Imagem de Resident Evil: Revelations 2 - Episode 1: Colônia Penal
Imagem de Resident Evil: Revelations 2 - Episode 1: Colônia Penal

Resident Evil: Revelations 2 - Episode 1: Colônia Penal

Nota do Voxel
85

Às vezes, o caminho alternativo é o melhor a se seguir

Resident Evil 6 não é uma unanimidade. Com personagens, informações e elementos na tela em excesso, o jogo foi mal em crítica e vendas, fazendo a Capcom repensar a franquia antes do próximo passo. Em vez de partir para um sétimo capítulo, a desenvolvedora japonesa preferiu apostar na saga paralela da série.

O primeiro Resident Evil Revelations saiu meses antes de Resident Evil 6. Embora não tenha recuperado todo o clima do survival horror de 1996, o game foi bem recebido por dar um passo atrás na "michaelbayzação" da saga, recuando na grandeza da história e nas cenas de ação enlouquecidas. Por isso, nada mais justo do que dar mais uma chance a esse "plano B". Nasceu assim Resident Evil: Revelations 2.

Com o diferencial de ser lançado inicialmente de forma digital e episódica (posteriormente física e completa), o jogo traz o retorno de velhos conhecidos e a introdução de novos rostos. Mecânicas aprimoradas e uma história original também aguardavam os fãs, que não sabiam o que esperar. Abaixo, você confere quais são as impressões do BJ sobre o piloto "Colônia Penal".

Um retorno às orig... Nada disso!

Antes de começar, é preciso deixar uma coisa clara. É mais fácil escapar do Nemesis do que a Capcom lançar um Resident Evil 7 ou 8 nos moldes originais do survivor horror, com pouca munição, cenários estreitos, câmeras alternando e a sensação de que você está sempre passo atrás de tudo. O estilo com mais tiroteios inaugurado em Resident Evil 4 foi mantido, mas nunca sem alterações. Por isso, Revelations 2 não é um retorno às origens e deve se orgulhar disso. Ao mesmo tempo, não pense que você verá aqui uma nota baixa só porque ele não lembra os áureos tempos da franquia. O que o jogo faz é recuperar personagens, falas e outros tópicos antigos e provocar certas sensações dos games anteriores, mas tudo a partir de uma estética atual. Pode não ser o ideal para muita gente, mas o tempo passou e essa é uma solução que rende bons frutos.

De olho no Big Brother Resident

A história começa com Claire Redfield e Moira Burton em um evento da Terra Save. Pera, quem? Pois é: pressupondo que você jogou os games anteriores ou ao menos leu as histórias, Revelations 2 não é um jogo para novatos. Voltando ao enredo: a protagonista de Resident Evil 2 e a filha do adorado Barry Burton, de Resident Evil 1, estão em uma festa da organização antibioterrorismo da qual fazem parte quando são sequestradas por misteriosos soldados. Ambas acordam em uma prisão e, além de escaparem vivas, precisam agora desvendar alguns mistérios: quem é o responsável? Que lugar é aquele? Para que servem os braceletes que cada uma leva no pulso? Uma misteriosa voz entra em contato frequentemente com elas falando de forma enigmática e várias câmeras de segurança são vistas na fase — aquela sensação de que o inimigo está sempre te observando é constante.

Na outra metade do capítulo, Barry vai atrás da filha e, ao chegar de barco ao local, depara-se com Natalia, uma menina perdida e órfã que não parece ter medo dos perigos que rondam a prisão. Acompanhado da misteriosa jovem, que tem o dom de identificar a presença de monstros próximos, ele espera chegar até a herdeira antes que seja tarde demais. As diferenças não param por aí: enquanto Claire enfrenta os enormes e rápidos Afflicted, que sofreram mutação a partir de tortura, Barry depara-se com infectados putrefatos que lembram bastante os bons e velhos zumbis. As demais criaturas (um gigante com um martelo e um monstro contorcionista) não são originais, mas cumprem bem o papel de antagonistas

Os diálogos não são um primor em profundidade, mas são o suficiente para desenvolver lentamente os personagens: rebelde e falando um palavrão por frase, Moira passou por um trauma envolvendo armas no passado e está de mal com o pai, por exemplo. Já Burton é o típico herói estilo Clint Eastwood, falando pouco e bonito — ele até porta novamente sua clássica Magnum, assim como a de Dirty Harry.

E, se o primeiro Revelations contava com várias referências a Dante Alighieri, o escritor da vez é Franz Kafka. Os capítulos são nomes de obras do tcheco, há trechos de livros espalhados pelos corredores e até a misteriosa vilã tem um estilo de poesia que remete ao filósofo. Quem já é fã da bibliografia vai passar o capítulo caçando ainda mais referências.

Um cooperativo realmente 50-50

A jogabilidade mistura as melhores inovações de Resident Evil Revelations com um toque de Resident Evil 6. A esquiva melhorou muito, é fácil de ser usada e pode salvar você em momentos de desespero. Você tem o controle total dos personagens e da câmera. A corrida desenfreada está de volta, mas usá-la demais faz você perder detalhes do cenário e possíveis itens, além de cansar o personagem.

Entretanto, o destaque vai para a possibilidade de, no caso do single player, alternar entre os dois membros da dupla quando você quiser usando um único botão. As diferenças são notáveis: Claire e Barry usam armas de fogo e possuem facas como suporte. Moira tem uma lanterna que cega os inimigos e acha itens escondidos, além de carregar um pé-de-cabra. Natalia acha objetos e possui o tal "sexto sentido". Esse é um grande avanço: apesar de bem diferentes, os personagens se completam, oferecendo uma experiência de jogo diferente e divertida. Usar dois em alguns desafios é essencial, mas escolher só um durante a maior parte da aventura e depois experimentar o controle do outro cria um ótimo replay do game.

Outro fator que se destaca é a criação de armas secundárias, usando itens coletados no mapa. Essa dinâmica lembra The Last of Us e se encaixa bem na franquia. Já a árvore de habilidades, que pode ser acessada a cada morte ou fim de capítulo, está bem fácil de usar. É só gastar a moeda virtual do game (as pedras preciosas coletadas pelo caminho) para destravar as melhorias.

No multiplayer local, a diversão continua garantida e a briga para ver quem vai ser qual personagem também. A tela dividida, entretanto, não é o melhor jeito de sentir o clima do jogo — e a versão para PC só funciona em sigle-player. Além disso, a falta de um modo cooperativo online na campanha e a demora no lançamento do cooperativo do Raid Mode (“Modo de Raide”) pode desagradar muita gente.

A dificuldade geral pode ser ajustada para três níveis. Quanto mais complicado, menos munição a ser encontrada e mais trabalho para vencer inimigos. O game vira bem mais desafiador, com direto a mais ações a serem feitas para sair de um determiando prédio, por exemplo.

Prisão, floresta, ferro-velho...

O visual do Queen Zenobia, navio que servia de cenário inicial de Revelations, era estonteante. Ainda assim, era fácil de enjoar de cabines e halls depois um tempo. Na sequência, a variedade de lugares aumentou bastante, com a Capcom caprichando na ambientação. Você toma alguns sustos dentro da prisão e fica impressionado com o design deste e de outros locais.

Mas os gráficos não são perfeitos: ao menos no PC, onde fizemos o teste, objetos saem do lugar, cabeças não explodem mais e zumbis podem atravessar paredes por causa de bugs — porém, nada muito acentuado. A parte sonora recebeu um tratamento melhor, com efeitos que ajudam a criar o clima de terror.

Vários presentes aos veteranos

Quem joga Resident Evil desde 1996 ou correu atrás da série antes de Revelations 2 terá boas surpresas: os diálogos são cheios de piadas e referências a situações antigas da série, incluindo o "Jill Sandwich", de Resident Evil 1, e o Ouroboros, de Resident Evil 5. O cenário de prisão já foi visitado pela própria Claire em Resident Evil Code: Veronica e, pasme, Natalia lembra uma personagem do obscuro Resident Evil Gaiden, do Game Boy Color.

Outra boa notícia é o retorno dos files (os papéis que você encontra no cenário) em seu estado mais natural. Cartas de guardas e prisioneiros, memorandos e trechos de livros de Kafka ajudam você a imergir na história e conhecer mais o local. Só que nem tudo são flores: sem Alyson Court na dublagem e com um novo modelo de rosto, Claire quase parece outra pessoa — a atriz era voz e corpo da personagem desde Resident Evil 2. O bom é que essa ausência, embora sentida, não compromete o resultado final.

Raid Mode

Fechou os dois capítulos e precisa esperar pelos próximos? Enquanto eles não chegam, uma boa alternativa é o "Modo de Raide" (nos menus em português). Trata-se de um mini game em que você realiza missões individuais em vários mapas com o objetivo de limpar as áreas de inimigos. Armas, pontos e personagens são liberados aos poucos e os inimigos têm até barras de vida, como em um RPG. Ele substitui o clássico modo Mercenários e está cheio de mapas novos e reaproveitados. Um modo online muito bem-vindo será incorporado mais adiante.

Puzzles e localização: quase lá

Os menus e as legendas estão em português brasileiro, o que é um ótimo caminho para a Capcom. Ainda assim, algumas traduções perdem conteúdo da fala original ou tomam liberdades criativas bem questionáveis, especialmente no caso dos palavrões. Será que não é hora de investir em dublagem para o Brasil?

Além disso, os puzzles que fazem parte de praticamente todos os capítulos da série não parecem retornar aqui, a não ser que pegar o "item A" e levá-lo ao "lugar B" para ativar o "mecanismo C" seja considerado um desafio. Onde estão os enigmas e quebra-cabeças?

Vale a pena?

O medo não é o mesmo que em Resident Evil HD Remaster, é verdade, mas quem está em busca de uma história original para a franquia não vai se desapontar com o piloto de Resident Evil: Revelations 2. "Penal Colony" é um episódio introdutório bastante consistente, fazendo um resumo do que encontraremos no resto da aventura.

A história empolga o jogador a continuar pelos próximos episódios. Os personagens são bem variados e interessantes, auxiliados pelo excelente modo cooperativo, que faz com que cada um tenha qualidades originais. Fora a campanha, ainda há o excelente Raid Mode, que vai proporcionar muito replay enquanto você aguarda os demais lançamentos. A duração do capítulo, aliás, está dentro do esperado: você pode levar cerca de uma hora por campanha (duas horas no total do episódio) na primeira vez que jogar, caso vá com calma em busca de itens e arquivos. As próximas tentativas são completadas muito mais rapidamente — e, como o tempo de espera não é tão exagerado quanto o de um game da Telltale e até o preço do game digital está relativamente baixo, não há o que se criticar. Ainda assim, a falta do modo cooperativo online (e offline no PC) vai deixar muita gente irritada e de mãos vazias.

Os gráficos não apresentam um primor técnico com o de The Order: 1886, mas não comprometem e entregam cenários variados muito bonitos, além de inimigos aterrorizantes. Os efeitos sonoros, da dublagem em inglês à trilha e aos sons das criaturas, estão com a qualidade esperada.

Apesar dos deslizes nas legendas em português e na ausência dos puzzles, a Capcom conseguiu corrigir algumas falhas de Resident Evil 6 e promete agradar a veteranos e novatos com o novo jogo. Quem sabe o sucesso dessa franquia paralela não faz a empresa voltar a investir no suspense e horror? Sem dúvidas, essa seria uma metamorfose kafkiana muito bem-vinda.

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Pontos Positivos
  • Bom equilíbrio entre ação e tensão
  • Sistema cooperativo bem desenvolvido
  • Jogabilidade no auge da franquia
  • Extras e homenagens de qualidade
Pontos Negativos
  • Sem puzzles que exigem raciocínio
  • Localização precisa melhorar
  • Ausência de cooperativo online (e offline no PC)