Tower of Guns é descrito por seus desenvolvedores como um game do gênero “bullet-hell roguelike em primeira pessoa”. Na prática, o título mistura diversos elementos de gêneros populares para criar uma experiência que, se não totalmente única, se mostra divertida o suficiente para preencher períodos curtos de tempo.

O “FPS para intervalo de almoço” adota uma estrutura baseada em níveis aleatórios nos quais seu único objetivo é sobreviver às ameaças que surgem pelo caminho. Fazendo jus a seu título, os níveis estão repletos de armas automáticas e bombas cujo único objetivo é impedir que você chegue vivo até seu destino.

Você só vive uma vez

Ao contrário de outros jogos de tiro do mercado, nos quais a morte não tem qualquer impacto, em Tower of Guns a partida chega ao final assim que o jogador perde a vida — algo que deve ser frequente, especialmente quando você ainda não está habituado ao título. Com isso, seu objetivo primordial é descobrir o quão longe consegue progredir sem sucumbir aos ataques inimigos — que se tornam cada vez mais poderosos conforme você avança.

À medida que você vai adiante nas fases, coleta uma série de cápsulas coloridas que podem recuperar sua energia (aquelas na cor vermelha) ou aumentar o poder de sua arma principal (com a cor azul). Além disso, após o jogador adquirir alguns dos itens especiais disponíveis passam a surgir elementos na cor dourada que recarregam a capacidade de utilizar esses equipamentos.

Nas fases mais avançadas, você também é premiado com alguns cartões que expandem sua capacidade total de energia e garantem a capacidade de provocar mais danos, entre outros efeitos. Embora seja fácil sentir que o nível de dificuldade do game aumenta de forma frequente, esses recursos garantem que a experiência permaneça balanceada em toda a sua duração.

Além de salas “normais”, em determinados intervalos de tempo você vai ter que enfrentar um dos vários chefes preparados pela equipe de desenvolvimento. Esses são os momentos que realmente vão testar sua habilidade, visto que a maior parte dos confrontos não permite usar as táticas de proteção normalmente disponíveis nas salas comuns.

Independente de seu desempenho nas fases, o game possui um caráter de evolução permanente que afeta todas as rodadas das quais você participa. Conforme o jogador cumpre determinadas condições, são destravadas novas armas e habilidades especiais que podem ser equipadas antes de uma nova partida ser iniciada.

Jogo para a “hora do almoço”

Apresentando fases relativamente curtas, Tower of Guns é o tipo de game ideal para ser aproveitado em intervalos curtos. Cada “rodada” dura entre 40 minutos e uma hora e, independente da maneira como ela termina (com você completando todos os desafios ou morrendo), o game sempre deixa uma sensação de satisfação após esse período.

No entanto, longas maratonas não são recomendadas, pois entregam o aspecto um tanto quanto repetitivo do título. Embora a combinação aleatória de fases garanta que vai demorar até você passar novamente pelo mesmo cenário, a maneira de lidar com cada desafio apresentado logo se torna clara, assim como quais são as melhores táticas para lidar com os chefes — cujo número é mais limitado do que a quantidade de fases geradas pelos desenvolvedores.

Caso você esteja cansado da estrutura limitada da aventura principal, é possível participar de um “modo infinito” que só é encerrado quando você desiste ou morre. Nesse caso, esteja preparado para sentir que o grau de dificuldade do jogo não avança muito após certo tempo — o que reforça seu caráter de “opção para a hora do almoço”.

Uma solução encontrada pelos desenvolvedores para diminuir um pouco essa sensação de repetição é o uso de pequenos arcos de história cuja seleção ocorre de maneira aleatória. Surgindo de forma discreta a cada vez que você mata um chefe, esses pequenos diálogos possuem caráter humorístico e até mesmo ajudam a revelar alguns segredos do processo de desenvolvimento do título.

Infelizmente, esse recurso também aparece de maneira um tanto limitada e logo se torna um tanto repetitivo. Para evitar ter que lidar com essas pequenas histórias sempre que inicia uma partida descompromissada, basta acessar o menu de configurações do jogo e marcar a opção que as desabilita.

Problemas técnicos

O termo “bullet hell” usado pelos desenvolvedores do game normalmente se aplica a títulos de nave nos quais a tela é preenchida por uma quantidade absurda de disparos — um verdadeiro “inferno de balas”. Apesar de impressionante, o efeito costuma trazer consigo uma queda notável na taxa de quadros por segundo dos jogos em questão — algo que Tower of Guns infelizmente também apresenta em vários momentos.

Mesmo jogando no PC, o título é marcado por situações em que os movimentos de seu personagem e dos inimigos se tornam semelhantes a uma exibição de slides. Nessas horas, não há muito a fazer a não ser continuar apertando o botão de disparos e aguardar até que o desempenho do título volte a parâmetros normais — esperando não morrer acidentalmente por conta de algum ataque adversário.

O que torna esse aspecto especialmente preocupante é o fato de que Tower of Guns não se destaca muito por seu visual.  Exibindo cenários e texturas funcionais, mas simples, o game parece não exigir muito do poder do hardware utilizado para rodá-lo, o que só torna evidente que os momentos de lentidão se tratam basicamente de fruto do descuido de seus programadores.

Vale a pena?

Tower of Guns é um game ideal para momentos de descontração nos quais você não quer ter que se preocupar com mecânicas complicadas ou histórias densas. O jogo se destaca especialmente caso você invista em rodadas curtas, usando o título como uma distração temporária ou como um “intervalo” entre games mais densos.

No entanto, não recomendamos investir em partidas muito prolongadas. Nesse caso, ele pode se mostrar um tanto repetitivo e é difícil não sentir que sua mistura de mecânicas não possui substância o suficiente para justificar um grande investimento de tempo.

O principal problema fica por conta das quedas na taxa de quadros por segundo, que acontecem em todas as plataformas nas quais ele está disponível. Embora isso seja algo contornável com atualizações futuras, não deixa de ser um fator que pesa contra um título que se orgulha do “inferno de balas” que faz o jogador enfrentar.

Em resumo, Tower of Guns é uma opção divertida, mas que não deve ser prioridade na biblioteca de seu console. Caso esteja em busca de uma diversão rápida e descompromissada, o jogo cumpre muito bem esse objetivo — só não espere encontrar aqui algo que vá muito além disso.