M8 — Quando a Morte Socorre a Vida: o que os críticos estão dizendo

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Imagem: IMDb/Reprodução

Depois de muita espera, o filme M8 — Quando a Morte Socorre a Vida enfim chegou ao catálogo da Netflix na última quarta-feira (24). O novo longa de Jeferson De (Bróder), protagonizado por Juan Paiva, discute racismo e o conflito social na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Na trama, Maurício (Paiva) acaba de ingressar na renomada Universidade Federal de Medicina e na primeira aula de Anatomia conhece M8, o cadáver que servirá de estudo para ele e os amigos. Durante o semestre, o mistério da identidade do corpo só poderá ser solucionado depois que ele enfrentar as próprias angústias.

Confira o que os críticos acharam do filme.

Novo filme de Jeferson De já está disponível na Netflix.Novo filme de Jeferson De já está disponível na Netflix.Fonte:  IMDb/Reprodução 

Luiz Carlos Merten (Estadão)

Juan Paiva tem tudo para fazer uma bela carreira. Mas o filme é dominado pela presença trágica de Mariana Nunes, como sua mãe. Quando ela está em cena, não tem para ninguém. M8 é relevante por seu foco nas questões racial e social do Brasil. A cena da abordagem policial, quando Juan é derrubado, é uma síntese da brutalidade da repressão no país. O policial ainda repreende o garoto, diz que ele "está dando mole em zona de branco rico". Aquilo é um espelho no qual se reflete o Brasil.

Andreza Delgado (UOL)

Esse filme tem muito para apontar sobre violência racial, medo e superação, mas também sobre conquistas pessoais e coletivas. Maurício, o protagonista do filme, consegue transportar ao mesmo tempo uma sensibilidade gigante, junto com o medo e as suas próprias descobertas sobre aquele corpo negro que ele tanto desejar saber quem é, mas também o seu próprio corpo negro no mundo. O filme deixa um recado que extrapola o final, a tela e o enredo todo, que nos chama para realidade da violência racial vivida nesse país.

Thaís Matos (G1)

O diretor escolheu tratar a morte de uma maneira positiva, uma forma de inserir temas como fé, religião e ancestralidade. Para ele, a religiosidade e a fé em dias melhores e melhores condições de vida são duas questões muito representativas do Brasil. Por isso, define seu filme como uma história de afeto, cura e união. "Fala sobre a nossa ancestralidade. Sempre temos um passado que nos conta e ilumina o nosso caminho. Que essa ancestralidade nos una com pessoas e seja uma coisa positiva, mesmo quando há morte", diz.

José Geraldo Couto (Outras Palavras)

O que o filme nos mostra de mais doloroso é: o racismo introjetado até mesmo em muitos negros, em especial nos encarregados de garantir a segurança da redoma dos brancos. Mas, como se verá, a atitude que prevalece entre os personagens negros (e alguns brancos) é a da solidariedade ativa. E o diretor parece disposto a marcar essa posição muito concretamente: no elenco de apoio estão atores negros importantes de várias gerações, de Léa Garcia a Lázaro Ramos, passando por Zezé Motta, Ailton Graça e João Acaiabe.

Ruy Gardnier (O Globo)

A narrativa se constitui em dois eixos, um de aclimatação na escola, cheio de episódios de racismo, e outro de investigação da proveniência de M8. Os dois eixos não se integram lá muito bem, mas o ponto mais fraco do filme é a artificialidade com que a maioria das cenas transcorre. Só as cenas entre os três amigos têm timing real, o resto parece apenas pretexto para dar recado. M8 tem o mérito de trazer a pauta do genocídio negro, mas o modo como a narrativa lida com isso deixa tudo tão vago que a gente indaga se a coisa toda tem alguma eficácia, política ou dramática.

Laysa Zanetti (AdoroCinema)

M8 é um filme essencialmente carioca, com o Rio de Janeiro impresso em todos os cantos. Nas cenas em que Maurício, convidado para a festa de aniversário de um dos colegas de turma, frequenta a Zona Sul e observa a orla de Botafogo, é gritante a diferença estética e visual em todos os sentidos. Nesses momentos, quando a direção e a fotografia optam por destacar o vazio, estão dizendo ao mesmo tempo sobre a solidão de Maurício nesse lugar do qual não se sente parte e sobre a gentrificação do Rio de Janeiro. O resultado é um belíssimo filme que reforça a necessária efervescência política que retoma o seu espaço no cinema, com Jeferson De orgulhoso ao mostrar de onde veio e a que veio e, acima de tudo, que se permite pensar no momento em que vivemos com esperança e fé.

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