forma que se trata mais de desencorajar do que de boicotar, convenhamos. De qualquer forma, trata-se de uma medida que, de certa forma, “aliena” uma porção considerável de usuários do serviço, considerando-se que o Firefox acumula atualmente mais de meio bilhão de usuários mundo afora.

O que diz a Mozilla?

Conforme você já deve ter lido aqui, o referido embate político/ideológico teve início quando se divulgou que o CEO recém-empossado da Mozilla, Brendan Eich, doou US$ 1 mil à campanha pela Proposition 8, a qual modificou as leis de matrimônio em 2008 — apenas reconhecendo como casamento a união entre um homem e uma mulher. Não obstante, vale notar que o posicionamento de Eich não necessariamente se reflete no da sua corporação.

“A missão da Mozilla é tornar a Web mais aberta, a fim de que a humanidade se fortaleça, tornando-se mais inclusiva e mais justa”, disse um informe oficial da companhia. “É por isso que a Mozilla apoia a igualdade para todos, incluindo a igualdade matrimonial para casais LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, na sigla em inglês].”

O texto continua: “Não importa quem você seja ou quem você ame, todos merecem ser tratados igualmente e ter os mesmos direitos”. Ademais, em email enviado ao site Gizmodo, a companhia afirmou ainda que “a OKCupid jamais entrou em contato conosco acerca de suas intenções, nem mesmo para confirmar os fatos”.

O que diz Brendan Eich?

Antes mesmo de a Mozilla se manifestar oficialmente, seu controverso CEO, Brandan Eich, já havia optado por uma saída política. Em seu blog pessoal, Eich reconheceu as preocupações relacionadas às suas iniciativas em promover a igualdade — embora acredite que as dúvidas “devam desaparecer” apenas com “ações e resultados”.

(Fonte da imagem: Reprodução/TechWeekEurope)

Eich afirma ainda ser compromissado com a missão de igualdade presente nas ações da Mozilla, garantindo que pretende “trabalhar com a comunidade LGBT”, a fim de ouvir e aprender “o que faz e o que não faz da Mozilla uma empresa solidária e acolhedora”.

“Estou empenhado em garantir que a Mozilla é, e continuará sendo, um lugar que inclui e apoia todos, independentemente da orientação sexual, identidade de gênero, idade, raça, etnia, condição econômica ou religião”, disse o CEO, reerguendo a bandeira pelos que “se sentem excluídos” ou “que tenham sido marginalizados de alguma maneira”.

Até o momento, OKCupid não se manifestou sobre a possibilidade de remover o boicote contra o Firefox.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.