11 músicas de heavy metal (e afins) que tratam dos problemas da tecnologia

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Não é nenhuma novidade que o heavy metal e a tecnologia sempre andaram de mãos dadas. Primeiramente, pelas guitarras elétricas, os pedais de distorção, os amplificadores ensurdecedores e todos os efeitos que fazem um bom álbum de metal. Em segundo lugar, porque a temática de tecnologia, especialmente aquela que é mais assustadora e pode afetar de alguma maneira negativa os humanos, sempre foi muito explorada por esse estilo de música.

Reunimos aqui uma lista bastante eclética de músicas de grandes bandas que tratam de problemas que envolvem a tecnologia

Laura Taylor, em sua tese de mestrado no curso de Cultura Popular da Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades, analisou o heavy metal enquanto crítica da distopia levando em conta os humanos, a tecnologia e o futuro, tendo como foco algumas bandas dos anos 1990. Lá, ela afirma que a fascinação com o imaginário distópico geralmente tem objetivos críticos, servindo como uma análise social.

Reunimos aqui uma lista bastante eclética – ainda que dentro da categoria “metal e adjacentes” – de músicas de grandes bandas que tratam de problemas que envolvem a tecnologia: do comprometimento de nossa privacidade até sociedades distópicas futuristas que arrasaram com a humanidade por completo.

Observação: alguns trechos de música estão traduzidos para melhor compreensão dos leitores. Certos trechos, como na maioria dos casos com música, podem não estar ao pé da letra, mas, como toda tradução de arte, é muito difícil ser completamente fiel à obra original. Isso é feito para que haja um entendimento maior das letras.

1) "Obsolete", Fear Factory

Nenhuma banda (e música) melhor para inicarmos a lista do que Fear Factory, com “Obsolete”. A banda norte-americana tem como único tema uma distopia na qual máquinas ganharam autonomia e substituíram o ser humano em tudo, tornando-o obsoleto. Chega a ser difícil escolher apenas uma faixa.

Vale a pena conferir o álbum todo, pois seu encarte traz uma espécie de roteiro contando uma história completa

No caso específico de “Obsolete”, faixa-título do álbum homônimo de 1998, a humanidade foi completamente dominada por máquina em 2076. Ainda assim, algumas pessoas – como o personagem principal da história – resistem a essa tirania tecnológica. A música tem um refrão bem direto: “Man is obsolete! Our world, obsolete! Erased, extinct!” (O homem é obsoleto! Nosso mundo, obsoleto! Apagado, extinto!).

Vale a pena conferir o álbum todo, pois seu encarte traz uma espécie de roteiro contando uma história completa, com começo, meio e fim, e todas as músicas são interligadas. Outros álbuns da banda seguem a mesma ideia e continuam falando de ameaças cibernéticas, com destaque para “Demanufacture”, de 1995, e “Mechanized”, de 2010.

2) "Phantom Self", Sepultura

O metal tupiquinim não fica para trás quando o assunto é tecnologia que pode afetar negativamente os humanos. A música de trabalho do mais recente álbum do Sepultura – Machine Messiah, de 2017 – tem como tema a robotização da sociedade nos dias de hoje, destacando a dependência extrema de dispositivos, como os smartphones e computadores.

O refrão conta como o protagonista é transformado em um ser robótico e perde sua identidade, sentindo-se como um fantasma

A música traz uma introdução que contrasta bastante com o tema – uma bateria de maracatu –, mas que tem tudo a ver quando o som remete ao movimento Mangue Beat, que misturou alta tecnologia e futurismo com temas musicais regionais e até folclóricos do Nordeste brasileiro e tem como maior representante a Nação Zumbi, do falecido Chico Science. Os violinos de uma orquestra da Tunísia completam a mistura cultural e tecnológica da canção.

O clipe traz cenas de linhas de produção e muita gente imersa nas telas dos celulares, além de uma mistura bem brasileira de cenas supertradicionais e ultramodernas em contraste. O refrão conta como o protagonista é transformado em um ser robótico e perde sua identidade, sentindo-se como um fantasma: “Transformed, I’m someone else. Must face my phantom self” (Transformado, sou uma pessoa diferente. Devo encarar meu próprio fantasma).

3) "Symphony of Destruction", Megadeth

“Symphony of Destruction” é uma das mais icônicas músicas da banda norte-americana Megadeth e está presente no álbum “Countdown to Extinction”, de 1992, que tem uma temática distópica em sua totalidade. A faixa em questão especificamente fala de pessoas que tomam o poder e, “agindo como robôs”, conduzem a população como ratos que seguem o flautista de Hamelin da famosa lenda, como marionetes.

4) "Universal Death Squad", Epica

A vocalista Simone Simons canta magistralmente a profecia assustadora do que pode acontecer com a humanidade

A banda holandesa de metal sinfônico Epica enxerga que certas invenções tecnológicas podem nos levar ao dia do juízo final, como é mostrado em “Universal Death Squad”. Segundo a canção, estamos mudando um mundo onde ainda temos controle sobre as máquinas, mas as mudanças tecnológicas podem trazer um final trágico. Ela está presente no álbum “The Holographic Principle”, de 2016, que trabalha com a ideia de que todo o nosso Universo não passa de um holograma gerado digitalmente.

A vocalista Simone Simons canta magistralmente a profecia assustadora do que pode acontecer com a humanidade no trecho que diz: “Robotic legions stand in line to carry out the retribution and effects of this advanced technology” (Legiões robóticas estão em fila para tornar reais a retaliação e os efeitos desta tecnologia avançada). Medo.

5) "Hardwired", Metallica

A música que abre o mais recente álbum do Metallica – “Hardwired... To Self Destruct”, de 2016 – é um pouco mais generalizada, mas continua trabalhando a ideia de que certas tecnologias e o avanço descontrolado ao futuro podem fazer mal para nós.

Na música, chamada “Hardwired”, o quarteto de São Francisco entende que estamos “programados para a autodestruição”, “a caminho da paranoia” e, sem papas na língua, “muito f*didos”. Será mesmo que é tudo isso?

6) "Painkiller", Judas Priest

Um dos maiores clássicos da história do heavy metal, “Painkiller”, do álbum homônimo de 1990, traz uma abordagem um pouco diferente: nela, os ingleses do Judas Priest contam a história de um ser robótico “mais veloz que uma bala”, “pistola e cheio de ódio”, “cavalgando um monstro de metal” e que vem para a Terra salvar a humanidade em vez de destruí-la.

Com planetas devastados e a humanidade de joelhos, o tal do Painkiller é mais rápido que um tiro de laser, mais barulhento que uma bomba atômica e mais brilhante que mil sóis. Animal, né? E ainda assim ele vem para nos salvar de algum futuro distópico terrível no qual nos metemos.

7) "21st Century (Digital Boy)", Bad Religion

Fugindo um pouquinho do metal, a canção “21st Century (Digital Boy)”, dos norte-americanos do Bad Religion, fala de códigos de barra, quick ID e das coisas que um garoto do século XXI sente, com pais desestruturados e a tarefa de lidar com o controle exagerado proporcionado pelas novas tecnologias e tudo o que nos distrai dessa vida acelerada. A canção está no álbum “Against the Grain” de 1990 e foi regravada para “Stranger than Fiction”, de 1994.

8) "Iron Man", Black Sabbath

Talvez uma das mais épicas canções da história do rock, “Iron Man” é integrante do álbum que marcou o nascimento do heavy metal em 1970: “Paranoid”, dos ingleses do Black Sabbath. Sua história é digna de uma obra clássica de ficção científica: o personagem principal da narrativa, um robô com inteligência artificial, volta no tempo para evitar a destruição do planeta.

O poderoso Homem de Ferro, então, planeja uma vingança contra essa humanidade que o despreza

O problema é que, quando ele retorna para antes da catástrofe que vai assolar a humanidade, as pessoas não dão a mínima para ele, não apenas deixando de ouvir seus avisos, mas também fazendo o viajante no tempo se sentir odiado e ignorado. O poderoso Homem de Ferro (que nada tem a ver com o do gibi), então, planeja uma vingança contra essa humanidade que o despreza e, ao destruí-la, acaba se tornando justamente aquilo que deveria impedir – o próprio fim do mundo.

9) "Delusion Pandemic", Lamb of God

“Delusion Pandemic” é uma crítica ao mau uso da internet e à maneira como ele pode acabar com a criatividade e o relacionamento social entre as pessoas. Segundo Randy Blythe, vocalista do Lamb of God, muita coisa na internet é boa e positiva, mas a grande maioria é um processo de “regurgitação”, no qual culturas são “remixadas” e usadas de outra maneira, mas sem inventividade que produza coisas realmente novas.

10) "2112", Rush

Como é de praxe entre bandas mais progressivas, como o Rush, “2112” é uma epopeia de nada menos que 20 minutos que leva o ouvinte por uma narrativa de botar inveja em qualquer autor de livros de ficção científica.

A canção é dividida em sete partes, cada qual com um subtítulo, e conta uma história que envolve um futuro com sacerdotes que gerenciam a vida da Federação usando supercomputadores e um protagonista que deve encontrar um objeto que vai mudar a condição da humanidade – uma guitarra.

Se você estiver com 20 minutinhos livres, acompanhe essa jornada lisérgica por uma realidade futurista que pode não estar longe de alcançarmos.

11) "Cybergenocídio", Ratos de Porão

A bravata anarquista dos brasileiros do Ratos de Porão não poderia ficar fora dessa lista. Presente no álbum “Onisciente Coletivo”, de 2003, a canção “Cybergenocídio” enxerga um futuro (ou até mesmo um presente) com um “holocausto planejado” e “tecnocratas do terror” controlando o destino das pessoas.

Batendo em todos os lados, João Gordo conta em berros furiosos como a tecnologia norte-americana decide quem vive e quem morre, especialmente entre os pobres. A ajuda comunista e o aval capitalista aprovam o cybergenocídio nessa pedrada de pouco mais de 1 minuto.

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Confira a seguir a lista com todas as músicas e mais algumas outras no mesmo tema diretamente no Spotify:

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