Imagem de Sid Meyer's Civilization: Beyond Earth
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Sid Meyer's Civilization: Beyond Earth

Nota do Voxel
84

O futuro nunca foi tão incerto

A Terra já não é o bastante para os jogadores de Civilization, que agora devem enfrentar o espaço desconhecido em busca de um novo lar, no novo game de Sid Meier, Beyond Earth. O jogo se desvincula de nosso planeta e segue rumo a um destino imprevisível, buscando dar um novo fôlego para a famosa série de estratégia por turnos que sempre percorreu toda a história na Terra desde os princípios da nossa espécie.

Se antes havia um modelo a ser seguido – nossa própria história – desta vez nada mais é certo. Colonizar um planeta em um distante futuro não tem receita e isso exigirá muito mais criatividade dos jogadores para vencer a disputa. Mas será que essa radical mudança deu certo? É o que você confere agora em nossa análise.

Um novo começo

O homem sempre temeu o desconhecido. Entretanto, isso nunca foi um impeditivo para que a exploração de novos mundos seguisse à diante, mesmo em nosso próprio mundo, como é o caso das expedições portuguesas, espanholas e de demais países.

Esse é o mote incógnito de Beyond Earth: quais são os perigos para a raça humana? Existem monstros nessas terras? Diante do futuro, os jogadores deverão tatear com cuidado a penumbra, agindo com cautela para não serem surpreendidos.

Beyond Earth também rompe definitivamente com elementos previsíveis dos outros games da série. Você está em um novo planeta, onde não há mais regras certas. Isso significa que o futuro de sua civilização está mais incerto do que nunca, o que torna o jogo muito mais indefinido e surpreendente – o que é ótimo para instigar nossa curiosidade.

A trama do jogo apresenta uma história contundente e inovadora para a saga. Através dela, descobrimos que os humanos estão deixando a Terra à beira da extinção, sendo necessário mudar-se para outro planeta e começar tudo zero.

Uma nobre missão

Precisamente, o jogo se desenvolve em 2600, quando eventos globais desestabilizaram o mundo, levando a um colapso da sociedade moderna, uma nova ordem mundial e um destino inimaginável para a humanidade. Enquanto a raça humana luta para se recuperar, as nações formam alianças e concentram seus recursos a fim de partirem em uma longa viagem espacial, com o objetivo de traçar um novo começo.

Sua missão é muito mais nobre do que em qualquer outro Civilization já lançado. Aqui, existe um verdadeiro sentido em iniciar uma nova civilização e lutar pela sua sobrevivência e prosperidade em um território completamente inóspito e hostil após nossa raça sucumbir com o próprio planeta.

Fazendo parte de uma expedição enviada para encontrar um lar além da Terra, você sentirá pela primeira vez na saga o peso da responsabilidade em escrever o próximo capítulo da nossa espécie, conduzindo o seu povo e criando uma nova era no espaço.

A mesma fórmula (de sucesso?)

Civilization já é game muito consagrado entre os jogos de estratégia baseado em turnos, e isso se deve principalmente por causa de sua fórmula, que conquistou jogadores do mundo todo ao longo dos anos.

E mesmo usando um planeta desconhecido como pano de fundo, o título mantém a mecânica de jogabilidade original sem alterações profundas – você poderá construir e desenvolver cidades, terá que explorar o terreno em busca de recursos e também deverá enfrentar os inimigos, ou fazer parcerias diplomáticas que poderão beneficiar ambos, como em qualquer outro game da série

A decisão é bastante acertada e benéfica para os jogadores, tanto antigos quanto novos, já que Civilization sempre foi muito elogiado pelo seu método de jogo. Fazer alterações drásticas causaria estranheza e representaria um risco para a franquia.

Além disso, jogos de estratégia contam com curvas de aprendizado mais lentas, e uma mudança drástica exigiria mais tempo e dedicação dos players. Ser conservador neste caso fez bem ao game, embora que algumas opções tenham sido alteradas para atender o novo ambiente.

Porém, a inteligência artificial do jogo deixa a desejar. As facções, por exemplo, não tem um sentido de identidade, parecendo apenas um amontoado de alienígenas misturados sem qualquer objetivo.

Em um primeiro momento, os habitantes locais parecem uma ameaça real. Mas a medida que você joga, vai percebendo que eles são apenas incômodos que podem ser eliminados com um pouco de persistência, sem apresentar um perigo de verdade para a suas bases.

Um novo futuro

Beyond Earth permite aos jogadores escolher uma das oito diferentes patrocinadoras da expedição que ruma ao novo destino, uma situação bem diferente que decidir entre nações tradicionais, como americanos e indianos, por exemplo.

Cada uma delas conta seu próprio líder e benefícios de jogo únicos, incluindo Brasilia, que representa toda América do Sul. Além disso, você conta com organismos como Cooperativa Pan-Asiática (PAC), Franco-Ibéria, Protetorado de Kavithan e União das Pessoas Africanas (PAU).

O game permite explorar um novo planeta repleto de terrenos perigosos, recursos inéditos, e formas de vida hostis bem diferentes daquelas encontradas na Terra, criar postos avançados (no lugar de cidades), desenterrar antigas relíquias alienígenas, acabar com as formas de vida locais, e desenvolver sua civilização como em qualquer outro game da série.

A atmosfera futurista do jogo é rica e agradável e isso é possível perceber nas cidades e unidades, que contam com uma evolução estética interessante, revelando estruturas e trajes ultramodernos a medida que o jogo avança.

Tecnologias do amanhã

Para refletir o progresso em um planeta totalmente desconhecido, o avanço da tecnologia ocorre por meio de uma série de escolhas não-lineares que afetam o desenvolvimento da humanidade. Isso é possível graças a nova rede de tecnologia que oferece mais liberdade de escolhas.

Porém, essa teia muitas vezes parece confusa devido a falta de parâmetros e de informações presentes na tela. Apesar de ser totalmente desprendida de uma rota única, ela acaba sendo mais difícil de navegar, comparando com as versões anteriores.

Você também pode investir pesado em tecnologias do futuro, ao desenvolver um sistema orbital ao criar e implantar satélites com objetivos econômicos e científicos avançados, que fornecem capacidades defensivas e ofensivas estratégicas. Esta talvez seja uma das maiores inovações do game.

O jogo agora oferece um sistema de saúde que entra no lugar do antigo sistema de felicidade, no qual você deverá zelar pelo bem estar dos habitantes da colônia no novo planeta. Porém, ele é claramente desequilibrado – em nossos testes, não conseguimos manter os números positivos com mais de uma cidade.

Os três caminhos

Civilization Beyond Earth insere uma nova mecânica de jogo que permite a você escolher entre três formas de colonizar o novo planeta. Em “Harmony”, a ideia é sobreviver em paz com o mundo em que você acaba de desembarcar. Em vez de fincar estacas e afugentar seja lá o que for, ao escolher esse objetivo a sua meta será alcançar o status de um imenso organismo.

Por outro lado, “Purity” demanda a recriação da própria Terra — com sua cultura, tecnologias e falhas — na terra alienígena, culminando com um portal que deve trazer os remanescentes do planeta devastado ao seu novo Éden.

Por fim, “Supremacy” segue galgando territórios a despeito do novo planeta e mesmo da própria cultura humana — com um objetivo situado em algum lutar entre um enorme amontoado de máquinas conscientes. Ademais, também é possível levar a melhor pelas vias tradicionais da conquista militar — dominando todas as demais civilizações — e também conseguindo efetuar contado com uma raça alienígena.

Entretanto, suas ações não precisam ser guiadas seguindo apenas um desses parâmetros. Dependendo de suas atitudes com relação ao novo mundo e aos jogadores, você penderá para uma dessas três formas de colonização, acarretando consequências futuras.

Já vi esse jogo antes

Civilization: Beyond Earth tem gráficos bem parecidos com os do seu antecessor, Civilization V. Isso não desabona em nada o game, já que Civ V tem um visual muito bom. Além disso, foi necessário reconstruir praticamente todas as unidades, cenários e diversas mecânicas do game.

O planeta apresenta diversas novas formações e elementos, como nuvem de gases, plantas exóticas e seres inéditos. O trabalho de desenho e renderização foi muito bem feito, o que garante um design espetacular para o game.

Civilization: Beyond Earth também conta com animações parecidas com Civ V. Isso quer dizer que as movimentações de tropas, carros, navios, aviões, bem como as construções das cidades, aparecem com muito mais detalhes, tornando a jogatina mais agradável aos olhos.

Além disso, também está presente a premiada trilha sonora que já é tradição nos games da saga Civilization. Muitas músicas que evocam emoção, drama, fúria, paz e os mais variados sentimentos continuam a embalar a jogatina. Os efeitos sonoros também fazem bem sua parte.

Porém, isso deixa o game mais parecido com uma expansão de Civilization V que um jogo novo. E não é apenas na aparência, já que muitas de suas funcionalidades são muito parecidas com as da quinta versão.

O sistema de jogo por turnos de Civilization: Beyond Earth é praticamente a mesma da versão anterior, o que cria familiaridade para os fãs da saga. Existem algumas novidades e diferenciações, mas elas não fogem muito do formato já conhecido. Além disso, existem vários tipos de tutoriais para os mais diversos níveis de conhecimento dos jogadores.

É mais do mesmo. Isso é ruim?

Em suma, Beyond Earth parece uma expansão de Civilization V, mas com uma identidade própria e muito marcante. Ao fugir do seu modo histórico, o game oferece, pela primeira vez, um ambiente sci-fi de novas possibilidades para os jogadores, que agora podem se aventurar diante do desconhecido.

Porém, o jogo apresenta falhas de jogabilidade, sendo a inteligência artificial a mais problemática. Os alienígenas e os outros humanos nem de longe representam um perigo de extinção da colônia, e não oferecem um desafio real na exploração do novo planeta.

A falta de equilíbrio é também outro problema significativo em diversos atributos do game, como no caso do sistema de saúde e também nos avanços tecnológicos. Felizmente, isso pode ser resolvido com atualizações, e esperamos que isso seja feito pela Firax.

Acima de tudo, Civilization Beyond Earth é um bom jogo. Embora ele não tenha evoluído muito em relação à Civilization V, ele oferece um novo panorama diferente de tudo o que já foi visto em outros games da franquia. Apesar das falhas, o game continua fazendo jus ao nome da franquia.

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Pontos Positivos
  • Fórmula de jogabilidade continua a mesma, mas adiciona novos elementos desafiantes
  • Oferece um futuro completamente imprevisível
  • Nova teia de tecnologia não-linear
  • Enredo convincente
Pontos Negativos
  • Parece uma extensão de Civilization V
  • Inteligência artificial deixa a desejar
  • Sistema de jogo desequilibrado em muitos casos