Assistimos ao filme 'Creed – Nascido para Lutar' e ele leva o cinturão

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Imagem: Entertainment Weekly

Com nada menos do que seis filmes no total, alguns diriam que a série Rocky já está bastante desgastada e que a ideia de um spinoff por si só já seria uma forma de simplesmente arrancar mais dinheiro dos fãs. Ainda assim, “Creed – Nascido para Lutar” foi produzido e tem sua estreia marcada para o dia 14 de janeiro nos cinemas brasileiros. A equipe do TecMundo e do Minha Série assistiu ao longa durante a CCXP 2015, e você confere nossa opinião a seguir.

Escrito e dirigido por Ryan Coogler, o filme conta com Michael B. Jordan no papel principal de Adonis Johnson, Tessa Thompson como Bianca e Tony Bellew como o campeão mundial Ricky Conlan. Como não poderia deixar de ser, a produção também marca o retorno de Sylvester Stallone para interpretar uma versão mais envelhecida do “Garanhão Italiano”, Rocky Balboa.

Filho de um caso do falecido campeão Apollo Creed, Adonis fica órfão após a morte de sua mãe enquanto ele ainda era pequeno, e acaba passando boa parte de sua infância em reformatórios juvenis, onde ele acaba demonstrando um temperamento explosivo que frequentemente resulta em brigas. Essa fúria só é domada quando Mary Anne (vivida por Phylicia Rashad), a viúva legítima de Apollo, o encontra e decide se tornar sua mãe adotiva.

Anos depois, nos deparamos com um Adonis adulto e bem-sucedido, que tem um bom emprego e vive em uma mansão em Los Angeles. Ainda assim, o desejo incontido de se tornar um lutador – mesmo contra a vontade de Mary Anne –, o leva a abandonar tudo para buscar o rival de seu pai, Rocky. Uma vez na Filadélfia, ele tenta convencer o boxeador aposentado a treiná-lo para que possa construir seu próprio nome no mundo das lutas.

Alerta de spoilers

Antes de partirmos para a crítica propriamente dita, vale ressaltar que inevitavelmente acabaremos citando diversos aspectos do enredo do filme. Dessa forma, é recomendado interromper a leitura neste ponto caso você ainda não tenha assistido ao longa e se incomode de saber parte do que ocorre. Se já tiver visto o filme ou não se importar com os spoilers, pode continuar sem problemas.

Falando até pelo olhar

Ao ler uma descrição fria da história, como a que fizemos mais acima, é possível ter a impressão de que “Creed – Nascido para Lutar” é justamente o que se esperaria de um spinoff de uma franquia desgastada. No entanto, mais do que tentar surpreender com uma história inédita cheia de reviravoltas forçadas, o novo longa acerta ao apostar em uma reimaginação do enredo do “Rocky” original, devidamente adaptado para os tempos atuais e “temperado” de forma perfeita.

Por meio da interpretação de Jordan, vemos um jovem amador largar uma vida de riquezas para construir seu próprio legado, lutar pelo amor da mocinha e, ao ter sua ascendência revelada ao mundo, ter que dar duro para se superar e encarar o campeão do mundo, que não crê em seu potencial. E nada disso parece forçado em momento algum, com o ator passando uma naturalidade que não somente torna o papel crível, mas nos faz torcer pelo protagonista.

Enquanto isso, Stallone encaixa como uma luva no papel do velho lutador, mas sem exagerar na demonstração de seus sentimentos. Após a morte de sua amada Adrian, Rocky aparece como que vestido de uma solidão intensa, mas que cai nele como um motivo de orgulho, algo que pode ser visto mais nos seus olhos do que em suas ações e falas. Isso tudo sem abrir mão de alguns momentos em que é impossível não rir por conta de sua desadequação aos tempos modernos.

Mesmo com tudo isso, é na interação entre os personagens que a atuação dos atores realmente se enriquece. As cenas amorosas entre Adonis e Bianca, por mais curtas que sejam, transmitem uma doçura para lá de natural. É impossível ver os dois lentamente penetrando as defesas de Rocky e acompanhar o antigo campeão e o boxeador novado dando suporte um ao outro sem se sentir tocado e se pegar torcendo por todos eles.

Quando a imagem completa o resto

Não são somente os personagens que receberam atenção especial por parte do diretor, que também se preocupa bastante em enquadrar cada momento de forma a retratar as emoções da melhor forma possível. Durante um dos momentos iniciais, vemos Adonis abrindo no YouTube um vídeo de uma luta entre Apollo e Rocky e projetando as imagens na parede de seu quarto.

Em certo ponto, o rapaz levanta e passa a descontar suas emoções mal resolvidas por conta do “abandono” do pai, lançando socos e mais socos contra sua projeção no ar. Mais adiante no filme, vemos uma luta real entre o protagonista e um rival ser exibida em apenas um longo take, com a câmera rodando lentamente ao redor dos combatentes. Enquanto os lutadores trocam golpes, a tensão vai se acumulando até o ponto da explosão.

O combate final contra o campeão “Pretty” Ricky Conlan, por sua vez, conta com momentos bem mais brutais, mas que nem por isso deixam de ter sua própria beleza. Detalhes que vão desde closes nos momentos dos corners, golpes cheios de impacto e uma queda em câmera lenta do protagonista ao levar um soco devastador enriquecem a experiência de forma perfeita e prendem a atenção de maneira inquestionável.

Para se emocionar

A união entre a riqueza da relação entres os personagens advinda da interpretação dos atores, a tensão construída pelo diretor nos momentos de combate e todo o drama das situações pessoais de Bianca, Rocky e Adonis transformam o filme em uma verdadeira montanha-russa de emoções. Ao pontuar esses elementos com a dose certa de humor, Coogler criou um longa que transcende muito o que se espera da franquia cinematográfica.

É inegável que os fãs da série Rocky vão encontrar no spinoff algumas cenas que claramente remetem ao original, como o momento em que Adonis corre em meio às ruas da Filadélfia e é acompanhando por um verdadeiro desfile de jovens motorizados. Passando o mesmo espírito da corrida escadaria acima no primeiro filme, a sequência funciona perfeitamente como uma homenagem, emocionando tanto quem acompanhou a franquia quanto aqueles que não tiveram contato algum com ela.

Considerando todo o pacote de emoções proporcionado, o longa ascende muito além da sua batida premissa, tornando-se uma obra que consegue ser estilosa, envolvente e, por fim, tocante, tudo de uma só vez. Se você tiver que escolher apenas um filme para ir ver no cinema em janeiro de 2016, então não há dúvidas de que “Creed – Nascido para Lutar” é a melhor aposta.

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