Assistimos ao filme “Godzilla”, o retorno do monstro às telas de Hollywood

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Em 2014, Godzilla, o monstro criado pelo cinema japonês, completa 60 anos, e nada mais justo que ele tenha ganhado um novo filme. Dessa vez, é Hollywood que tenta trazer o monstro à vida, lançando uma nova versão americana do mito com o aval da Toho, detentora dos direitos do personagem.

Produzido pela Warner Bros. e pela Legendary Pictures, “Godzilla” tem como missão homenagear os cinquenta anos da série e superar a fraquíssima adaptação americana de 1998, além de apresentar novamente o monstro para um público que não prestava muita atenção a ele. Será que o filme conseguiu realizar essa árdua tarefa?

Um novo filme, uma nova origem

Desde sempre, o Godzilla é conhecido como um monstro que sofreu uma mutação por causa de testes nucleares na costa do Pacífico. Em “Godzilla” (2014), essa origem é alterada e explicada logo nos primeiros minutos. Adeus ao medo da era nuclear e olá para um monstro pré-histórico que estava adormecido até ser acordado por humanos.

Essa mudança não chega a afetar o desenvolvimento da história ou retirar a importância do monstro, que se torna muito mais uma força da natureza do que um simples bicho (gigante) que ataca cidades.

Apesar de alguns fãs mais fervorosos provavelmente torcerem o nariz para essa mudança, a maneira como ela é apresentada, até mesmo como o Godzilla foi “acordado” por humanos, faz sentido e funciona dentro da proposta do filme.

Uma história “humana” um tanto desnecessária

Após as mais de duas horas de filme, a impressão que fica no espectador, além de ter visto cenas espetaculares na sua reta final, é a de que os envolvidos na produção do novo “Godzilla” tinham uma ideia para o filme, mas alguém disse que ele precisava de uma história simples com humanos para costurar as cenas de destruição.

Nada mais justo, já que, apesar de a ideia de duas horas com monstros saindo na porrada parecer incrível, é necessário algo que sirva como cola para esses momentos. Em “Godzilla”, essa cola é apresentada na forma da família Brody.

Em 1999, Joe Brody (interpretado por Bryan Cranston, de “Breaking Bad”) mora com a sua família no Japão quando percebe anomalias sísmicas que podem colocar em risco a segurança da usina nuclear pela qual é responsável.

Anos após o acidente realmente acontecer (você já deve imaginar o que originou o desastre), Ford Brody (interpretado por Aaron Taylor-Johnson, de “Kick-Ass”) virou um soldado e volta para a sua mulher em São Francisco. Quando ele precisa retornar ao Japão para ajudar o pai, monstros gigantes surgem para atrapalhar tudo.

Por que eu contei tudo isso? Parece que isso é todo o filme, mas essa parte é toda comprimida em pouco mais de 20 minutos, sendo que todos os outros 100 minutos de filme são do Brody tentando voltar para casa.

O problema é que tudo é mostrado de maneira tão superficial, quase não dando nada para os atores (principalmente a atriz Elizabeth Olsen), que fica complicado se importar com essa jornada. Você apenas acompanha o ator X falar algo e seguir para a próxima cena, sem conseguir se sentir envolvido pelos acontecimentos mostrados na tela.

Fora que os monstros gigantes poderiam ser substituídos por qualquer outra ameaça durante esse plot. Enquanto isso, existe um pequeno vislumbre de uma história bem mais interessante, envolvendo o personagem do ator Ken Watanabe e uma organização multinacional que estudava os monstros, mas que logo é deixada de lado.

Mas ainda é um filme do Godzilla

Mesmo com o longa mostrando personagens humanos de qualquer jeito, o grande astro do filme ainda é o Godzilla. Como falamos, ele é apresentado como uma “força da natureza” e você demora para vê-lo em ação.

Essa foi uma decisão muito boa por parte do diretor Gareth Edwards, já que, a cada nova aparição do monstro, você percebe que algo realmente grandioso vai acontecer. Quando isso acontece, é impossível não ficar empolgado com um bicho de centenas de metros de altura brigando com outros monstros no meio de uma cidade já destruída.

Os efeitos especiais são impressionantes e, mesmo não tendo sido filmado em 3D (ele é apenas convertido), a última meia hora faz valer o preço mais alto do ingresso.

Se você pretende assistir apenas pelas cenas com monstros e muita destruição, certamente não vai se decepcionar, mesmo tendo que esperar durante algumas cenas sem eles para vê-los novamente.

Agora, se você esperava uma trama um pouco mais envolvente e que fugisse do clichê “soldado americano tentando voltar para sua família”, talvez o longa se torne um grande jogo de “Esperando pelo Godzilla”. Mesmo assim, será impossível você não ficar empolgado quando vir o monstro soltando seu rugido poderoso no meio de escombros. Neste momento, você vai sentir que tudo valeu a pena.

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