Imagem de The Signifier
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The Signifier

Nota do Voxel
60

The Signifier alterna boa trama e jogabilidade sonolenta

The Signifier é o mais novo jogo do pequeno estúdio chileno Playmestudio mas, a despeito de sua equipe modesta, conta com uma premissa bastante ousada ao mergulhar de cabeça na psique humana como pretexto para elaborar um thriller psicológico. É uma ideia muito interessante que, infelizmente, tropeça nas barreiras naturais impostas pelo gênero escolhido.

Temos aqui mais um walking simulator, o que já o torna um jogo bastante “ame ou odeie” pela simples natureza polarizadora de sua jogabilidade: para quem só busca uma boa história sem maiores desafios ou perrengues, certamente vale a pena conferir a sua narrativa criativa e envolvente, mas aqueles que desejam uma jornada menos passiva, com bastante ação, interações significativas e gameplay mais movimentado devem pegar no sono.

Um mistério de quebrar a cabeça

Na trama de The Signifier acompanhamos o neurocientista Frederick Russel, o inventor de uma tecnologia que mudou para sempre o mundo dos investigadores forense. Afinal, graças à sua máquina agora é possível mergulhar na mente das vítimas de crimes e então explorar as suas últimas memórias e informações conscientes e inconscientes que ficaram gravadas por lá a fim de buscar pistas para desvendar assassinatos.

É uma ideia muito legal e que traz boas ramificações tanto no ramo da ficção científica como no bom uso de conceitos da melhor literatura psicanalítica, ambos exploradas desde cedo no jogo, já que ele começa com o protagonista sendo informado da morte da executiva Johanna Kasr. Como ela era uma figurona importante em uma empresa de tecnologia, o caso é cercado de mistério e os seus serviços são contratados em sigilo.

A maior sacada e graça do jogo é usar a máquina de Frederick para mergulhar na mente de Johanna, e então investigar cada canto do cenário para aprender um pouco mais sobre o seu conturbado passado. Não faltam reviravoltas, mas obviamente não traremos quaisquer spoilers em nossa análise, até porque ir solucionando o caso aos poucos, seja interagindo com outras pessoas ou revirando os objetos das fases é um dos principais atrativos da jornada.

Especialmente porque você vai interagir com diferentes versões de quase tudo que vir pela frente, já que The Signifier espalha o seu gameplay entre segmentos no mundo real, outras partes dentro da memória objetiva da vítima, e também na sua memória subjetiva, em uma distinção importante tanto em termos de temática como visual. As sacadas visuais para distinguir esses três mundos são muito boas!

A jornada pela mente

Se o mundo real é mais linear e burocrático, no mundo da memória objetiva encontramos vários elementos estranhos, lacunas e distorções visuais com as quais você precisa interagir para fazer a trama seguir.

É aqui que entra o pouco gameplay ativo presente no jogo, pois você deve manipular os itens deslizando um medidor para frente e para trás no tempo até conseguir discernir o que exatamente eles deveriam representar, para só então ligar os pontos e conectá-los ao que está errado na memória da vítima.

Apesar de cansar rápido e não ter muita profundidade, a mecânica diverte um pouco sempre que aparece e traz um grato sopro de variedade ao que, de outra forma, se limitaria a ser um filme pouco interativo.

Mais legal é ver como, no mundo do inconsciente subjetivo, os sentimentos das pessoas podem se transformar e assumir formas mais abstratas, gerando metafóricas e reais defesas naturais para impedir que você continue se enfiando onde não foi convidado a entrar. Essas alegorias geram alguns dos melhores momentos de toda a jornada!

Vale a pena?

The Signifier é um jogo tão interessante quanto curto, podendo ser completado em pouco menos de quatro horas ao todo. A ideia de navegar pelo inconsciente das vítimas é muito boa, mas os poucos puzzles existentes aproximam demais o jogo dos mais tediosos walking simulators, com andança demais e ação de menos. Para quem busca um thriller psicológico curto e com uma narrativa instigante, vale a pena. Para os demais, é melhor ficar longe.

The Signifier foi gentilmente cedido pela Raw Fury para a realização desta análise.

The Signifier traz premissa e narrativa interessantes comprometidas por seu gameplay raso.

 

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Pontos Positivos
  • Bom uso de conceitos da psicanálise
  • História envolvente
  • MIstério gratificante
Pontos Negativos
  • Muito curto
  • Gameplay raso demais
  • Poucos puzzles
  • Linear ao extremo