Imagem de Super Paper Mario
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Super Paper Mario

Nota do Voxel
83

Uma boa mescla de plataforma e RPG, com quebra-cabeças inteligentes.

Super Paper Mario chega como um sólido título para o Wii, oferecendo uma boa mescla de plataforma e elementos de RPG, com quebra-cabeças inteligentes, que mantêm o jogador entretido por horas. Cada elemento no jogo, desde o enredo até a jogabilidade dos heróis, pixls e itens se relacionam de maneira harmônica, sendo que tudo é arrematado por um leve senso de humor e graciosamente representado por gráficos que materializam bem o conceito da franquia Paper Mario.

Em 2001, Paper Mario estreou no Nintendo 64 como um dos RPGs mais sólidos do console, apresentando mundos e personagens recortados de papel e ganhando, três anos depois, uma seqüência igualmente bem sucedida, o Paper Mario: The Thousand Year Door, lançado no Game Cube. Ambos os jogos apresentam uma jogabilidade simplificada, mas desafiante e inovadora do gênero de RPG, além de fazer uma boa mescla com plataforma e oferecer belos gráficos.

Já o terceiro título da franquia, que estava previsto primeiramente para o Game Cube, chega ao Wii com mais características de plataforma e ainda uma jogabilidade bastante profunda. Entre as principais mudanças estão o sistema de batalha, que antes era em turnos e agora é em tempo real, ao clássico estilo Mario de pular em cima dos inimigos para matá-los.

Além disso, há, é claro, a inovadora possibilidade de girar o mundo 2D para 3D, a qualquer momento, a fim de resolver os mais diversos e criativos quebra-cabeças. E, acredite, será preciso fazer isso a toda hora, pois a jogabilidade de Super Paper Mario se baseia principalmente nessa passagem pelas diferentes perspectivas.

E Mario salva o dia mais uma vez...


O toque de humor também é marca registrada de Super Paper Mario. O jogo já começa com uma história que faz graça do próprio enredo previsível do universo da franquia.
Peach e Bowser juntos até que a morte os separe!? O jogo começa com a Princesa Peach e o Bowser sendo forçados a se casarem pelo novo vilão Conde Bleck. A união inusitada criaria o Chaos Heart, o qual levaria a cabo a profecia do Dark Prognosticus — o que traria, em suma, a destruição de tudo o que existe. E agora cabe ao Mario salvar o mundo, a Princesa Peach e derrotar uma horda de inimigos que vêm em sua direção... Enfim, nada familiar.

Mario é trasportado para a cidade de Flipside, onde recebe a ajuda do mago Merlon, devendo, a partir daí, percorrer oito mundos, cada um com quatro fases, e resgatar sete Pure Hearts para impedir que a profecia nefasta se realize. Ao derrotar o chefe de cada mundo, o personagem recebe um dos corações, o qual abre a porta para o próximo mundo, no qual se recuperará outro coração e assim por diante.

Ao percorrer os oito mundos, o jogador passa por cenários desérticos, por debaixo d'água, por dentro de cavernas, pelo espaço, em uma representação de um shooter espacial, e, inclusive, por um mundo inspirado nos clássicos de Mario, com os gráficos de fundo pixelados. Ao percorrer esses caminhos, o jogador encontra a Peach, o Bowser e o Luigi — que também tornam-se jogáveis — além dos novos amigos Pixls, os quais emprestam habilidades especiais ao protagonista.

De 2D para 3D


Cada um dos personagens apresenta habilidades diferentes: a Princesa Peach pode abrir sua sombrinha enquanto pula, chegando a locais inatingíveis, além de usar o guarda-chuva para defender-se dos inimigos; o Bowser causa mais danos do que qualquer outro personagem ao cuspir fogo nos adversários; o Luigi tem o pulo mais alto de todos; e, finalmente, o Mario é o mais rápido e o único capaz de alternar entre as perspectivas de 2D e 3D.

A mudança entre os personagens é feita com facilidade e se mostra essencial para o prosseguimento da história em alguns momentos — embora o jogador se veja obrigado a utilizar principalmente o Mario, devido à sua capacidade de alternar entre as perspectivas.

O padrão do jogo é o clássico cenário side-scrolling 2D de plataforma, que se desenrola para a esquerda, mas a qualquer momento, o Mario pode mudá-lo para 3D, pressionando o botão A, descobrindo, assim, passagens secretas, itens escondidos e, enfim, resolvendo boa parte dos quebra-cabeças propostos. Mas é preciso usar essa habilidade com cuidado, pois o Mario pode se locomover por apenas alguns segundos pelo mundo 3D: após esse tempo expirar, ele perde um health point.

Novos e velhos amigos

O uso dos Pixls, as novas criaturas que conferem habilidades especiais ao protagonista, também é indispensável. O primeiro deles que se junta ao Mario é a Tippi, a qual é parecida com uma borboleta. Ela serve como um guia, oferecendo informações sobre qualquer elemento do cenário ou personagem, além de descobrir portas e itens escondidos. O protagonista está sempre andando com a Tippi e mais um Pixl ao seu lado, o qual pode ser trocado também com bastante facilidade e rapidez.

Pelo caminho, o jogador encontra mais uma dezena de Pixls, como, por exemplo, o Thoreau, que confere ao personagem a habilidade de pegar, carregar e arremessar quase todosPixls são amigos realmente úteis. os elementos do cenário e inimigos; o Boomer, que tem a forma de uma bomba e, como é possível pressupor, pode ser colocado no cenário para explodir, matando os inimigos e abrindo passagens; e a Dottie que faz o personagem ficar bastante pequeno, tornando possível a passagem por locais bastante estreitos.

Super Paper Mario também apresenta diversos power-ups conseguidos principalmente ao se atingir algum bloco do cenário, mas também podem ser comprados em lojas nas cidades. Entre os mais interessantes estão uma estrela — lembrando a clássica estrela que deixa o Mario invencível — mas que, nesse título, faz com que o protagonista ocupe a tela inteira, assumindo o seu visual pixelado da era 8 bits e destruindo tudo à sua volta por alguns segundos.

Outro power-up faz aparecerem diversos mini-Marios em volta do protagonista, os quais seguem seus movimentos, sendo bastante úteis durante as batalhas contra muitos inimigos, pois cada um atinge um adversário. Há ainda as flores que aceleram ou retardam a movimentação do personagem e as que fazem com que várias moedas caiam do céu.

Além disso, o protagonista também pode achar nos blocos ou comprar em lojas itens variados e bastante úteis, como bebidas que restauram health points, incendiam ou congelam os inimigos. Há também cartões escondidos por diversas partes do cenário, os quais mostram a imagem de algum inimigo. Esses cartões, ao serem colecionadas, fazem com que o personagem inflija mais dano ao adversário em questão. Embora achá-los nas primeiras fases seja bastante fácil, com o progresso pelo jogo é preciso explorar bem o cenário para encontrá-los.

Comandos nostálgicos

Em Super Paper Mario, o Wii-mote é segurado horizontalmente, lembrando o controle do Nitendinho. A movimentação do personagem é feita a partir dos botões direcionais e basta pressionar o botão 2 para pular. Para alternar o cenário entre 2D e 3D, é preciso apertar o A, e as habilidades dos Pixls podem ser colocadas em ação com o botão 1.

Como se pode perceber, a maior parte das ações é feita com os botões digitais, sendo que o uso da característica mais apelativa do console, que é a sensibilidade ao movimento do Wii-mote, é restrito a poucas situações, como ativação de alguns power-ups — que pedem que o controle seja chacoalhado rapidamente para cima e para baixo — e das dicas da Tippi.

A habilidade dessa Pixl que sempre acompanha o protagonista é ativada ao se apontar o Wii-mote para qualquer objeto, casa ou personagem no cenário; assim, a Tippi dá as informações sobre o elemento selecionado, o que se mostra útil em diversos momentos, principalmente quando se trata dos inimigos, pois ela lhe diz quais os seus pontos fracos e, às vezes, dá sugestões sobre a melhor maneira de atacá-los.

Sendo assim, Super Paper Mario apresenta um esquema de controles simples, fácil de ser aprendido, além de ser nostálgico para quem acompanhou as primeiras aventuras do Mario. O pouco uso do sensor de movimento pode deixar alguns entusiastas do Wii decepcionados, mas, não se pode negar que o jogo apresenta um bom esquema de comandos. Afinal, só por que o jogo é para Wii, ele deve, necessariamente, fazer o braço do jogador doer depois de horas de movimentação em todas as direções possíveis?

Mistura de RPG e ação


Super Paper Mario apresenta uma estrutura bastante linear, pois um evento desencadeia outro e só é possível concluir o jogo, seguindo uma única ordem na busca de cada Pure Heart. Apesar disso, não faltam caminhos secretos que levam a surpresas agradáveis e, a partir do segundo mundo, é possível voltar a qualquer uma das fases completadas para extrair o máximo das novidades que Super Paper Mario tem a oferecer.
Não só o Mario é jogável nessa aventura.
Os momentos de ação típica de plataforma — de enfrentamento dos inimigos, pulando em cima deles, e de coleta de moedas — são intercalados com exploração da cidade, conversa com personagens não-jogáveis, compra de itens e execução de pequenas tarefas, como achar o Bestovious — personagem que dá ao Mario a habilidade de alternar entre diferentes dimensões — ou conseguir o Spicy Soup — item necessário para o revigoramento da Princesa Peach em determinado ponto da narrativa.

O jogo apresenta ainda outros elementos de RPG, como os health points e os hit points. O Mario não perde vida ao cair ou ser atingido, mas perde health points, e o jogo termina quando estes pontos estiverem zerados. Começa-se com apenas 10 health points, mas, à medida que derrota mais inimigos, o personagem sobe de nível, ganhando mais HP. Obviamente, cada inimigo inflige uma quantidade diferente de HP e sofre certa quantidade de hit points.

A tentativa de se aproximar dos fãs do clássico de plataforma, sem, ao mesmo tempo, abandonar os fãs da série Paper Mario, resultou em uma mescla interessante de RPG com a ação em tempo real. Infelizmente, não é possível agradar a gregos e troianos: tantos os fãs de plataforma podem se decepcionar pela ação não ser constante, quanto os amantes de RPG podem ficar insatisfeitos com a substituição do sistema de batalhas em turnos dos títulos anteriores e pela simplificação do gênero.

Missões quase impossíveis

Super Paper Mario é um jogo bastante desafiador, que, em diversos momentos, leva o jogador a ficar alguns minutos pensando em qual a melhor solução para uma situação aparentemente impossível. Portas e dispositivos inatingíveis, inimigos enormes e invencíveis, caminhos sem saída: a resposta para tudo isso, geralmente, o jogador encontra ao girar o mundo de 2D para 3D — o que, compreensivelmente, torna-se viciante em pouco tempo, pois há muito para se descobrir e com que se surpreender. Além disso, a terceira dimensão guarda surpresas agradabilíssimas, como fileiras e fileiras de moedas, power-ups e cartões escondidos.

Sentindo-se em um beco sem saída? Experimente mudar para 3D.Sentindo-se em um beco sem saída? Experimente mudar para 3D.
Por isso, é altamente recomendado que o jogador procure explorar todas as possibilidades do cenário em que se encontra, mudando a perspectiva, mas também utilizando as habilidades dos diferentes Pixls e heróis. Assim, coleta-se com facilidade todos os itens possíveis e imaginários, os quais poderão ser necessários posteriormente.

Eventualmente, o jogador tentará se utilizar de todas as alternativas e se encontrará, ainda assim, em um beco sem saída. Mas basta alguns minutos de reflexão e, de repente, se descobre que a resposta era mais simples do que o imaginado — como ocorre em todos os bons quebra-cabeças, os quais mantêm a simplicidade, sem deixarem de ser desafiantes.

Para o público brasileiro, há ainda outro desafio: a compreensão dos diálogos transcritos em inglês, o que se torna essencial em Super Paper Mario, pois, a partir deles, sabe-se o que deve ser feito, onde ir, quem ou o que procurar; muitas vezes, o jogador também deve seguir instruções um tanto enigmáticas escritas em um inglês mais arcaico — nada difícil, mas que se torna mais trabalhoso sem a compreensão do idioma.

Gráficos e sons compatíveis


Super Paper Mario, como o nome já anuncia, apresenta um mundo e personagens feitos de papel, como se tivessem saído de dentro de um livro de histórias. É preciso ter isso em mente para apreciar os personagens e inimigos, que ficam finos como folhas de papel quando estão de lado, e os cenários construídos por diversas figuras geométricas. Em suma, os gráficos cumprem seu papel de atender ao conceito proposto pelo jogo.

Os diálogos são, em grande parte, apenas transcritos, sendo que poucas vezes os personagens falam. A música ambiente e os efeitos sonoros não se destacam, mas, por outro lado, não são repetitivos — com exceção do som incessante de alerta, que avisa quando o jogador tem poucos health points.

Horas de diversão

Uma das características que mais chamam a atenção em Super Paper Mario é o seu leve senso de humor, presente em diversos diálogos. As falas são bem pensadas e divertidas, mas aparecem em grande número, tornando a experiência de jogo mais lenta, principalmente no começo de cada mundo, quando se perde bons minutos apertando o botão para que o diálogo prossiga.Um jogo divertido e sobretudo nostálgico.

Ainda assim, vale a pena ter paciência para passar por esses prólogos, pois o jogo mantém uma
das principais características clássicas da franquia, que são os diversos caminhos possíveis e as muitas novidades, que esperam por ser descobertas entre as duas dimensões de 2D e 3D.

Com uma boa dose de plataforma e de elementos de RPG, arrematados por quebra-cabeças inteligentes, Super Paper Mario se constitui em um jogo que entretém por várias horas, pois não é uma aventura que se termine rapidamente — e mesmo depois de terminada será, provavelmente, jogada de novo.
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