Bloodhound SSC: o veículo terrestre que quer chegar a 1.600 km/h

4 min de leitura
Imagem de: Bloodhound SSC: o veículo terrestre que quer chegar a 1.600 km/h

Ampliar (Fonte da imagem: Divulgação/Bloodhound SSC)

Você provavelmente já viu, ao menos pela televisão, um carro de corrida em ação. E, se alguns modelos já impressionam por alcançar mais de 400 km/h, o veículo Bloodhound SSC é capaz de deixar qualquer um de queixo caído — em especial os amantes da velocidade.

Isso porque este projeto de automóvel supersônico pretende alcançar a marca de 1.600 km/h, ultrapassando a barreira do som e batendo o recorde mundial que perdura desde a década de 90.

E, como você deve imaginar, para atingir tal feito de maneira eficiente e segura muita tecnologia está envolvida. Aperte os cintos e prepare-se para conhecer um pouco mais sobre os objetivos desta iniciativa, a constituição física do carro e vários fatos curiosos que o cercam.

O projeto

O Bloodhound é um projeto surgido em 2008 e que está sendo conduzido por um conglomerado de empresas, instituições de ensino e o governo inglês, incluindo o exército do país e a respeitada Força Aérea Real (RAF).

Embora a ideia central desse programa seja quebrar o recorde mundial de velocidade atingida por um veículo terrestre, ele visa também promover o desenvolvimento de novas tecnologias e o interesse de jovens estudantes pela física, matemática e engenharia.

O planejamento da equipe responsável pelo Bloodhound SSC, como foi batizado o carro, é finalizar a construção dele até o final de 2014, iniciando os primeiros testes já no ano que vem ainda na Inglaterra. Depois de aferições e possíveis ajustes, o veículo será levado para o Deserto de Hakskeenpan, na África do Sul.

O local foi escolhido a dedo com base em análises de imagens capturadas por satélites levando em consideração sua extensão e formação sedimentar. Contudo, a quebra do recorde está, a princípio, planejada para ocorrer oficialmente apenas em 2016.

A aposta de que o projeto tem grandes chances de ser concluído com sucesso é a presença de profissionais experientes no assunto. Richard Noble, diretor geral do Bloodhound, Ron Ayres, engenheiro aeroespacial, e Andy Green, piloto e oficial da RAF, trabalharam no ThrustSSC, primeiro supersônico terrestre a quebrar a barreira do som no ano de 1997. Os 1.228 km/h alcançados por ele garantem o título de carro mais veloz do mundo até hoje.

Ampliar (Fonte da imagem: Divulgação/Bloodhound SSC)

As especificações

Para uma proposta tão ambiciosa, o Bloodhound SSC não poderia contar com uma configuração nada menos do que surpreendente. A sua propulsão é garantida por um sistema híbrido constituído de uma turbina de jatos Rolls-Royce EJ200, um foguete Falcon Hybrid — que possui 4 metros de comprimento e uma saída com 18 polegadas de diâmetro — e um motor Cosworth CA2010 (18 mil rpm) usado por carros da F1 responsável por bombear o combustível para o foguete.

A combinação de tudo isso atuando em conjunto resulta em 135 mil cavalos de potência, os quais, em teoria, seriam capazes de levar esse automóvel de 7.786 kg à velocidade máxima de 1.680 km/h. Para alimentar tanto poderio de propulsão, o Bloodhound SSC possui um tanque que armazena 800 litros de High Test Peroxide (HTP), uma solução concentrada de peróxido de hidrogênio — componente básico da popular água oxigenada.

Apesar de parecer uma quantia enorme de combustível, ela consegue manter o foguete acionado por somente 20 segundos, isso devido ao consumo de 40 litros por segundo apresentado por esse componente. Após chegar a uma velocidade tão alta, a hora de parar pode ser um problema. Para evitar isso, a frenagem do carro será realizada por um sistema aerodinâmico combinado com paraquedas e freios a disco de carbono.

A segurança do piloto é garantida por uma célula de sobrevivência pensada especialmente para o Bloodhound SSC. Enquanto sua parte frontal é fabricada de fibra de carbono, a parte traseira dessa estrutura é constituída de um conjunto de ligas metálicas. Assim, essa espécie de cockpit chega a ser mais resistente que os usados na F1 e bastante similar com a de um avião de combate militar.

O veículo que pretende ultrapassar a barreira do som possui 13,47 metros de comprimento, 2,28 metros de largura e 3 metros de altura. Outra peculiaridade dele é o uso de rodas forjadas com um metal extremamente resistente e que pesam 95 kg cada.

Ampliar (Fonte da imagem: Divulgação/Bloodhound SSC)

Fatos curiosos

Não é preciso ser um engenheiro ou físico para saber que ultrapassar os 1.600 km/h traz uma série de consequências, ainda mais quando o veículo responsável pelo feito atinge tal velocidade em apenas 55 segundos. Se levarmos em conta a sua aceleração, o Bloodhound SSC chega a ser mais rápido que um projétil disparado por uma Magnum .367.

Alcançar essa velocidade também implica em uma pressão aerodinâmica de 20 toneladas e um ruído de 185 decibéis — o mesmo valor causado pela decolagem de um Boeing 747. Nesse momento, as rodas do supersônico chegam a dar 10.200 voltas por minuto e gera cerca de 50.000 de força g. Com isso, se você colocasse um cubo de açúcar dentro de uma delas, ele pesaria o equivalente a 160 kg.

Aguentar a pressão criada dentro do Bloodhound SSC também não é fácil. O piloto estará submetido a uma variação que vai de 2 g e -3 g durante a aceleração e a desaceleração, respectivamente. E, logo atrás dele, o foguete propulsor estará expelindo fogo a uma temperatura interna de 3.000 °C.

Ao quebrar a barreira do som, o Bloodhound SSC não deixa somente os carros comerciais mais rápidos do planeta comendo poeira, como o Bugatti SuperVeyron que pode chegar aos 460 km/h. Este supersônico é mais veloz que diversos jatos executivos, incluindo o Gulfstream G650 — que beira os 1.000 km/h.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.