Por que a maioria dos apps para celular são tão parecidos?

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Você não precisa ter muita experiência com os gadgets móveis para chegar a uma conclusão que é comum a praticamente todas as plataformas: há uma disponibilidade enorme de programas muito parecidos no mercado.  

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Se você procurar um software para criação de listas de tarefas, dezenas de alternativas praticamente iguais pipocarão em sua tela. Quer um gerenciador de finanças? Haja disposição para encontrar a melhor opção entre os vários quase iguais que existem por aí. Se você procurar por algum game no estilo “endless runner”, então, prepare-se para uma verdadeira enxurrada de cópias do sucesso Temple Run...

Somando-se as três principais plataformas, Windows Phone, Android e iOS, pode-se dizer que há uma oferta de mais de 1,7 milhão de aplicativos. Dentro desse universo, são mais de 100 bilhões de downloads, o que vem para mostrar toda a “fome” do público por novos programas. Mas e será que nós queremos inovação ou estamos contentes em ter sempre “mais do mesmo”?

PC x portáteis

Uma das razões dessa repetição – e certo “medo” na hora de trazer inovações – pode se explicar na dinâmica de mercado que encontramos nos dias de hoje. Se nós compararmos o mundo da tecnologia que há nos dias de hoje com a época em que os computadores pessoais começaram a se popularizar, podemos encontrar dois ambientes bem distintos – algo que faz toda a diferença.

Nos PCs sempre houve mais espaço para "erros" (Fonte da imagem: Reprodução/Retronaut)

Os “Personal Computers” demoraram anos para se popularizar. Foram praticamente duas décadas de desenvolvimento até que essas máquinas começassem a chegar com força, marcando presença na casa de praticamente todo mundo.

Isso significa que as empresas e desenvolvedores que trabalham com essa plataforma tiveram muito tempo para trabalhar em ferramentas e interfaces, experimentar coisas e fazer testes que, se não dessem certo, pelo menos representaram a tentativa de trazer algo novo.

Já com os tablets e smartphones, todo esse tempo não foi disponibilizado. Desde que o primeiro iPhone invadiu o mercado e revolucionou o mundo dos portáteis, desenvolvedores tiveram pouco tempo para se ajustar à enorme demanda de programas.

Telas de toque: novas opções (Fonte da imagem: Reprodução/YouTube)

Com isso, o tempo escasso, somado à demanda enorme e às ferramentas totalmente novas (como as telas touchscreen e pequenas se comparadas ao monitor de um PC) que os portáteis apresentaram ao mundo, os desenvolvedores não tiveram esse tempo para experimentar – e errar.

Imposição de interfaces

O mercado mobile também popularizou algo que a Apple sempre curtiu, mas que só agora começou a aparecer em outras plataformas: a manutenção de um visual parecido em diversas aplicações diferentes. Quem sempre usou o Windows, por exemplo, esteve continuamente acostumado a encontrar programas com visuais totalmente personalizados – e que, em muitos casos, nada tinham a ver com o sistema operacional.

Com os aparelhos móveis, isso não é bem assim. Tanto iOS, quanto Android e Windows Phone fazem de tudo para manter certo controle sobre o visual e o comportamento da maioria das aplicações. A ideia é sustentar um padrão visual, algo que daria mais estilo ao SO e que, de quebra, ainda deixaria o uso de tais gadgets bem mais intuitivo.

Apps parecidos são fáceis de usar

Falando em programas mais amigáveis, não há como negar que softwares com interfaces semelhantes deixam tudo bem mais fácil. Hoje em dia, poucas vezes você baixa alguma aplicação e precisa quebrar a cabeça até entender como tudo funciona.

Diversas opções para realizar a mesma tarefa (Fonte da imagem: Reprodução/Baixaki)

Com menus semelhantes e atalhos parecidos, você pode sempre aproveitar a sua experiência com outros softwares para utilizar o seu novo programa. Em um widget de tempo, você sabe que apertando no relógio acessará os alarmes, enquanto as ferramentas de pinça brincarão com o zoom dentro de um game ou, então, que selecionando um texto e segurando o dedo sobre ele você terá ferramentas de recortar e colar, por exemplo.

O fato, no entanto, é que isso também pode trazer o seu lado negativo. Essa chamada homogeneização do mercado pode acabar deixando muitos clientes e desenvolvedores bem mais preguiçosos, vamos dizer assim, algo que não é bom para nenhum dos lados.

Enquanto nós, usuários, exigimos programas cada vez mais fáceis de utilizar, buscando aqueles que nos dão tudo “de mão beijada”, os responsáveis por criar novidades acabam estagnados. Basta algum software fazer sucesso para que dezenas, centenas de aplicativos extremamente semelhantes invadam rapidamente as lojas de aplicativos.

Não é exclusividade dos pequenos

Você pode até pensar: “Mas copiar assim é coisa de desenvolvedor pequeno”. Isso pode até ser verdade, mas também não significa que os gigantes do mercado não estão de olho em tudo o que as outras empresas, sejam elas pequenas, médias ou grandes, andam fazendo por aí.

Qualquer semelhança com GTA é mera coincidência (Fonte da imagem: Reprodução/Baixaki)

Pois é, as gigantes também não ficam de fora dessa. A Gameloft, uma das principais desenvolvedoras de jogos móveis do mercado, por exemplo, faz de tudo para apresentar ao público games parecidos com os principais sucessos das outras plataformas, trazendo títulos muito semelhantes com os grandes Need for Speed, GTA e Call of Duty, entre vários outros.

Outro grande exemplo é o novo visual do Windows 8 (e também do Windows Phone 8) que foi influenciado – e também exerce grande influência – nos diversos outros ambientes frequentados por nós, incluindo páginas da internet, sistemas e aplicativos. Botões grandes e coloridos e imagens destacadas são a nova tendência de mercado.

Receita de sucesso

Nessas situações, seguir os outros e simplesmente copiar os programas pode não ser a melhor solução. E, para exemplificar isso, vale lembrar uma das principais leis do marketing, que diz que, para você vencer os seus concorrentes, precisa mostrar aos seus clientes que possui algum diferencial competitivo.

Pegue um sucesso e o torne ainda melhor! (Fonte da imagem: Reprodução/Baixaki)

Dessa forma, não adianta muito você chegar oferecendo aquilo que outras empresas (e programas) já são capazes de fazer. Ou seja, a melhor forma de manter os softwares amigáveis seria não só repetir uma fórmula de sucesso, mas, sim, aprimorá-la, tornando-a cada vez mais atraente para nós, ávidos consumidores de programas portáteis!

Uma grande lista de exemplos pode ser citada nesse caso – principalmente quando falamos do mundo dos games. O mais recente sucesso das plataformas móveis, Candy Crush, pegou uma fórmula extremamente utilizada nos jogos, trazendo algo semelhante com o clássico Bejeweled.

A diferença, nesse caso, é que eles adicionaram quebra-cabeças, mudaram o estilo das peças e conseguiram criar um ambiente totalmente diferenciado, o que atraiu rapidamente milhões de jogadores. Ou seja, mesmo com você sabendo que ele é um game no qual é preciso juntar pedrinhas coloridas – e que isso é algo bem parecido com outros títulos que você já conhece –, isso não importa, pois o game conseguiu se diferenciar, trazendo algo novo e divertido.

É mais barato

O fato é que, de certa maneira, seguir uma fórmula já testada também é uma maneira mais segura de você investir no desenvolvimento de um programa. Vale lembrar que o mundo portátil deu mais espaço para empresas pequenas e programadores solitários, que podem se arriscar no lançamento de jogos e programas praticamente independentes.

Dessa forma, um cenário acaba se reproduzindo com bastante frequência: “Se ‘fulano’ está ganhando dinheiro com determinado software, nada de perder tempo fazendo extensas pesquisas e desenvolvimento; vamos lançar uma ferramenta bem parecida e morder uma parte desse mercado”.

Originalidade vale a pena

Além de adaptar e melhorar propostas já existentes, ainda há (muito) espaço para inovação dentro das plataformas portáteis. Vale lembrar novamente que estamos falando de algo relativamente recente – e que influenciou totalmente na maneira como lidamos com as mais diversas situações.

Samsung: explorando ainda mais os recursos das telas de toque (Fonte da imagem: Divulgação/Samsung)

Nesses cerca de sete anos vivendo com os smartphones, nós com certeza ainda não pudemos aproveitar tudo o que esse tipo de equipamento tem para nos oferecer. Por isso, buscar a inovação ainda pode ser uma das principais formas de você conseguir se destacar no mercado.

A Samsung, por exemplo, vem investindo bastante nas suas canetas inteligentes, as chamadas S-Pen. Se de início a companhia encontrou certa rejeição com relação ao recurso, hoje em dia a popularidade dos Galaxy Note tem feito a empresa expandir cada vez mais essa linha. E quem utilizou os últimos gadgets com a caneta, como o Note 8.0, por exemplo, pôde perceber que as possibilidades apresentadas pelo recurso são enormes.

Outro grande exemplo é o WhatsApp. A companhia conseguiu trazer inovação para uma ferramenta extremamente batida no mercado, simplesmente permitindo que as pessoas pudessem trocar mensagens de maneira fácil e objetiva – algo que vem praticamente matando as tradicionais SMS.

Conversando de forma fácil (Fonte da imagem: Divulgação/WhatsApp)

A verdade é que nós também somos resistentes a mudanças muito drásticas, de forma que em muitos casos a releitura e aprimoramento de uma determinada aplicação, como citamos acima, acaba sendo a forma mais interessante de se apresentar uma novidade no mercado móvel. Assim, grandes novidades nos programas e nessas plataformas devem continuar aparecendo de forma lenta, com desenvolvedores e empresas fazendo tudo com mais calma do que nunca.

E você, o que acha de tudo isso? Curte tem centenas de opções de programas parecidos ou acha que falta inovação nesse mercado? É bom ter interfaces semelhantes ou novidades poderiam aproveitar melhor o que os smartphones têm para oferecer? Não deixe de participar!

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