Smartphones ficaram 88% mais caros em um ano no Brasil. O que explica o aumento?
Levantamento da IDC aponta que a alta no preço de celulares é causada por fatores em conjunto, como novos recursos nos aparelhos e questões econômicas globais.

20/05/2025, às 13:00
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Você trocou de smartphone nos últimos meses e notou uma alta considerável no valor de aparelhos que deveriam estar em uma mesma faixa de preço? De acordo com um levantamento da empresa de consultoria IDC, isso realmente aconteceu no Brasil.
A companhia analisou lançamentos entre os primeiros três meses de 2024 e comparou com o mesmo período deste ano. Segundo o relatório, o valor médio dos dispositivos saltou de R$ 1.361 para R$ 2.557.
Esse aumento repentino parece ter pesado na própria decisão do consumidor em adquirir ou não um novo aparelho: a venda de celulares caiu pouco menos de 10% nesse período e, caso a previsão da IDC esteja correta, 2025 será o período de menor desempenho em volume de aparelhos comercializados no país dos últimos seis anos.
Por que os celulares estão mais caros?
Ainda segundo a IDC, o cenário é desfavorável no geral para o mercado de eletrônicos, inclusive no caso de smartphones. Uma série de fatores combinados contribuiu para o aumento nos preços, incluindo:
- a decisão das fabricantes de implementar recursos como inteligência artificial (IA) e 5G em toda a linha, aumentando o custo por unidade;
- a preferência do consumidor por modelos premium, que demoram mais para serem substituídos;
- o dólar alto no período, além do encarecimento do crédito;
- aumento de custos logísticos e um cenário de incertezas tarifárias;
A questão da composição dos aparelhos é uma das que mais pesa no valor final, já que independente de questões de mercado. A adoção de recursos mais modernos, como ferramentas de IA, normalmente exige o uso de componentes mais poderosos e custosos, como no caso de chips modernos.
Dessa forma, até mesmo dispositivos que há poucas gerações eram vistos como de grande custo-benefício acabam encarecendo para manter a faixa de lucro da fabricante.
No caso dos fatores econômicos, há ainda um clima de dúvida sobre como isso ainda vai impactar o valor dos smartphones ao longo deste ano. As tarifas globais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já mudaram diversas vezes e geram reações mistas.
A Acer, por exemplo, já reconheceu que um aumento no preço de eletrônicos fabricados na Ásia é inevitável ao menos nos EUA — mesmo com adaptações nas linhas de produção, vários componentes ainda são importados e seriam impactados pelos impostos. A Apple, por outro lado, tende a não colocar a culpa em Trump por um eventual encarecimento.
O que a indústria vai fazer para mudar isso
O levantamento traz ainda uma análise do cenário, que é considerado "desafiador", e de ações que as companhias podem ou já estão adotando para melhorar o próprio desempenho no país:
- voltar a lançar aparelhos mais em conta para reconquistar o consumidor, como aparelhos de entrada — como o recente Galaxy A05 5G — ou versões 'lite', que é o caso do iPhone 16e;
- ampliar a venda de smartphones em parceria com operadoras, que costumam ter promoções vinculadas a planos;
- maior procura por fabricação local de eletrônicos e venda regionalizada desses aparelhos, como a Apple e a fábrica em Jundiaí, São Paulo;
- chegada ou fortalecimento de marcas para trazer ares novos ao mercado, especialmente chinesas, como no caso da Jovi e da Oppo;
A fabricante Motorola recentemente lançou uma nova geração de smartphones dobráveis, inclusive com lançamento no Brasil. Quer saber o que mudou de uma linha para a outra? Veja o comparativo do TecMundo!
Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.