George Orwell pode ser considerado um visionário. O autor do livro 1984 (escrito em 1948) retratou um futuro sombrio para a humanidade, em que o governo controlava a população por meio de teletelas, televisores capazes de vigiar os cidadãos.
O aparelho sempre exibia a imagem do “Grande Irmão” (um líder do único partido dominante), transmitindo a sensação de que ele observava a população o tempo todo. Todos os lugares (inclusive as casas dos cidadãos) tinham uma teletela. Não é a toa que o reality show Big Brother adotou esse nome.
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O Big Brother do filme "1984" (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Você acredita estar sempre sendo monitorado? Podemos estar vivendo hoje uma era “Orwelliana”, em que nossos passos são vigiados continuamente. E nem sites da internet, como o YouTube, deixam de nos rastrear.
Bem-vindo ao Big Brother
Desde os ataques do 11 de setembro, a vigilância aumentou no mundo todo. Seja nos shoppings, restaurantes, ruas, lojas e parques, não importa aonde vamos: estamos sendo controlados por câmeras.
Se isso não é o bastante, no começo do ano, foi descoberto que o iPhone registrava secretamente a localização do usuário. Um pouco mais tarde seria revelado que o Android e o Windows Phone também faziam isso. As operadoras também conseguem localizar você: basta apenas estar com o celular ligado (leia a matéria completa a respeito do que as empresas sabem sobre sua localização).
Na internet não é muito diferente. Somos rastreados o tempo todo, em qualquer site que acessamos. Os provedores, os sites de análise comportamentais, as agências de publicidade, o Google, o Facebook. Todos querem saber por onde você “anda” e o que faz na web.
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Recentemente foi descoberto um cookie no Facebook que continuava monitorando as atividades na internet, mesmo depois do usuário fazer logoff na rede social. Os dirigentes da empresa desconversaram, mas admitiram o “erro” e corrigiram o bug.
Não foi a primeira vez que a empresa criada por Zuckerberg enfrenta problemas com privacidade. Em novembro do ano passado, o Facebook admitiu que vendeu dados dos usuários.
As empresas apresentam diversas justificativas para o excesso de controle, algumas até razoáveis e outras sem sentido. Muitas vezes só descobrimos que estamos sendo vigiados quando alguém pesquisa a fundo e descobre um problema desse tipo. Quais as formas que governos e empresas podem estar nos monitorando e que ainda não conhecemos?
Até tu, YouTube?
(Fonte da imagem: Disseminário)
Assim como as teletelas conseguiam exibir e ver ao mesmo tempo, suas visitas banais ao Youtube estão sendo monitoradas também. Enquanto estiver conectado, o site mantém o registro de seu histórico de visualização, e usa os vídeos que você assistiu, os vídeos de que gostou e suas inscrições para “recomendar outros vídeos para você”. Isso quer dizer que eles rastreiam tudo o que você faz. As informações são da página de ajuda do site.
Outro detalhe importante: se sua conta ainda não era vinculada ao Google, agora ela é. Você é automaticamente registrado com sua conta da Google no YouTube. Entende-se por “automaticamente” como algo obrigatório e sem oferecer opções.
Driblando o recurso
Ainda há esperança. Existem alguns caminhos para você se livrar dessa falta de privacidade.
1. Desvinculando o cadastro
Caso sua conta do YouTube seja antiga (feita antes de maio de 2009), você pode desvinculá-la da Google.
2. Múltiplas sessões
Outra opção é manter duas contas ativas, uma para o YouTube e outra para os outros serviços da Google. A empresa permite múltiplos logins dentro do mesmo navegador. Infelizmente, o YouTube não é suportado em sessões adicionais, portanto, você deve logar sua conta do YouTube como a principal. São suportados em logins adicionais os serviços: Gmail, Calendar, Code, Reader, e Sites.
3. Apagando o histórico
Não tão funcional como as outras opções acima, apagar o histórico de visualizações remove o rastreamento. Infelizmente, não há a possibilidade de permitir ou não o arquivamento de histórico.
Espiadinha
É claro que o YouTube não consegue enxergar o que você está fazendo dentro da sua casa, mas sabe de tudo o que você está fazendo dentro do site. Isso é bastante incômodo. A privacidade é hoje uma das principais insatisfações de usuários na internet.
As empresas deveriam ser mais transparentes ao divulgar quais informações são obtidas e quem tem acesso a elas. Também deveria ser fornecida ao usuário a opção de ser rastreado ou não, pelo menos em algumas ações.
Foram as imposições que fizeram do livro 1984 um “futuro a ser combatido”, e é justamente isso que as gigantes da internet andam fazendo: bisbilhotando sem qualquer permissão. Mas dessa “espiadinha” a gente quer distância.
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