Conversamos com o CEO da NVIDIA sobre o futuro dos carros inteligentes

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Diferente do que fez nos últimos anos, a NVIDIA desta vez dedicou a sua participação na CES apenas a tecnologias voltadas para o mercado automotivo. A empresa revelou o processador mobile Tegra X1, poderoso chipset que deve equipar veículos a partir deste ano, permitindo uma maior capacidade de processamento.

Em um café da manhã com a imprensa internacional, o CEO da companhia, Jen-Hsun Huang, falou sobre as possibilidades das novas tecnologias para o futuro do setor automotivo. O TecMundo, único veículo nacional presente na coletiva, ouviu com exclusividade as opiniões do executivo, e os principais pontos do bate-papo você confere agora.

A mais incrível das jornadas

Jen-Hsun Huang destacou que a Audi foi a primeira empresa automotiva a participar da CES e, quando o fez, chegou à feira trazendo novidades introduzidas pela NVIDIA. A montadora será também a primeira a receber o Tegra X1 em um dos seus veículos, algo que deve acontecer ainda em 2015.

“Carros são itens caros, então proteger os motoristas é importante”, destacou. Ele frisou ainda que a jornada em busca do “carro inteligente” será difícil, mas ainda assim será a mais incrível de todas dada a complexidade e a quantidade de fatores envolvidos no desenvolvimento. “A ideia é que os carros inteligentes tornem a experiência de dirigir menos estressante e mais confortável”, completou.

Carros dirigindo sozinhos? Essa pode não ser uma boa ideia

Quando falamos em carros autônomos, geralmente a primeira ideia que nos vem à cabeça são carros completamente independentes, capazes de tomar todas as decisões possíveis no que diz respeito à direção. Entretanto, Jen-Hsun Huang acredita que essa completa autonomia pode não ser uma boa ideia e talvez nunca venha a acontecer.

“Eu realmente acho que isso não é necessário e que não passa de um sonho da tecnologia”, explica. Segundo ele, a tecnologia deve ser uma ferramenta auxiliar, mas não pode se tornar a responsável por decisões éticas, que caberiam ao ser humano. Ele ilustra essa situação com um exemplo.

“Imagine que um carro anda por uma via e percebe um obstáculo à frente, mas não há tempo para parar. Na faixa em que ele está há um homem. Se ele desviar, na outra faixa há uma criança. O choque com um dos dois é inevitável. Então, qual deveria ser a escolha do computador?", pergunta.

Para Huang, a resposta é simples. “Essa decisão deve ser sempre do motorista, não podemos delegar decisões éticas a uma máquina. Em uma situação como essa, o sistema auxiliar deveria deixar de funcionar para que o motorista tomasse a decisão que julgasse mais importante”, afirma. “Se minha máquina não pode me ajudar, então que ela não me atrapalhe”, completa.

Ele acredita ainda que, embora os primeiros veículos a contarem com essa tecnologia devam ser lançados já em 2015, ainda vai levar um bom tempo para que essa tecnologia se torne uma realidade. “Acredito que em cinco anos pelo menos 20% da frota de veículos dos Estados Unidos já terá essas tecnologias que estamos apresentando hoje”, destacou.

Carros vão precisar de maior capacidade de processamento

Na atualidade, os carros já contam com uma série de tecnologias auxiliares. O problema é que todas elas funcionam de forma independente. A proposta da NVIDIA é que um sistema único possa integrar todas essas informações. Reconhecer que há um obstáculo à frente é uma coisa; entender que tipo de obstáculo é esse e o que fazer diante dele é outra. Essas decisões precisam ser tomadas em frações de segundo e, para isso, é preciso maior poder de processamento.

“Todos esses sistemas desconectados precisam se conectar de alguma forma. Um modelo unificado é a melhor maneira de usar todas as câmeras de segurança que um veículo possui, por exemplo”, afirma. Por conta disso, no futuro, cada vez mais será importante ficar de olho no software embarcado no carro. Ele se tornará cada vez mais fundamental no desempenho de um veículo.

Atualização de software e experimentação

Diferente de celulares, carros são bens muito mais caros e com os quais os consumidores ficam muito mais tempo. Por conta disso, atualizações de software a médio e longo prazo são extremamente importantes. Para Huang, essas atualizações não deveriam ter um prazo de validade, mas sim ser vitalícias. “Atualização de software é uma responsabilidade nova para as companhias. Elas deveriam disponibilizar atualizações enquanto o usuário estivesse com o produto, por um prazo indefinido”, afirmou.

Embora seja otimista quanto às novidades apresentadas na CES e julgue ser importante o processo de experimentação, ele destaca que nem tudo precisa estar conectado. “Nem tudo precisa estar conectado o tempo todo. Enquanto estou tomando água nessa caneca, por exemplo, ela não precisa enviar nenhum tipo de informação para lugar algum. É ótimo que seja possível que ela faça isso, mas certamente não é necessário”, finalizou.

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