Por que, afinal, a fonte “Wingdings” existe?

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Imagem: Wikimedia Commons

Você alguma vez já percebeu que no Word — ou no processador de texto que você tem no computador — existe uma fonte chamada “Wingdings” composta unicamente por símbolos? E você já se perguntou o motivo de, afinal, alguém ter se dado ao trabalho de criar algo assim? Afinal, você já digitou ou conhece alguém que tenha feito algum texto usando ícones no lugar de letras?

Entretanto, de acordo com Phil Edwards, do portal Vox, a Wingdings é muito mais do que uma simples coleção de setas, emoticons, formas geométricas e símbolos do zodíaco. Logo que ela foi desenvolvida para a Microsoft — pela dupla de designers Kris Holmes e Charles Bigelow — no início da década de 90, ela se tornou um ícone da tipografia mundial e da cultura pop.

Emojis das antigas

Segundo Edwards, a Wingdings não foi uma fonte criada para que as pessoas usassem para escrever textos. Ela foi desenvolvida em uma era pré-internet para ser empregada como uma ferramenta semelhante aos emojis de hoje em dia. Naquela época, ao contrário do que acontece atualmente, que basta com selecionar uma figura entre as zilhões disponíveis online e copiar e colar, não existiam muitas opções para conseguir imagens.

Além disso, os arquivos eram grandes demais para os singelos HDs dos computadores de então e, ademais de as imagens serem de baixa qualidade, não era nada fácil encontrar figuras que pudessem ser usadas de forma descomplicada com texto. Assim, conforme explicou Edwards, a Wingdings oferecia uma alternativa para quem quisesse usar ícones em alta resolução e que pudessem ser redimensionados, mas sem ocupar muito espaço nas máquinas.

Sucesso imediato

De acordo com Edwards, a Wingdings foi criada a partir de outro trio de fontes desenvolvidas por Kris Holmes e Charles Bigelow: a Lucida Icons, a Lucida Arrows e a Lucida Stars. Então, em 1990, a Microsoft comprou os direitos de uso das três, selecionou os símbolos favoritos e reuniu tudo em uma única fonte — que foi incluída pela companhia em uma versão beta do Windows.

Dingbats

Aliás, foi a Microsoft quem batizou o conjunto de símbolos de Wingdings, combinando o termo “dingbat” — que se referia aos elementos ornamentais usados pelas antigas gráficas — com “Windows”, e a fonte se tornou um verdadeiro sucesso. Entretanto, ela também causou um pouquinho de confusão e até deu origem a algumas teorias da conspiração!

Apesar de a Wingdings jamais ter sido pensada para ser usada na criação de textos, muita gente não se ligou disso, pensando que se tratava de uma fonte incomum que continha palavras ocultas. Inclusive começou a circular o rumor de que a Wingdings trazia mensagens antissemitas contra Nova York, pois a combinação de letras NYC aparecia como uma caveirinha, seguida por uma estrela de Davi e um joinha. Mas tudo não passava de pura coincidência!

Origens

Segundo Edwards, Holmes e Bigelow se inspiraram em particularidades históricas e modernas para criar suas fontes. Assim, a Lucida Icons, por exemplo, continha elementos que abrangiam várias eras — como mãos e dedos apontando para alguma coisa, que eram gestos usados pelos antigos romanos e que aparecem em manuscritos da Idade Média, e aviões, impressoras e teclas, que, evidentemente, são invenções modernas. E veja os símbolos a seguir:

Os ícones acima são os favoritos de Bigelow, e ele se inspirou nas flores de seu jardim, em rosas inglesas e em gravuras da Renascença para criá-los. Contudo, conforme explicou o designer, a história dos caracteres e fontes de modo geral vai muito além, e remonta a um passado muito mais distante — que pode ser traçado até a antiguidade.

De acordo com Bigelow, é possível encontrar relação entre a figura rupestre de um boi criada há 3,5 mil anos, e a letra A, por exemplo, e o uso de imagens como forma de expressão continua em uso até hoje. Ademais, os caracteres usados por chineses e japoneses na escrita evoluíram a partir de desenhos também, e os emojis — e os dingbats no passado — têm a mesma função, ou seja, a de exprimir ideias através de figuras.

Via Mega Curioso.

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