Assistimos ao filme 'Orgulho e Preconceito e Zumbis', uma mistura passável

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Tanto o livro “Orgulho e Preconceito” quanto suas adaptações cinematográficas diretas certamente podem ser considerados clássicos da literatura e do cinema, mas também é inegável que não contam com uma história muito atraente para a maior parte do público. Inspirada na paródia “Orgulho e Preconceito e Zumbis”, de Seth Grahame-Smith, a Sony Pictures agora aposta na inclusão dos mortos-vivos como uma forma de ampliar sua audiência.

Dirigido por Burr Steers (de “A Morte e Vida de Charlie”), o novo longa tem Lily James (“Cinderela”) no papel de Elizabeth Bennet, Sam Riley (“Malévola”) como Mr. Darcy, Bella Heathcote (“Sombras da Noite”) vivendo Jane Bennet, Douglas Booth (“Romeu e Julieta”) interpretando Mr. Bingley e Jack Huston (“Uma Longa Jornada”) fazendo George Wickham. Participações especiais incluem Charles Dance, Lena Headey e Matt Smith.

O filme acompanha a vida, as intrigas e os casamentos da nobreza britânica enquanto o país tenta resistir a uma incontrolável invasão de zumbis. Ao mesmo tempo que são treinadas para combater sem piedade a ameaça dos mortos-vivos, as irmãs Bennet também tentam encontrar paixões verdadeiras. Ao conhecerem Mr. Bingley e Mr. Darcy em um baile, Elizabeth e Jane passam a se envolver com os dois em relações de amor e ódio.

Alerta de spoilers

Antes de partirmos para a crítica propriamente dita, é preciso ressaltar que inevitavelmente acabaremos citando diversos aspectos do enredo do filme. Assim sendo, é recomendado interromper a leitura neste ponto caso você ainda não tenha assistido ao longa e se incomode de saber parte da sua trama. Caso já tenha visto a obra nos cinemas ou não se importe com spoilers, pode prosseguir sem problemas.

Filme sério, mas nem tanto

Se você assistiu aos trailers de “Orgulho e Preconceito e Zumbis” e esperava um filme de comédia no estilo “Zumbilândia”, então é melhor se preparar para ver algo totalmente inesperado. Por mais que tenha alguns momentos engraçados, o longa segue um caminho diferente do que costumamos ver nas paródias tradicionais.

Em vez de usar a invasão de mortos-vivos como um pretexto para arrancar risadas do público, o longa resolveu apenas utilizar as criaturas como uma forma de adicionar mais ação à trama romântica da obra original. Nesse sentido, é possível notar que todo o enredo central permanece praticamente inalterado, e até mesmo trechos completos do diálogo escrito por Jane Austen são mantidos na novidade.

Levando-se bastante a sério, o filme não pode ser claramente definido como uma comédia. Ainda assim, toda a premissa sobrenatural também faz com que o espectador não consiga encarar a história com seriedade suficiente para que haja uma conexão profunda com os personagens. O resultado é um longa que não cansa, mas também não empolga.

Seguindo a mesma linha, as atuações são boas o bastante para não incomodar, mas também não convencem ao ponto de se tornarem memoráveis. Enquanto o Mr. Darcy de Riley e a Elizabeth de Lily James certamente são representados de maneira interessante e a química entre eles atraia, a relação dos dois não tem força suficiente para que nos importemos muito com sua união.

Altos e baixos no visual

Dois pontos que já chamavam a atenção desde o surgimento dos primeiros trailers de “Orgulho e Preconceito e Zumbis” são o figurino e a cenografia do filme. Os ambientes da Inglaterra do século 19 são retratados com grande beleza, com direito a casarões cheios de riquezas, bailes suntuosos e vestimentas das mais elegantes – mas que não impedem a movimentação necessária para combater os mortos-vivos, é claro.

Com relação aos zumbis, é preciso dizer que a maquiagem usada nos atores consegue passar o asco necessário para esse tipo de criatura, ajudando os espectadores a sentir a repulsa que os motiva a desejar sua eliminação. Ainda assim, alguns efeitos especiais relacionados aos monstros incomodam por sua simplicidade, especialmente nos momentos em que suas cabeças explodem como se fossem grandes balões cheios de ar e sangue.

Em certos pontos, as filmagens são intercaladas com sequências de animação que explicam um pouco do contexto da obra em imitações de desenhos em papel. A linguagem nesses pontos parece apresentar um aspecto mais humorístico e, embora seja divertida, acaba atrapalhando a imersão dos espectadores.

Mistura morna

Somando todos os pontos, podemos dizer que “Orgulho e Preconceito e Zumbis” realmente consegue transformar a história do clássico de Jane Austen em algo mais palatável para as audiências modernas. O filme acrescenta bastante ação ao enredo original e consegue se manter relativamente fiel à obra orginal, de forma que provavelmente não vai ofender os fãs do livro.

Ainda assim, o longa não tira muito proveito de seu potencial cômico e, em uma tentativa de se levar a sério, perde a oportunidade de marcar mais os espectadores com momentos verdadeiramente engraçados. Isso, no entanto, não significa que o filme se sustente como uma aventura épica, pois ele apresenta uma mistura geral de elementos que simplesmente o torna uma experiência incapaz de se conectar profundamente com o público.

De forma geral, o resultado atingido por “Orgulho e Preconceito e Zumbis” é o de um filme que funciona como um bom entretenimento e serve como exemplo para uma história com protagonistas femininas fortes. Por outro lado, aqueles que estiverem procurando por um novo clássico cinematográfico, uma paródia repleta de humor ou uma aventura emocionante podem simplesmente deixar o longa de lado e buscar algo mais promissor.

“Orgulho e Preconceito e Zumbis” estreia no Brasil no dia 25 de fevereiro.

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