Imagem de Tom Clancy's The Division 2
Imagem de Tom Clancy's The Division 2

Tom Clancy's The Division 2

Nota do Voxel
90

The Division 2 prova que a Ubisoft sabe muito bem como fazer uma sequência

Desenvolvido novamente pela Massive, auxiliada por toda a grande infraestrutura de estúdios da Ubisoft, Tom Clancy’s The Division 2 é uma sequência com um estilo bastante clássico. Isso significa que a desenvolvedora não jogou fora o que funcionou no primeiro, mantendo sua base sólida e, a partir disso, implementou melhorias e novidades — muitas delas a pedido dos fãs do game original.

A princípio, pode parecer que a única novidade é o cenário: dessa vez deixamos de lado as ruas frias e sombrias de Nova York e viajamos a Washington, capital dos Estados Unidos que é marcada pelas avenidas largas e pelos ambientes mais variados. No entanto, conforme você joga, percebe que houve uma série de ajustes de jogabilidade que ajudam a tornar a experiência ainda mais viciante.

Evolução gradual

Demora um pouco para entender porque The Division 2 teve que se transformar em uma sequência e não pode ser somente uma expansão para o título original. Enquanto as mudanças de interface e certas escolhas de evolução fiquem imediatamente claras, o gameplay a princípio parece não mudar muito.

Depois de algumas horas de jogo, a situação muda: você começa a perceber como os novos tipos de inimigos exigem táticas mais variadas e como os cenários mais abertos possibilitam que você tenha mais opções de ataque. Ao mesmo tempo, os adversários também se aproveitam mais de brechas em sua defesa e não perdem uma chance de flanquear uma posição que parecia totalmente segura.

The Division 2

O game não é exatamente difícil, mas isso não é consequência de uma falta de desafio, mas sim da maneira como eles são apresentados. A Massive faz com que as habilidades que você precisa para sobreviver aumentem de forma gradual, acompanhando o nível de seu personagem e de seus equipamentos — em outras palavras, quando um inimigo mais inteligente aparece, você já adquiriu experiência o suficiente para entender rapidamente como lidar com ele.

A Massive faz com que as habilidades que você precisa para sobreviver aumentem de forma gradual

The Division 2 traz uma bela variedade de habilidades, que podem ser destravadas no ritmo e na quantidade que o jogador quiser, mas somente duas delas podem ser usadas por vez. Há uma boa seleção entre opções defensivas e ofensivas, sendo que algumas claramente foram feitas mais para o trabalho em grupo do que para a jogatina individual.

Da mesma forma, o game possui um sistema de loot vasto e bastante generoso, mas não “gratuito”. Em outras palavras, você vai encontrar equipamentos melhores em ritmo constante, mas elas surgem mais como recompensa por ataques bem feitos e pela exploração cuidadosa do que como algo dado “de graça” por conta de um sistema mal balanceado.

The Division 2

A Massive fez diversas alterações no sistema de equipamentos, com atenção especial para os acessórios que você equipa nas armas. Infelizmente, ela não acertou em tudo: o jogo chegou às lojas com um sistema de habilidades com requisitos bastante acentuados (algo que já foi modificado) e com opções de criação de itens que se mostram pouco úteis enquanto você está evoluindo seu personagem até o nível 30.

Assim como o primeiro, The Division 2 estimula e recompensa quem joga em grupo (que, por padrão, comporta até 4 pessoas), mas você pode jogar tudo sozinho se quiser. A dificuldade e o gameplay se adaptam ao tamanho de sua equipe, sendo que os momentos mais desafiadores e cheios de inimigos são reservados a quem consegue montar uma equipe completa.

História sem muito a dizer

Tom Clancy’s The Division 2 mostra os acontecimentos de uma guerra civil dentro dos Estados Unidos e tem como cenário Washington, cidade que representa o auge do poder político e militar do país. No entanto, nada disso parece importante para o game, que trata toda sua trama como uma busca por glória digna de grandes filmes-pipoca de Hollywood.

The Division 2

Enquanto a Massive deixou claro que não queria passar nenhuma mensagem política com o jogo, a maneira como ela trata esses elementos é, no mínimo, estranha. A história em nenhum momento trata do fato de que os agentes da Divisão estão, essencialmente, passando a maior parte do tempo matando civis, em nome de uma estrutura política e social que ruiu.

O game também não faz qualquer comentário sobre o fato de que muitos dos grupos que dominam Washington são exércitos privados, muitos deles formados por forças de segurança dos próprios Estados Unidos. As coisas simplesmente existem nesse universo e nunca há um questionamento maior sobre as motivações e implicações do que está acontecendo — na prática, tudo é tratado como um caso clássico de “mocinhos” lutando contra “bandidos”.

Talvez até por conta dessa superficialidade, as coisas começaram a me incomodar menos durante o endgame de The Division 2. Sem a obrigatoriedade de seguir uma linha narrativa bem fina nem nada que me lembrasse do contexto maior do jogo, consegui apreciá-lo mais por suas partes mecânicas bem definidas do que por sua história que parece ser mais uma premissa implementada de qualquer jeito do que uma trama bem desenvolvida.

Problemas técnicos pontuais

Outra área na qual o game dá alguns tropeços é em sua área técnica. Embora não exista nada essencialmente quebrado, meu tempo com o jogo foi marcado por NPCs que morriam em poses estranhas, objetos flutuando misteriosamente e até mesmo texturas e modelos que desapareciam (e reapareciam) conforme o ângulo em que eu ajustava a câmera.

The Division 2

Jogando no PC, também me deparei com objetos aparentemente invisíveis que impediam o avanço por certos caminhos e, em diversas ocasiões, crashes que resultavam no fechamento do software do jogo. Enquanto muito disso aconteceu de forma constante (especialmente as questões gráficas), a situação geral do jogo está estável, mas é difícil perdoar tantas “pequenas falhas” em um título com orçamento tão alto.

Endgame caprichado

Embora nem tudo seja perfeito em The Division 2, ao menos em um quesito o game da Massive acertou em cheio: seu endgame. A desenvolvedora não estava brincando quando disse que o fim da história era somente o começo do gameplay: após a cena final rolar, uma força conhecida como Patas-Negras invade Washington e vai fazer você reaprender muita coisa sobre o game.

Na prática, cada nível do endgame funciona como uma espécie de “New Game +”, no qual o jogador vai encontrar inimigos mais fortes e novas formas de recompensas. Usando mais opções tecnológicas e equipamentos anteriormente restritos ao jogador, os Patas-Negras são os inimigos mais inteligentes do jogo e vão fazer você voltar a missões antigas para encará-las de forma bastante diferente.

The Division 2

O endgame também acerta por introduzir elementos mais complexos que, no primeiro The Division, eram introduzidos mais cedo. Os níveis de equipamentos, por exemplo, só surgem pela primeira vez após você destravar essa etapa, que surge somente após duas dezenas de horas de jogo.

Enquanto isso não prejudica jogadores veteranos, que já estavam acostumados com o sistema (e têm todo um sistema de bônus de fabricantes para brincar enquanto isso), isso deixa tudo menos intimidante a novos fãs. Ao introduzir elementos de forma gradual, a Massive consegue tornar o game mais acessível e menos intimidante para quem não gosta de lidar com vários números e estatísticas logo de cara.

Para completar, o endgame introduz um sistema de especializações que podem ser modificadas (e resetadas) a qualquer momento. Enquanto somente uma das três opções pode ser ativada a cada vez, a maneira como elas funcionam é suficiente para você se sentir ainda mais poderoso e para mudar um pouco a maneira como lidar com situações de combate.

Vale a pena?

Escapando dos problemas de conectividade e da falta de conteúdo que marcaram o lançamento de seu antecessor, Tom Clancy’s The Division 2 é uma bela sequência. Em um universo marcado por outros loot shooters que chegaram às lojas de forma incompleta, o game da Massive “faz a lição de casa” e traz uma experiência bastante completa e robusta logo de cara.

The Division 2

Sim, há algumas arestas a aparar, especialmente no que diz respeito à parte técnica, e sinto que a história desperdiça muito de seu potencial. No entanto, no que realmente importa para o gênero, que é o gameplay e o fluxo de recompensas, o título acerta muito mais do que erra e traz motivos de sobra para você gastar algumas dezenas de horas evoluindo seus personagens e coletando uma grande variedade de loot.

The Division 2 é mais uma prova de que a Ubisoft sabe muito bem como fazer sequências de qualidade e que aprendeu com os erros do passado para trazer um produto de qualidade aos jogadores. Essa visita a Washington pode não ser perfeita, mas traz muita diversão, especialmente se você tem um bom grupo de amigos para acompanhá-lo durante a aventura.

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Pontos Positivos
  • Gameplay muito bem definido, apresentando uma dose de desafio que cresce conforme você destrava novas habilidades
  • Bom desempenho no PC (plataforma usada para a análise), com exigências semelhantes ao anterior e raríssimas quedas notáveis de framerate
  • Um sistema de loot variado e recompensado que traz uma bela variedade de armas e equipamentos
  • Experiência que se adapta bem tanto para o gameplay individual quanto para a jogatina coletiva com amigos
  • Endgame completo e que traz transformações suficientes para estimular você a continuar jogando
Pontos Negativos
  • História que não tem muito a dizer e ignora boa parte da premissa interessante escolhida pela Massive
  • Boa variedade de bugs, especialmente de ordem gráfica. Eles não quebram o jogo, mas são facilmente notáveis