'Estrutura fantasma 4D' é detectada em experimento no acelerador de partículas do CERN

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Imagem: Getty Images

Em um novo estudo publicado na revista científica Nature Physics, uma equipe de pesquisadores descreveu ter detectado um 'espectro fantasma 4D' durante um experimento no acelerador de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN).

Ao utilizar o segundo maior acelerador do CERN, o Super Proton Synchrotron, os cientistas capturaram dados de uma estrutura invisível representada em quatro estados e, por isso, foi identificada como quadridimensional.

A partir de uma colaboração com especialistas do acelerador GSI, na Alemanha, a equipe conseguiu comprovar a existência de uma estrutura de ressonância que já havia sido teorizada — ela também surgiu em simulações específicas. A possibilidade de quantificar os detalhes dessa estrutura é considerada crucial para responder um problema universal sobre os aceleradores de partículas magnéticas.

A medição foi realizada ao longo de aproximadamente 3 mil passagens do feixe ao redor do acelerador de partículas. Com os resultados, os cientistas acreditam que poderão melhorar a qualidade do feixe utilizado em experimentos de feixes de baixa energia e alto brilho; essa melhoria pode ser aplicada tanto no CERN quanto no acelerador do GSI.

“Com essas ressonâncias, o que acontece é que as partículas não seguem exatamente o caminho que queremos e depois voam e se perdem. Isso causa degradação do feixe e dificulta o alcance dos parâmetros de feixe exigidos. Na física dos aceleradores, o pensamento ocorre geralmente em apenas um plano”, disse o físico do GSI, Giuliano Franchetti, em um comunicado oficial.

Ressonância invisível e quadridimensional

O artigo descreve que foi significativamente difícil encontrar estruturas de ressonância justamente por que elas são quadridimensionais, pois sua detecção exige que o feixe seja medido de forma horizontal e vertical. O experimento possibilitou que os pesquisadores criassem um mapa da ressonância para estudos posteriores.

A imagem apresenta um conceito da estrutura de ressonância quadridimensional detectada no acelerador de partículas do CERN.A imagem apresenta um conceito da estrutura de ressonância quadridimensional detectada no acelerador de partículas do CERN.Fonte:  H. Bartosik / G. Franchetti / F. Schmidt / Nature Physics 

De qualquer forma, a equipe afirma que o trabalho ainda não acabou; apesar de o experimento ter sido considerado um sucesso, eles ainda precisam reduzir o efeito prejudicial da ressonância nos equipamentos. O próximo objetivo é estudar os resultados para desenvolver uma teoria capaz de descrever como as partículas individuais se comportam quando uma ressonância é detectada no acelerador.

“A colaboração surgiu da necessidade de compreender o que limitava estas máquinas para podermos fornecer o desempenho e a intensidade do feixe necessários para o futuro. O que torna a nossa descoberta recente tão especial é que ela mostra como as partículas individuais se comportam numa ressonância acoplada. Podemos demonstrar que as descobertas experimentais concordam com o que foi previsto com base na teoria e na simulação”, disse um dos autores do estudo e cientista do CERN, Hannes Bartosik.

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