Imagem de Wolfenstein
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Wolfenstein

Nota do Voxel
78

Realidade e fantasia se confrontam no conturbado retorno de Wolfenstein.

O gênero FPS (First Person Shooter ou tiro em primeira pessoa, numa tradução livre) é um dos mais marcantes da história dos videogames. Doom foi um dos grandes responsáveis pela sua popularização, mas, antes dele, já existia outro jogo, também muito importante, no qual o gamer encarnava o protagonista na perspectiva de primeira pessoa. Trata-se de Wolfenstein 3D.

Lançado em 1992, o game colocava o jogador na pele do lendário espião William “B.J.” Blazkowicz, que tinha como objetivo acabar com todo o regime nazista enquanto armava sua fuga do Castelo de Wolfenstein. O título envolvia todo o clima da Segunda Guerra Mundial, mas sob uma visão mais fantasiosa, contando também com elementos de ficção científica. O último chefe era ninguém menos que o próprio Adolf Hitler vestido com uma armadura robótica equipada com quatro metralhadoras giratórias.

Wolfenstein 3D conquistou praticamente todos os jogadores da época, e se tornou um clássico instantâneo. O game também era visto como um exemplo para os novos jogos, e a essência de sua fórmula continua sendo utilizada até os dias de hoje. Em 2001, a franquia foi revitalizada com Return to Castle Wolfenstein, game que também foi aclamado pela crítica e pelos jogadores.

Finalmente, após anos sem ouvirmos falar em B.J. Blazkowicz, a Raven Software, com ajuda da lendária id Software, revelou que um novo Wolfenstein seria lançado para as plataformas da atual geração. O PlayStation 3, Xbox 360 e PC estavam destinados a receber mais um jogo de uma das franquias mais importantes de todos os tempos. Mas será que ela foi honrada? Veremos.


Uma Segunda Guerra diferente

Bem, se você é um fã de Return to Castle Wolfenstein, terá tudo o que esperava neste game. Nada além ou aquém. Wolfenstein é um jogo bacana, tem suas falhas e, em alguns momentos, é genérico, mas não deixa a desejar. Os tiroteios contra nazistas ainda estão presentes e convencem, e o grande diferencial, a possibilidade de acessar a misteriosa dimensão Veil, ajuda a caracterizar o título. Em suma, Wolfenstein continua fiel à suas origens, mesmo sem ser tão impactante.

A trama do jogo ainda envolve o lendário William “B.J.” Blazkowicz em sua luta contra os nazistas. Entretanto, desta vez há mais um elemento em jogo: uma misteriosa força chamada Black Sun. Os nazistas buscam encontrar um artefato que controla este poder para dominá-lo e utilizá-lo como vantagem. É aí que você entra em ação. Seu objetivo é simples: impedir que os nazistas consigam o que querem. Mas nem tudo é tão simples assim, e o que é ruim se torna ainda pior.

E você com medo dos nazistas...

Além de enfrentar nazistas durões, você também encontrará inimigos com poderes sobrenaturais, realmente difíceis de serem lidados. O fato é que você encontrará uma grande diversidade de inimigos em seu trajeto, e ainda passará por locais utópicos com elementos fantasiosos.

Mas, vamos ao que interessa. Após iniciar o game, você será apresentado a uma CG que tenta resumir um pouco o que rolará no game. Sem dúvidas, uma bela animação da equipe de desenvolvimento, mas infelizmente ela é a única decente do game, pois todas as outras não receberam o mesmo capricho.

Arsenal de outro mundo


O modo campanha do game é relativamente longo, com cerca de 12 horas de duração. Ele se comporta de maneira linear nos níveis de ação, mas conta com uma “cidade-eixo” que será importantíssima para o jogador. Nesta cidade, o gamer acessa os locais importantes, como o mercado negro e os quartéis generais das duas facções aliadas, e embarca nas missões.

E nesta cidade que você também terá a chance de aprimorar suas armas com a grana obtida durante cada nível. É possível personalizar seus brinquedinhos de várias maneiras, adicionando silenciadores, redutores de coice e muito mais. Entretanto, alguns itens só são disponibilizados ao concluir determinadas missões, algo que pode frustrar o jogador.

Quem precisa de uma shotgun? Falando em armas, Wolfenstein conta com um belo arsenal para destruição. Além das clássicas armas da Segunda Guerra Mundial, como a MP40, você também terá acesso a equipamentos mais, digamos, sofisticados. A Tesla Gun, uma poderosa arma que libera fortes correntes de eletricidade, é apenas um dos exemplos. Há também a Particle Cannon, uma poderosa arma capaz de reduzir os nazistas a cinzas.

Felizmente, estas não serão suas únicas vantagens contra o exército inimigo. No início do game, o jogo pode parecer apenas mais um FPS, sem qualquer diferencial. Entretanto, após alguns minutos, você perceberá que Wolfenstein consegue impor respeito com seu diferencial. Trata-se do Veil, um recurso que altera a dimensão, e a experiência, do game, permitindo que o jogador realize ações sobrenaturais.

Dimensão alternativa


Esta dimensão alternativa fornece ao jogador um total de quatro habilidades diferentes. Se você já jogou The Darkness, espere por algo parecido a força infernal do game. As habilidades são desbloqueadas conforme o jogador progride pelo game. Você terá como diminuir a velocidade do tempo, criar escudos e mais. As habilidades especiais também podem ser aprimoradas no mercado negro da cidade, assim como as armas.

Sem dúvidas, você as utilizará com muita frequência. Em alguns momentos, você só poderá prosseguir se acionar o Veil, pois algumas passagens só podem ser vistas nesta dimensão. Além das passagens secretas, você também notará que existem seres voadores que habitam o Veil. Eles são inofensivos, mas podem atacá-lo se você tentar destruí-los.

Além disso, diminuir o tempo é uma excelente estratégia para detonar os inimigos mais poderosos, como os subchefes, por exemplo, que aparecem com frequência no game. Nesta dimensão alternativa, você também poderá visualizar os pontos fracos de cada oponente, o que facilita o conflito. O bacana é que o efeito é ativado em tempo real e, instantaneamente, o ambiente é alterado.

A dimensão de Veil

Entretanto, em alguns momentos você talvez nem precise utilizar estes artefatos para avançar. A inteligência artificial do jogo muitas vezes demonstra-se fraca, e os inimigos simplesmente ignoram as granadas que você lançou, por exemplo. Há também momentos em que você fica preso por paredes invisíveis, algo muito frustrante.

Tiros e muita ação


Mas, em geral, os níveis do game são cobertos por ação, e não deixam a desejar. Depois de entrar nas fases, você não terá muitos problemas para avançar em sua jornada. O gamer conta com o auxílio de uma bússola, que nem sempre serve como ajuda, e deve seguir um caminho relativamente linear, cumprindo os objetivos que são indicados no menu.

Em alguns momentos, é bem provável que você fique sem saber o que fazer, pois as direções podem ser confusas. O jeito é abusar do Veil para encontrar supostas passagens secretas. Obviamente, este poder não é infinito, basta observar o medidor no canto inferior da tela para notar quanto falta para acabar. Entretanto, além de poder ser aprimorado no mercado negro, ele também se recarrega automaticamente após um tempo. Se você preferir, pode procurar pelas fontes de Black Sun que estão espalhadas pelo mapa para recarregar com mais velocidade.

As lutas contra os chefes normalmente exigem que o jogador ataque utilizando todas suas habilidades, bolando estratégias para detonar os monstrengos — os tiros nem sempre dão conta do recado. Particularmente, estas batalhas são excelentes e muito divertidas.

Bom, mas poderia ser melhor


Em questão de dificuldade, Wolfenstein apresenta momentos fáceis e outros nada agradáveis, em que você terá grandes chances de morrer. Alguns inimigos podem finalizar o jogador com apenas algumas pancadas, o que torna o jogo realmente frustrante, quebrando todo o ritmo da ação.

Outro fator que pode irritar o jogador é a própria cidade-eixo do game. Após terminar cada nível, você terá de retornar para o local e perambular até encontrar o próximo nível. Antes disso, é bem provável que você tenha de conversar com os membros das demais facções e enfrentar mais inimigos. Sim, os inimigos também invadem a cidade. Existem alguns pontos em que você sempre encontrará companhia, obrigando-o a finalizar os inimigos para chegar ao nível. Uma adição que atrasa o game e que poderia ter sido deixada de lado.

Alguns inimigos são realmente chatos

Em suma, o modo campanha de Wolfenstein é bacana, mas poderia ser melhor. O maior problema talvez esteja nesta mistura de mundo aberto e linear, uma tentativa frustrada da desenvolvedora de evitar uma experiência repetitiva. Mas, felizmente, quando a pancadaria começa, o tiroteio se comporta de maneira adequada, e utilizar o Veil também se torna algo intuitivo.

Esta bela mistura entre ficção e realidade é o principal foco do game. Infelizmente, a equipe de desenvolvimento poderia ter caprichado um pouco mais nos gráficos — o game conta com uma versão aprimorada da engine de Doom 3 — e em outros detalhes, algo que poderia ter consolidado Wolfenstein como um excelente game.

Os visuais do game sofrem de altos e baixos. Os efeitos de luz e, principalmente, das explosões são realmente ultrapassados. Entretanto, acionar o Veil é algo muito bonito, e os efeitos de partícula também atraem. As texturas, em geral, são boas, mas a modelagem pode deixar a desejar em alguns instantes. Pode-se dizer que Wolfenstein é um jogo com gráficos padrões. Mas, as cutscenes são horríveis, com resolução baixa e visual muito inferior ao próprio game.

Em compensação, o áudio é espetacular. Basta fechar os olhos e ouvir a fantástica trilha sonora orquestrada do game, que se encaixa perfeitamente nos momentos de ação. O ruído das armas também é convincente, e isso contribui significativamente para a experiência do game. Parabéns a equipe.

Quase lá

Jogar sozinho é mais divertido Wolfenstein também apresenta um modo multiplayer online com diversas modalidades diferentes. Dentre elas, está o clássico Team Deathmatch, em que os jogadores são divididos em duas equipes. Mas, além disso, há também modos em que se deve cumprir objetivos distintos, como cuidar de bases e outros. Você também poderá utilizar o Veil em determinados modos, e ganhará pontos para conseguir novas armas e classes.

Entretanto, sofremos muito com o lag do multiplayer. Mesmo com uma conexão de qualidade, é praticamente impossível jogar em servidores internacionais. Outro fator que incomoda é o fato de que há uma perda de qualidade gráfica significativa no modo multiplayer. As texturas se tornam borradas, e a modelagem também sofre nas partidas contra jogadores humanos.

Wolfenstein retornou, mas certamente sem o mesmo impacto de Wolfenstein 3D. O game conta com uma proposta interessante e até diferenciada, mas seus defeitos, e a falta de polimento da desenvolvedora, impedem sua decolagem. Mesmo assim, atirar em nazistas, ainda mais com armas e poderes sobrenaturais, é sempre divertido.

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