Neurocientista resolve virar cobaia do próprio experimento

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O neurocientista Phil Kennedy, conhecido como "o pai dos ciborgues", resolveu que ninguém melhor do que ele mesmo para ser cobaia de um de seus experimentos – e não pense que foi o mais fácil, não: ele pagou cerca de 25 mil dólares para outro cirurgião serrar o topo do seu crânio para implantar eletrodos em seu cérebro.

A ideia por trás da arriscada cirurgia era estabelecer uma conexão entre o córtex cerebral responsável pelas funções motoras e um computador. A ideia de ligar um homem a uma máquina não é uma novidade para Kennedy: em 1980, ele, junto de um grupo pioneiro de cientistas e médicos, desenvolveu uma interface entre o cérebro humano e os computadores.

Phil e seu principal "objeto" de estudos

Como é de esperar, a experiência era extremamente invasiva, com cabos que eram ligados diretamente no cérebro e iam direto para um dispositivo eletrônico. Além disso, o neurocientista leva os créditos por ter possibilitado a um paciente paralisado mexer o cursor de um computador usando o cérebro. Foi assim que a nomenclatura de "pai dos ciborgues" nasceu.

Quando o cientista vira cobaia

Kennedy estava trabalhando em um projeto que tinha como objetivo desenvolver um decodificador de fala, que transformaria sinais neurológicos em fala através de um sintetizador – basicamente, você precisaria apenas pensar e uma máquina falaria por você. O problema é que a empresa do cientista, a Neural Signals, passava por problemas financeiros, não conseguia mais encontrar voluntários para o estudo e perdeu o apoio da entidade americana FDA.

Vendo tudo se tornar cada vez mais difícil, Phil resolveu que sua última chance de fazer o projeto acontecer era tomar uma atitude por conta própria. Foi assim que, em 2014, ele se viu em uma mesa de cirurgia em Belize, na América Central – tudo em nome da ciência.

Durante a cirurgia, que durou 12 horas, a pressão sanguínea de Kennedy subiu muito, fazendo com que seu cérebro inchasse um bocado. Como resultado, ele sofreu temporariamente de paralisia e não conseguia falar logo depois de acordar após o procedimento – melhorou depois, mas ficou assustado. "Todo esse esforço de pesquisa que durou 29 anos iria morrer se eu não fizesse algo. Eu não queria morrer em vão, por isso aceitei o risco", explicou.

O cérebro de Kennedy durante o procedimento cirúrgico

Quebrando o juramento

A decisão de Kennedy causou furor na comunidade científica e médica, já que conduzir uma cirurgia em um sujeito saudável vai contra o juramento de Hipócrates, feito por aqueles que estão prestes a exercer a medicina em diferentes frentes. Isso tornou a experiência toda não apenas arriscada, mas antiética sob os olhos de alguns profissionais.

De qualquer forma, a cirurgia apresentou resultados satisfatórios para Kennedy, que conseguiu reproduzir alguns sons específicos. No entanto, tudo teve seu preço: embora o neurocientista acreditasse que pudesse viver o resto de sua vida com os implantes, as incisões em seu crânio não fecharam por completo, forçando-o a passar por um novo procedimento cirúrgico em janeiro para a retirada dos eletrodos – tudo isso custando 94 mil dólares.

Foram quatro semanas de coleta de dados, que o cientista considera serem suficientes para muito tempo de estudo.

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