Garotas que enviam mensagens de celular têm pior desempenho na sala de aula

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Imagem: The Boston Globe

Que hoje em dia é um desafio para os professores vencerem a batalha contra os smartphones e manterem a atenção dos alunos, isso não se discute. Mas enquanto muitos imaginariam que essa “guerra” na sala de aula seria prejudicial para todos, a Associação Psicológica Americana descobriu que as únicas a saírem perdendo nessa história são as garotas.

As informações são fruto de um estudo recente feito pelo grupo, cujo objetivo era descobrir como o uso dos celulares para o envio de textos influencia em uma série de fatores: se ele atrapalha a capacidade dos alunos em cumprir tarefas; qual o nível de preocupação deles ao enviar mensagens; se eles tentam esconder o comportamento; entre outros.

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Após a coleta dos dados dos testes, os números ficaram bastante claros. Apenas as garotas mostraram uma resposta negativa em sua performance escolar – incluindo notas, envolvimento social e a própria sensação de ser academicamente competente – com o uso de smartphones.

Garotos usam a internet para enviar informação, enquanto garotas a usam para interação social e nutrir relacionamentos.

E o motivo para essa enorme diferença? Não foi uma questão de frequência de envios de mensagens, já que tanto garotos quanto garotas enviam um bom número delas diariamente, mas sim do propósito no envio das mensagens.

Frequência vs. Compulsividade

Para quem fica confuso, Kelly M. Lister-Landman, pesquisadora-chefe do estudo, explica: “Usando como base o que nós sabemos da comunicação da internet, pesquisas anteriores mostraram que garotos utilizam a internet para enviar informação, enquanto garotas a usam para interação social e nutrir relacionamentos.”

Isso, por sua vez, gera nas garotas um comportamento compulsivo, que é o verdadeiro fator problemático. “O envio compulsivo de textos é mais complexo do que apenas a frequência. Ele envolve tentar e falhar em diminuir o envio de textos, ficar na defensiva quando desafiada sobre o comportamento e se sentir frustrada quando não pode fazê-lo”, esclareceu Lister-Landman.

A pesquisadora ainda continua, notando que outros fatores podem agravar a situação: “Garotas neste estágio de desenvolvimento também têm mais tendência que os garotos a ruminar com outros ou engajar em pensamentos obsessivos, preocupados, através de contextos. Dessa forma, pode ser que a natureza do texto que as garotas enviam e recebem seja mais distrativa, assim interferindo em seu ajuste acadêmico.”

Um sintoma para maiores problemas?

Antes que você se preocupe com o futuro da educação no mundo, é preciso deixar bem claro que ainda há muito a ser estudado até que uma conclusão final surja sobre o assunto.

Isso porque, em primeiro lugar, a pesquisa foi limitada a apenas um grupo de 403 alunos, espalhados em 11 escolas de uma cidade semirrural do Centro-Oeste norte-americano, com uma taxa de estudantes analisados predominantemente branca. Além disso, o estudo conteve apenas relatórios feitos pelos próprios alunos; junte esses fatores, e temos informações que podem potencialmente se mostrar errôneas, em um escopo maior.

Garotas [...] têm mais tendência que os garotos a ruminar com outros ou engajar em pensamentos obsessivos, preocupados, através de contextos.

Exatamente por isso os pesquisadores sugerem que, em uma próxima pesquisa sobre o assunto, seja incluído mais que apenas maior variedade de participantes: eles pretendem colocar pessoas para observar os alunos ao enviar textos, analisar gastos mensais de telefone e entrevistar os pais dos alunos, entre outros. “Seria interessante estudar as motivações dos adolescentes para enviar textos, bem como o impacto da multitarefa na performance acadêmica”, adicionou Lister-Landman.

Seja como for, não há como negar que a pesquisa traz pontos válidos a serem analisados. Assim, se você possui filhos que apresentam os comportamentos descritos anteriormente, pode ser uma boa ideia tentar lidar com a questão, para evitar que o problema se torne grande demais para reverter.

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