Imagem de Rocksmith 2014
Imagem de Rocksmith 2014

Rocksmith 2014

Nota do Voxel
90

Um novo incentivo para tentar as seis cordas [vídeo]

Videoanálise

Quando fiz a análise do primeiro Rocksmith, confesso que a minha esperança era tão grande quanto o meu ceticismo. “Sim, finalmente um ‘jogo’ com uma guitarra de verdade na outra ponta do cabo... Mas será que isso funciona mesmo?”. Bem, o resultado talvez não tenha sido o mais apoteótico de todos, mas com certeza me convenceu.

Sim, Rocksmith se provou um joguinho bastante razoável. Entretanto, e principalmente, a proposta da Ubisoft trouxe um belo incentivo para que o público dos botões coloridos tentasse a sorte com um instrumento de verdade, com cordas, harmonias, bolhas e calos.

Tudo bem, quem quisesse apenas um pouco de diversão compromissada talvez não tenha se sentido tão motivado a passar várias horas tentando tirar algum som da guitarra. Entretanto, para certo grupo que sempre quis aprender e não sabia por onde começar, o primeiro Rocksmith se revelou uma importante ferramenta didática — embora dificilmente pudesse substituir um bom professor de guitarra, certamente era um bom complemento.

Bem, e o que esperar de Rocksmith 2014, então? Correções, acréscimos, revisões de setlist? Novamente, surgiu o ceticismo. E, novamente, a Ubisoft pode convencer de que, embora ainda tenha algumas porcas por apertar, a série com certeza está no caminho certo, sobretudo no direcionamento escolhido: trata-se, sobretudo, de uma ferramenta didática. E hoje parece não haver mais problema em admitir isso.

Desde o básico do básico

Encontrar um bom professor de qualquer instrumento por aí não é tarefa fácil. Além de saber tocar, o sujeito ainda precisa ser didático — aquela abençoada mistura de domínio, capacidade de exposição e muita paciência. Não, Rocksmith 2014 não elimina a necessidade de uma busca cuidadosa nas páginas amarelas, mas com certeza serve como um belo auxílio, mostrando as primeiras pedras do caminho.

Isso porque as coisas aqui vão realmente do “básico do básico”. Embora a condescendência do narrador às vezes encha um pouco — difícil se sentir realmente “Incrível!” por ter batido a palheta em uma corda solta, por exemplo —, o modo tutorial vai levá-lo pacientemente pela mão, apresentando o braço da guitarra, a repetição das notas em suas oitavas, a posição das mãos sobre o instrumento etc.

Daí vai-se, é claro, para técnicas ditas “avançadas”, em que também vigora a mesma boa didática. De fato, mesmo durante as músicas Rocksmith 2014 assume que é mais “professor” do que jogo: assim como ocorria no primeiro título, você jamais será catapultado para fora de uma música simplesmente por ter errado demais. Sempre é possível tentar novamente, sem qualquer tipo de penalização.

Errou? Tente novamente!

Parte da vocação professoral do novo Rocksmith fica evidente com o melhorado “Riff Repeater”, certamente uma das melhores adições da edição 2014. Basicamente, caso determinado riff de certa música insista em não “sair”, o game permite que você isole apenas aquele trecho, executando-o de novo, e de novo... E de novo. Até que tudo saia nos conformes.

Essa funcionalidade certamente aproxima Rocksmith 2014 do processo que naturalmente é usado por qualquer guitarrista quando tenta aprender uma música ou exercício em particular: a execução lenta e cuidadosa, aumentando a velocidade conforme os dedos e o cérebro passam a processar a sequência com menos esforço — basta desacelerar aquele riff particularmente nervoso do Slayer, por exemplo.

Um minigame para cada caso

Sim, os minigames estão de volta, e trata-se ainda de uma das melhores sacadas da Ubisoft para ensinar os primeiros passos para iniciantes — embora a dificuldade aqui seja crescente.

Afinal, convenhamos, poucas coisas conseguem ser mais incrivelmente enfadonhas do que os treinamentos básicos sobre acordes, notas ao longo do braço, salto de cordas etc. É muito mais agradável atravessar esse processo — “chato, porém necessário” — alvejando bandidos em um saloon ou escapando da polícia por uma via rápida.

Vale a pena para os “virtuosos”?

Uma dúvida muito comum em relação a Rocksmith é se, afinal, o título serve também para quem já tem calos de longa data nas pontas dos dedos. A resposta deve ser “sim”, embora valha colocar algumas observações.

No que se refere à dificuldade, realmente não há qualquer limitação por parte do jogo. Quer dizer, a coisa sempre vai aumentando em complexidade, até encontrar a própria execução da música, tal e qual ela foi executada pelo artista em questão — na verdade, caso você comece a acertar todas as notas, o jogo simplesmente vai tirar as figuras, acordes e faixas, permitindo uma sessão “às cegas”, em que você contará apenas com a sua memória.

Uma linguagem própria a ser aprendida

Vale também mencionar a forma muito particular com que Rocksmith exibe as notas em sua interface. Quer dizer, é perfeitamente possível que você seja um guitarrista já com certa experiência — digamos, com boas noções de teoria, com percepção musical e uma musculatura já desenvolvida. Seja como for, no momento em que você plugar a sua guitarra e tentar executar a primeira música, prepare-se para se sentir como um novato.

Isso porque certamente demora algum tempo até se acostumar com o padrão “Guitar Hero encontra as tablaturas” de Rocksmith. Na verdade, em grande parte dos casos, o mais indicado é que você realmente já seja capaz de tocar uma música de antemão, já que fazer a leitura e execução em tempo real — sobretudo sem poder visualizar a distância as notas — acaba por exigir um aprendizado à parte.

Ok, talvez o costume não demore tanto assim e, certamente, quem já é escolado no esquema das notas despencando pela tela vai se sentir em casa. O problema é que isso pode ser realmente frustrante para bons instrumentistas mais afeitos à guitarra do que a jogos relacionados a ela.

Jam sessions

As sessões de improviso ficam com certeza entre os principais chamarizes de Rocksmith 2014. Embora a possibilidade de plugar instrumentos e sair tocando qualquer coisa já venha do título anterior, o modo ficou agora tanto mais funcional quanto mais organizado.

Para quem tem um mínimo de noção sobre escalas/harmonia, trata-se de um prato cheio. Você vai escolher o seu instrumento — baixo ou guitarra —, um tom, uma escala e eventuais acompanhamentos (baixo, guitarra, bateria, bandolim, meia-lua, saxofone etc.).

Embora um bom amigo para alternar solos seja uma boa pedida, o próprio Rocksmith pode se adaptar em tempo real para acompanhar o seu estilo, aumentando ou diminuindo a intensidade da “pegada” conforme as suas palhetadas. Considerando-se que os improvisos constituem uma das melhores formas para se trabalhar o ouvido, a facilidade com que isso pode ser feito em Rocksmith 2014 só pode ser algo muito positivo.

Mais aprendizado do que jogo

Para quem curte mais aquele estilo descompromissado de se fingir de estrela do rock na sala de estar, Rocksmith pode trazer um belo balde de água fria. Dessa forma, é bom ter a consciência de que se trata, aqui, mais de uma ferramenta de aprendizado do que de um jogo propriamente dito.

Em outras palavras, não há modo carreira aqui, músicas bloqueadas ou esquemas megalomaníacos de pontuação. A coisa toda é bastante direta: você está aqui para aprender guitarra, e a possibilidade de conseguir tocar uma boa música de ponta a ponta em um instrumento de verdade deve bastar. Se esse não for o seu caso, sempre há opções mais lúdicas por aí.

Amplificadores licenciados

Assim como no primeiro Rocksmith, a edição 2014 traz a vantagem respeitável de contar com modulações licenciadas de grandes amplificadores. Quer dizer, nada de encontrar aqui um “Varshal”, um “Bender” ou um “Lemon”. Em vez disso, há modelos reais e endossados da Marshall, da Fender e da Orange.

Em termos de som isso não poderia ser mais bem-vindo. Além de sons mais convincentes em cada uma das músicas — e os timbres são realmente bem semelhantes aos originais —, também é possível forjar sons próprios escolhendo não apenas amplificadores, mas também pedais, racks de efeitos e gabinetes (as caixas passivas com um, dois ou quatro falantes).

E o melhor: é possível levar as suas próprias configurações para as sessões de improviso, de forma que é possível evitar o som um tanto sintético que é oferecido como default pelo game. Basta ter um pouco de paciência e regular adequadamente todos os equipamentos — tal e qual seria necessário com suas versões físicas.

Por que não uma interface de gravação?

Considerando-se a possibilidade de realizar sessões de improviso e também de forjar o próprio som com amplificadores reais, torna-se realmente sem sentido a falta de uma interface para gravações em Rocksmith 2014.

Quer dizer, por que não incluir uma funcionalidade simples para registrar algumas ideias ou uma jam session particularmente inspirada com um bom amigo? Trata-se de algo bem básico, de forma que a não inclusão de um simples gravador é, no mínimo, curiosa.

Nada de controlar o volume na guitarra

Isso pode parecer um tanto sem sentido para os não iniciados, mas certamente deve pesar para guitarristas com alguma experiência. Basicamente, é muito comum que se controle o “ganho” do som utilizando o knob de volume da guitarra. Isso produz vários crunchs interessantes, já que diminui a distorção e o ataque do som.

Bem, ocorre que isso é completamente impossível em Rocksmith 2014. Caso você baixe o volume no instrumento — mesmo que apenas um pouco —, isso acabará por gerar uma latência (atraso) tão pronunciada no som que será praticamente impossível tocar. Uma pena, realmente, já que assim se elimina grande parte do potencial do game como amplificador de estudo.

Uma ferramenta didática bem afinada

É sempre difícil avaliar e/ou classificar algo pioneiro. Foi assim com o primeiro Rocksmith, e certamente o é com sua versão 2014. Entretanto, é impossível não notar as várias melhorias trabalhadas pela Ubisoft aqui, o que serve, novamente, como um belo chamariz para novos aprendizes das seis cordas.

Em linhas gerais, é notável a mudança de foco da franquia: Rocksmith 2014 abandonou quase completamente qualquer porção “jogo” que pudesse ser encontrada em seu antecessor. Em vez disso, há a inclinação óbvia para se tornar uma ferramenta didática auxiliar... E um tanto menos maçante do que a maior parte do que é oferecido por aí.

E há também as sessões de improviso — incrível como aquilo pode ser divertido. É possível passar um longo tempo com a I.A. (inteligência artificial) e/ou um bom amigo, treinando escalas/harmonias específicas em uma jam session bastante orgânica. E o melhor: você poderá fazer isso com o seu próprio som, forjado e lapidado sobre amplificadores, pedais e racks de efeito reais e endossados por marcas famosas.

Enfim, eis a sua chance renovada de finalmente começar a aprender guitarra. E quando a parte “jogo” começar a fazer muita falta... Bem, sempre haverá os botões coloridos.

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Pontos Positivos
  • Excelente ferramenta didática
  • Passo a passo para iniciantes
  • Amplificadores, pedais e racks licenciados
  • Jam sessions reagem ao seu estilo
  • Boa seleção de músicas
  • Minigames são uma ótima sacada para treinar fundamentos
Pontos Negativos
  • Falta uma interface de gravação
  • Impossível baixar o volume da guitarra para tirar "ganho"
  • Mesmo quem já toca por demorar um tempo para se familiarizar com o formato