Imagem de Unravel
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Unravel

Nota do Voxel
75

Um novelo repleto de potencial que não se desenrola da maneira esperada

Os créditos iniciais de Unravel se diferem daqueles vistos em outros games. Antes mesmo de você ter a oportunidade de jogar, um texto criado pelos desenvolvedores agradece sua compra e deixa claro que o que você tem em mãos não é somente um jogo, mas sim uma experiência sentimental.

Diante disso, a reação natural é se preparar para uma aventura repleta de momentos emocionais e que tenham uma mensagem clara a transmitir. Infelizmente, o que encontramos não é bem isso: sob a batuta da Electronic Arts, a Coldwood Interactive criou um jogo de plataforma com altos valores de produção, mas que nunca deixa claro seu verdadeiro propósito.

Exploração baseada em física

Unravel se inicia com a imagem de uma senhora idosa subindo as escadas e deixando cair um novelo de lã. A partir desse objeto se forma Yarny, a criatura misteriosa que você vai controlar durante toda a aventura.

As diferentes fases do game são acessadas através do que parece ser a sala da idosa, que contém alguns elementos interativos através dos quais você pode começar a se acostumar com as mecânicas básicas. Além de balançar entre diferentes pontos tal qual o Homem-Aranha, o personagem pode criar pequenas plataformas amarrando dois pontos diferentes do cenário e arrastar alguns itens específicos.

Os movimentos básicos do herói são usados para navegar por ambientes como pântanos, praias e montanhas. Esses locais são pontuados com figuras de luz representando pessoas reais, que se desfazem e são incorporadas ao protagonista conforme ele passa por determinados locais — independente da fase, seu objetivo sempre é pegar uma nova peça de lã encontrada no final do trajeto para retornar à área central.

Caso você já tenha certa experiência com games como Limbo e LittleBigPlanet, não vai demorar muito tempo até entender o que é preciso fazer para progredir. Infelizmente, a Coldwood Interactive parece ter decidido “jogar seguro” e não traz muitos elementos novos ao gênero — e o pior, repete várias vezes os mesmos desafios ao ponto de fazer o jogador se cansar deles.

Isso não significa que a experiência em si é ruim, ela simplesmente não adiciona nada de realmente novo a um gênero rico em opções. O principal diferencial de Unravel é o fato de seu personagem ser formado por novelos de lã e ir se desenrolando lentamente conforme você progride — o que limita um pouco sua área de exploração.

Porém, esse elemento de diferenciação é usado de forma um tanto limitada: somente em um labirinto senti que era realmente importante prestar atenção na rota que estava seguindo de forma a evitar que o personagem chegasse a seu limite. Também não ajuda o fato de que essa restrição parece ter sido implementada de forma arbitrária e nunca é possível saber exatamente o quanto o personagem pode se afastar de um dos pontos em que “recarrega” sua lã (que também servem como checkpoints).

Os momentos em que Unravel brilha são os mais contemplativos, que geralmente ocorrem quando Yarny se depara com alguma visão bonita ou assustadora. Nessas ocasiões, o trabalho de animação da equipe responsável pelo game ganha destaque e é possível perceber o que o personagem está sentindo somente por sua postura corporal — é difícil não se sentir ao menos um pouco empolgado na cena em que ele está comemorando a resolução de um puzzle, por exemplo.

Altos valores de produção

O apoio técnico (e o dinheiro) da Electronic Arts beneficiam muito a parte visual e técnica de Unravel. Não somente a textura de lã de Yarny, mas também os ambientes pelos quais ele passa estão repletos de detalhes de alta qualidade que vão conseguir surpreendê-lo e fazê-lo se esquecer de que está jogando um game “independente”.

Entre os principais destaques estão as áreas em que você deve caminhar sobre pilhas de folhas enquanto observa diversos elementos se movimentando em segundo plano. Também devemos destacar a maneira como os desenvolvedores representaram a água e vários dos animais com os quais o protagonista interage (geralmente fugindo) durante sua aventura.

Os efeitos de iluminação também merecem destaque, especialmente em áreas subterrâneas nas quais pequenas fissuras deixam o sol entrar e permitem ver o que é preciso fazer. Em alguns momentos, a sensação que fica é a de estar assistindo a algum filme da Pixar — algo que reforçado pelo visual carismático do protagonista.

A trilha sonora também chama atenção, oferecendo faixas instrumentais que combinam com o jogo e transmitem um clima de tranquilidade ao jogador. Os efeitos sonoros surgem de forma discreta, sendo a música de fundo o elemento mais notável nesse sentido, especialmente quando ela muda de forma dinâmica dependendo da situação em que você se encontra.

Assim como acontece com outros produtos com o selo da Electronic Arts, Unravel possui valores de produção indiscutivelmente altos. Infelizmente, parece que isso não se aplica tanto à maneira como os objetos do game são apresentados: muitos deles não parecem ter o peso adequado, e algumas das texturas utilizadas fazem com que alguns itens pareçam deslocados do mundo apresentado ao jogador.

Potencial não desenvolvido

Conforme exposto na introdução desta análise, o novo game da Coldwood a todo tempo parece tentar transmitir uma mensagem ao jogador, mas soa incapaz de transmiti-la da forma adequada. A ideia de algo mais profundo ou sentimental surge diversas vezes, mas nunca vai além de pequenos relances que logo são ignorados por mais um quebra-cabeças que envolve arrastar objetos de um canto para outro.

Ao contrário do que acontece com Journey — outro game introspectivo com um protagonista silencioso —, simplesmente não consegui me conectar emocionalmente com Unravel. Yarny é bastante carismático e, mesmo longe de original, a aventura é divertida o suficiente para entreter durante algumas horas — no entanto, sempre parece que falta algo capaz de “ligar os pontos” e fazer do título algo maior.

Mesmo não considerando Unravel uma experiência memorável, não consigo deixar de recomendá-lo para quem procura um jogo de plataforma agradável. Contando com um preço de lançamento relativamente acessível e altos valores de produção, o game parece se encaixar bem no intervalo entre um título independente e um grande lançamento triplo A — categoria que sumiu nos últimos anos com o fim da THQ.

Em resumo, a experiência criada pela Coldwood tem seu coração no lugar certo, mas sofre com problemas de execução que a impedem de desenvolver todo seu potencial latente. Forte na nostalgia e no estilo, o game tem como principal pecado entregar uma experiência que, no final das contas, é somente “ok” e pouco se destaca em meio a um mercado repleto de opções mais completas.

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Pontos Positivos
  • Grandes valores de produção
  • Yarny é um protagonista muito carismático
  • Quebra-cabeças que desafiam o limite de movimento do protagonista
Pontos Negativos
  • História com potencial mal desenvolvido
  • A maioria dos quebra-cabeças aposta na repetição das mesmas mecânicas
  • Alguns bugs que fazem o personagem ficar preso nos cenários