Imagem de Yoshi's Woolly World
Imagem de Yoshi's Woolly World

Yoshi's Woolly World

Nota do Voxel
85

Uma overdose de fofura que não dá pra resistir

Fãs de jogos de plataforma, comemorem! Felizmente o novo jogo do “cavalo do Mario” não decepciona e garante muitas horas de diversão com uma pegada bem mais light do que outros títulos marcantes como o próprio Donkey Kong: Tropical Freeze.

Desfazendo nós

O primeiro Yoshi’s Island de Super Nintendo é um dos jogos mais icônicos da história graças a Shigeru Miyamoto que, um pouco decepcionado com alguns aspectos de Donkey Kong Country, insistiu em um estilo visual que inicialmente foi rejeitado pela Nintendo.

A qualquer momento que a tela de Yoshi's Island é pausada, o resultado é uma obra de arte.

O desenvolvedor então criou os gráficos que hoje todos conhecemos: uma mistura de aquarela com giz de cera crayon que influenciou os jogos 2D por décadas.

Só que já se passaram 20 anos desde Yoshi’s Island e, infelizmente, nenhum dos outros games da franquia como Yoshi’s Story e até mesmo o mais recente Yoshi’s New Island conseguiram realmente convencer os fãs de que algo memorável estava sendo feito com um dos personagens mais marcantes da Nintendo.

Woolly World pode ser provavelmente o melhor candidato para conquistar esse suado segundo lugar logo atrás do clássico.

Do que se trata?

Yoshi’s Woolly World é o mais novo game da série Yoshi que sempre foi conhecida por seus altos e baixos. O jogo foi desenvolvido pela Good-Feel, os mesmos caras que há alguns anos criaram Kirby’s Epic Yarn e que ao fazerem isso criaram uma nova tendência nos games: a mecânica da lã.

Não se preocupe se seu coração tremeu: a fofura não tem limites.

Os jogadores vão encontrar aqui um título que oferece 6 mundos completamente diferentes para serem explorados e fases recheadas de muita criatividade no design, tanto por causa de toda a ideia da lã, quanto porque a Nintendo simplesmente dominou a criação de jogos de plataforma.

E já que a gente tá falando nisso, é fácil criticar os games desse gênero sem parar um pouquinho pra entender sua história. Hoje os MOBA’s caminham para reinarem soberanos em popularidade em um mundo dominado por jogos de tiro mas da mesma forma que qualquer um consegue se lembrar de, pelo menos, uns 20 FPS’s lançados nos últimos 3 anos, um dia os games de plataforma dominaram o mercado de maneira ainda muito mais extensa e ao não levar isso em consideração fica difícil entender o que pode ter de novo em um jogo desse estilo em 2015 e simplesmente o porque que tantas pessoas gostam deles.

O mapa gigantesco é vivo e a câmera te acompanha ao navegar por ele.

A verdade é que há muito o que se fazer ainda nos jogos de “jogar e pular”, seja revivendo ideias antigas de maneira bem implementada ou criando um sistema mais coeso na sua proposta, e é isso que acontece aqui: há lã em todo o lugar e por bons motivos.

Turistando em Craft Island

Para os exploradores, cada fase de Woolly World deve render entre 10 e 15 minutos já que existe um sistema de colecionáveis que, ao contrário de outros games da Nintendo, te motiva de verdade a querer completar.

O primeiro sistema, e o mais especial, são os novelos de lã. Existem 5 deles espalhados em cada estágio e ao serem recuperados, reconstroem os Yoshi’s que foram destruídos por Kamek no começo do jogo.

Esse é apenas um dos 5 novelos que devem ser encontrados em cada estágio: os chamados Wonder Wool.

Ah é, não falamos disso, né? O jogo tem uma história: na feliz ilha de Craft Island, todos os Yoshis de lã vivem uma vida pacífica até que o sádico magikoopa Kamek aparece para transformar todos em novelos de lã conhecidos como Wonder Wool. No maior clima de confusão, o que normalmente acontece quando todos do seu vilarejo são transformados em lã, dois Yoshis conseguem sobreviver e assumem como desafio maior de suas vidas recosturar seus amigos destruídos pelo poder da mágica. E eles vão até as últimas consequências em nome de uma sede de vingança que brilha como chama em seus olhos.

Os diferentes Yoshi’s são a coisa mais fofa de Woolly World e também a mais recompensadora de se colecionar, mesmo não oferecendo diferença nenhuma na jogabilidade. Pense neles como skins gratuitas que a Nintendo resolveu dar como recompensa para aqueles que quiserem explorar bem os cenários.

Existe um número gigantesco de Yoshi’s para serem colecionados e não dá pra imaginar um jogador que não queira ir atrás de todos eles.

TEMOS que pegar!

Tem Yoshi de melancia, de vaquinha, de fogo e muitos outros, principalmente os liberados pelos Amiibos que costuram o Yoshi para parecer personagens como Mario, Bowser, Samus e tantos outros.

E não quero dar Spoiler mas ainda existem designs especiais que homenageiam a história da Nintendo de uma maneira muito especial.

Além dos novelos, 5 flores em cada fase liberam um estágio especial por mundo, 20 carimbos escondidos dão ao jogador a opção de conquistar, você adivinhou, mais carimbos para usar no Miiverse, naquele mesmo esquema do 3D World, e para os mais hardcore, os coraçõezinhos escondidos nas nuvens com interrogação também aumentam a energia de Yoshi e é só assim que você consegue 100%.

O game inclusive possui dois sistemas para indicar quão completamente você concluiu o cenário: uma estrela no mapa mostra que tudo foi encontrado mas uma flor rosa na tela de resultados recompensa aqueles que fizeram tudo de uma vez só. Para o resultado de conquista do jogo isso não influencia em nada.

E já que a gente chegou aqui, vamos falar sobre a dificuldade.

Você escolhe a dificuldade de maneira totalmente livre

Yoshi’s Woolly World apresenta provavelmente um dos sistemas mais livres de dificuldade na história desse gênero. O jogador que quiser apenas passear por esse incrível mundo de lã quase não vai enfrentar resistência mas, conquistar tudo exige domínio total dos controles e, principalmente, paciência para encontrar os segredos escondidos em um game que oferece tantos colecionáveis.

Além disso, se você quiser ser o bixão mesmo, precisa encontrar todos os novelos, flores, beads com carimbo e terminar de life cheio. Só que o pulo do gato que deixa esse sistema tão livre tá no fato de que, primeiro, você não precisa achar todos os colecionáveis de uma vez só e, segundo, um sistema muito robusto de Power-Ups está implementado, que vão sendo liberados a medida que a gente vai progredindo.

O sistema de Badges é quase uma customização da dificuldade. Algo similar aos Ídolos de Bastion.

Isso quer dizer que quem é sinistrão pode ir no seco e tentar pegar tudo de uma vez, quem for de boa é só passar pela fase e quem quiser pegar tudo mas estiver com dificuldades, pode recorrer a opções como melancias infinitas, mais vida, stomps especiais, não morrer em precipícios ou chamar a ajuda da maior covardia que a fofura pode fazer com um homem adulto: um Poochy feito de lã.

Quem resiste a tanta fofurice?

A única crítica aqui é que se você tentar pegar os colecionáveis em mais de uma jogada, o game poderia mudar a cor do que você já encontrou, mas isso não acontece e é fácil se perder no que já foi conquistado e o que não.

Quanto ao level design, ele pode se tornar repetitivo em alguns momentos mas, na maior parte do tempo, Woolly World surpreende com ideias que marcam o jogador. Em certo momento cortinas que se movimentam revelam que existem dois mundos paralelos para você jogar, e é preciso calcular exatamente em qual um desses mundos você quer aterrisar pois as plataformas de um podem ser os abismos de outro.

Já em outro estágio é preciso costurar e descosturar a armação de arame de um Chomp para levá-lo aonde você quiser e destruir os obstáculos no caminho.

Nesse estágio você deve navegar organicamente por dois mundos, decidindo onde aterrisar.

Essas sacadas com o tecido fazem os gráficos incríveis ganharem vida. Esse não é um game de lã só pra ser bonitinho. Um fio solto se transforma numa passagem secreta e um novelo de lã sobrando aqui, vai ter que virar uma plataforma pra você continuar ali. Tudo parece tranquilo até um Shy Guy com uma agulha avançar pra cima de você e se uma Piranha Plant está te ameaçando, é só mandar uma bolada de lã pra amarrar sua boca.

Ideias assim acontecem o tempo todo e mostram como a Good-Feel se dedicou ao máximo em justificar essa escolha visual. Decisões como essa nos fazem imaginar um futuro onde cada objeto de um jogo seja capaz de ter comportamentos únicos de maneira mais real.

Quanto ao Multiplayer, ele existe mas, mais uma vez, o jogo não foi construído em volta dele. É sempre divertido estar do lado de um amigo e são poucos os casos em que um venha a atrapalhar o outro. Na verdade, como você pode transformar seu amigo em novelo de lã e até mesmo usar o outro Yoshi para pular mais alto, jogar em duas pessoas pode facilitar muito a busca pelos colecionáveis.

Mas, pra fecharmos a parte de gameplay, nem tudo também são flores. Se nos estágios a criatividade sobra, nos chefes ela falta.

Por mais que a fofura toda consiga nos enganar escondendo alguns problemas, prestar atenção no seu design e gameplay revela que infelizmente aqui a Nintendo seguiu o padrão de sempre e, pior, até o fim do game chefes e sub-chefes parecem ideias recicladas de si mesmos. Eles ainda são divertidos, mas de forma alguma inovadores.

Outro problema é que ainda temos as fases bônus onde Yoshi se transforma e elas são incríveis.

Tá, mas qual o problema?

Bem, temos pouquíssimas fases desse tipo no jogo e é impossível não pedir por mais.

Estamos errados em desejar mais Yoshi's motoqueiros?

Agora, o que surpreende mesmo é a trilha sonora. O trabalho realizado por Tomoya Tomita e Misaki Asada foi um dos mais impressionantes que ouvi nos últimos anos em um game. Além de uma produção de altíssimo nível, a trilha conta com uma variedade absurda que vai da bossa nova ao rock, do country ao metal, do samba a world music em temas absolutamente memoráveis e que no mesmo dia já estavam na minha playlist diária.

São muitas músicas e toques especiais como, por exemplo, o detalhe de que o baixo é mais agudo e destacado nas fortalezas e castelos. É impossível que essa trilha não esteja nas listas de melhores do ano e não vai ser surpresa se ela vir a ganhar muitas das votações de diferentes veículos.

Vale a pena?

Yoshi’s Woolly World me surpreendeu e me agradou muito. Eu não estava esperando tanto do game já que parece que nenhum jogo dessa franquia consegue superar o original. Aliás, nem esse supera, mas consegue reimaginar a aventura do Super Nintendo com uma pancada de ideias inovadoras acompanhadas de uma trilha sonora suprema, gráficos absurdos e um fator de fofura mais alto do que vídeos de gatinhos da internet.

Woolly World entra fácil agora na minha lista de plataformas favoritos do Wii U junto com New Super Mario Bros U, Rayman e alguns outros.

Pra ser sincero, a sua acessibilidade e clima tão descontraído fizeram da experiência ao lado de Yoshi algo mais prazeroso e divertido do que as horas que passei com Tropical Freeze. Os dois jogos oferecem pegadas diferentes e, já que falamos de música, Wooly World está para um rock clássico assim como Tropical Freeze para um Heavy Metal. Ambos são fenomenais mas exigem um clima diferente do jogador em cada uma de suas propostas.

Não acredito que esse seja um game que justifique a compra de um Wii U, questão que parece sempre ser importante de se abordar quando falamos desse console incrível mas, se você já é dono de um e por algum motivo não anda dando muita chance a games de plataforma, é impossível não pedir a você que abra um espaço no coração e se permita passar umas boas horas no universo da lã de Yoshi’s Woolly World.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.
Pontos Positivos
  • Gráficos magníficos que te transportam para um mundo vivo.
  • Overdose completa de fofura.
  • Uma das melhores trilhas sonoras do ano.
  • Plataforma de qualidade com muitas ideias bem implementadas.
  • Um jogo perfeito para introduzir novatos aos jogos de plataforma.
Pontos Negativos
  • Poucas fases de transformação do Yoshi.
  • Chefes repetitivos.
  • Mesmo que muitos designs inovadores estejam presentes, o estilo visual com personagens maiores e mais zoom na tela, impossibilita uma liberdade ainda maior dos designers em inovar de maneira radical.