Por que os EUA querem drones autônomos capazes de matar

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(Fonte da imagem: Reprodução/TheInfoZombie)

O serviço militar e de inteligência norte-americano continua procurando novas medidas para aumentar a segurança nacional e o efeito de suas intervenções em países estrangeiros que representam algum tipo de ameaça ao país.

Uma das medidas de melhorar a capacidade de resposta e precisão em combate vem da utilização de drones para neutralizar territórios e realizar operações de ataque com equipamentos comandados de maneira remota, sem pilotos nas aeronaves.

Agora, cientistas e engenheiros estão estudando uma maneira de aprimorar o sistema desses drones, com o objetivo de torná-los mais precisos e autônomos. A proposta é fazer com que eles sejam dotados de um mecanismo de análise da zona de conflito e com a capacidade de tomar decisões mesmo sem o comando humano.

O projeto prevê que, com esse sistema, os drones possam realizar operações com maior segurança e diminuir os efeitos colaterais em combates, como a morte de civis e inocentes em áreas urbanas. Outro benefício seria uma maior proteção das aeronaves contra tentativas de controle por hackers.

Porém, a ideia de um mecanismo com força letal que se opera sozinho é bastante polêmica e gera muita controvérsia. Afinal, será que a tecnologia pode dar soluções melhores para zonas de combate e considerar todos os fatores de uma batalha, incluindo o caráter emocional e humano ao decidir a destruição de um alvo?

Autonomia de guerra

O conceito básico por trás de um drone autônomo é que ele seja capaz de superar o pensamento e raciocínio humano e tomar decisões menos emotivas, mais seletivas e com menor dano em uma zona de conflito.

As aeronaves seriam equipadas com um pacote de dados e programações para realizar a análise e a verificação de situações de guerra, e a partir disso dar as melhores soluções de defesa ou ataque.

(Fonte da imagem: Reprodução/Rasheeds World)

Apesar de as intervenções militares com drones terem diminuído no último ano – apenas 21 operações desse tipo foram realizadas em 2013 no Paquistão, contra 122 em 2010, de acordo com a New America Foundation –, esses equipamentos não tripulados continuam sendo uma das armas mais importantes da força bélica americana.

Drones hackeados

Uma das razões de transformar os sistemas de navegação dos drones para mecanismos autônomos é aumentar a proteção das aeronaves contra invasões de hackers. No ano passado, um engenheiro de veículos aeroespaciais disse que, mesmo com um equipamento barato, ele poderia dominar um drone e realizar qualquer tipo de operação com ele.

O mais assustador é que isso não é nenhuma novidade. Aeronaves não tripuladas têm sido hackeadas por anos. Em 2009, oficiais da defesa norte-americana informaram que militantes iranianos conseguiram interceptar gravações em vídeo realizadas por esses veículos com equipamentos de software que não custavam mais do que US$ 26.

Em 2011, um vírus infectou o sistema de controle de drones na base de Nevada, o que gerou uma série de discussões sobre a segurança e o uso de aeronaves não tripuladas. Acredita-se que, com uma tecnologia autônoma e sem o comando humano, invasões como essas sejam muito difíceis de serem realizadas.

Zonas complexas de conflito

Apesar dos argumentos sobre prevenção e proteção do sistema contra hackers, há muita controvérsia no que se diz respeito à eficácia desses equipamentos em zonas de batalha.

Heather Rolf, professora convidada da Universidade de Denver, nos Estados Unidos, percebe que os conflitos hoje em dia, como a guerra civil na Síria, são complexos demais para o entendimento de máquinas autônomas.

“Uma coisa é utilizar esses drones em campo de guerra convencional”, diz a especialista, se referindo a militares lutando em terrenos abertos e longe de cidades. “Mas nós lutamos batalhas assimétricas”, afirma. Rolf acredita que aeronaves autônomas não teriam a capacidade de discernir militantes e civis em um ambiente complexo como uma grande cidade.

(Fonte da imagem: Reprodução/De Spiegel)

É possível imaginar um cenário em que máquinas automáticas de guerra não conseguissem interpretar o movimento de civis e inocentes enquanto tentam escapar ou mesmo lutar pela sobrevivência em meio a um conflito, e acabe tomando decisões de ataque com resultados catastróficos.

Responsabilidade e ética

Por essas razões, muitos especialistas acreditam que um sistema autônomo só poderia ser utilizado em casos muito excepcionais. O diretor do programa de relações dos Estados Unidos com o mundo islâmico, Will McCants, sugere que drones desse tipo poderiam ser eficientes para destruir, por exemplo, mísseis lançados pela defesa aérea síria, sem colocar pilotos ou civis em risco.

(Fonte da imagem: Reprodução/Rasheeds World)

Mesmo assim, ele acredita que a equipe de segurança nacional não vai querer abrir mão do controle do conflito e permitir que as aeronaves tomem decisões de guerra por conta própria. “As consequências de uma falha de um sistema autônomo são piores na opinião pública. Nesse sentido, o erro humano em casos de efeitos colaterais é mais aceitável quando há alguém no comando”, afirma McCants.

E ele tem alguma razão nisso. Afinal, equipar aeronaves não tripuladas com um sistema autônomo de guerra não seria uma forma de tirar a responsabilidade dos governantes sobre uma operação militar? A culpa de um ataque malsucedido seria de quem? E pior, o que fazer caso esse equipamento saia de qualquer forma de controle? Estariam nossas vidas sujeitas à decisão de disparo ou não de uma máquina?

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