Imagem de Rad
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Rad

Nota do Voxel
70

Rad é um jogo bem divertido, muito criativo e com toques de repetição

A Double Fine é uma das desenvolvedoras mais criativas e clássicas que temos nos dias atuais e ela continua a surpreender com ideias legais. Sua última obra, Rad, chegou na semana retrasada em distribuição pela Bandai Namco e traz um estilo que a produtora ainda não havia explorado: o rogue like.

Quando pensamos em Double Fine, games como PsychonautsBrütal LegendGrim Fandango vêm à cabeça, mas certamente nada como Rogue Legacy ou Downwell. Sem dúvidas, Rad traz ideias interessantes em misturar ermos pós-apocalípticos, cultura pop dos anos 80 e gameplay de ação em mapas procedurais. Mas será que a empreitada está à altura do legado da desenvolvedora? Vem ver a nossa análise completa!

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Anos 80, radiação e Apocalipse: a receita da diversão

Um apocalipse já é ruim, mas imagina dois? Esse é o mundo de Rad apresentado pela Double Fine. Assim como em Fallout, em que vivemos em uma sociedade devastada que parou seu desenvolvimento tecnológico nos anos 50, o game traz um mundo hostil que teve seu primeiro desastre na década de 80. Portanto, a vibe "Stranger Things" com "Mad Max" é o que você pode esperar do começo ao fim.

O jogo tem uma atmosfera apocalíptica, mas o clima é de diversão e muita estética neonpunk para acrescentar bastante carisma ao que poderia ser um cenário amarronzado e insosso. Ou seria esverdeado? Apesar de o mundo ter sido destruído duas vezes, ele está longe de ser inóspito, pois diversas criaturas surgiram a partir da radioatividade acentuada. Esse é o playground de diversão que o jogador se encontra a cada partida.

A premissa de Rad é que a energia que sustenta a última comunidade humana sessou – e é o seu trabalho se aventurar pelos ermos radiativos para encontrar a solução. Contudo, a radiação deixa de ser um obstáculo e passa a ser um recurso, pois a cada nova aventura nos mapas procedurais você vai acumular mutações genéticas que concederão poderes novos.

O combate do game é muito simples, mas a diversão reside nos poderes diferentes que é possível acumular a cada round. É possível acumular até três habilidades ativas diferentes (vulgo ataques especiais) e diversas passivas. As mutações vão desde jogar a própria cabeça de forma explosiva a ter pernas de centauro para correr para cima dos inimigos.

Galeria 1

Rad é a cara da Double Fine do começo ao fim, com muito humor a cada canto. Sem brincadeiras, mas até o menu de pause tem suas piadas, com o narrador impaciente a cada vez que o jogador para o game. Os diálogos são muito bem-construídos, assim como toda a ambientação do jogo.

“Só mais partida e aí eu paro”, disse eu, que não parou

Como você deve ter notado, nenhuma vez o termo “campanha” ou “aventura” foi utilizado. Como todo bom rogue like, Rad funciona de maneira procedural em partidas que vão até a sua morte. A cada jogo novo, o jogador pode escolher um personagem diferente e evolui-lo de maneira aleatória mais uma vez para progredir no mundo do título.

A grande parte da graça está em tentar mais uma vez e ver como o sistema de mutações vai recompensá-lo. Será que terei resistência à veneno de radiação? Será que terei asas? Cada partida é uma surpresa e é isso que motiva a tentar mais e mais. Isso faz com que as mortes não sejam punitivas a ponto de serem frustrantes.

A

Muito pelo contrário: Rad é surpreendentemente desafiador, algo que pode não parecer em um primeiro momento. Há diversos mapas muito bem-feitos, mesmo que eles sejam aleatórios, e muitos chefes e adversários que têm táticas e poderes diferentes para atrapalhar a vida do jogador. Portanto, você vai morrer, e bastante. Mas há formas de contornar as consequências de uma morte permanente.

Para ajudar ainda mais a cada round, é possível estocar as moedas do jogo, que são fitas cassetes, para que nem todo progresso se perca a cada derrota. A realidade é que Rad entrega uma experiência bem interessante e que é gostoso de repetir. Mas até certo ponto.

A repetição bate uma hora

Certamente, Rad tem um combate competente e uma exploração extremamente divertida. São elementos que suprem o jogador e são bem legais até certo ponto, mas sem dúvidas não se beneficiam da repetição que refazer os mesmos passos partida após partida.

A premissa do game é bem simples e envolve se aventurar nas terras radioativas e liberar portais que abrem novos mapas gerados proceduralmente. Como citado, as mutações são legais, mas o game tem um escopo bem simples que implica em repetir inimigos bem parecidos diversas vezes, explorando as mesmas masmorras e mapas por um bom tempo (durante a progressão, algumas coisas mudam). Ultrapassar essa barreira depende da habilidade do jogador.

Há recompensas a longo prazo, como liberar novas armas e personagens, mas elas não são extremamente legais a ponto de manter a atenção por muito tempo. Ironicamente, os grandes pontos negativos e positivos estão diretamente relacionados à simplicidade do jogo.

Vale a pena?

Rad certamente é uma ótima adição ao catálogo da Double Fine, mas também não é uma obra-prima. Em muitos momentos, o game é o que ele tenta ser: simples, divertido e com um aspecto indie bem presente, trazendo excelentes ideias e bom-humor enquanto peca na repetição e simplicidade ao longo prazo.

Sem dúvidas, a jogatina será prazerosa e há bastante coisa para descobrir, mutações para colecionar e uma boa experiência para aproveitar. Contudo, é bom não ter expectativas altas: Rad é sensacional para uma diversão rápida e até pode ser bacana para jogatinas descerebradas, mas não oferece muito mais que isso.

Rad foi gentilmente disponibilizado pela Banda Namco para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Cenário e ambientação oitentista que acrescenta à diversão
  • Mapas procedurais bem-feitos e recheados de desafios
  • As mutações são, sem dúvidas, os elementos mais dinâmicos, criativos e divertidos do game
  • Há algumas recompensas à longo prazo e mecânicas para compensar as mortes permanentes
Pontos Negativos
  • Se torna repetitivo com o tempo
  • Não há muito para se fazer além da jogatina descerebrada