Imagem de One Punch Man: A Hero Nobody Knows
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One Punch Man: A Hero Nobody Knows

Nota do Voxel
69

One Punch Man passa de ano 'raspando', mas ainda é Classe C

Ano vai, ano vem, a Bandai Namco continua líder no segmento de jogos de anime. Depois de trazer adaptações de Dragon Ball Z, Naruto, Black Cover, Sword Art Online e outras dezenas de séries populares, chegou a vez de One Punch Man — da Shonen Jump — ganhar a sua primeira versão para consoles e PC, com textos em português brasileiro.

Apesar de concordar com o fato de que jogos de anime nunca estão à altura de produções AAA, confesso que fiquei bastante curioso para conhecer o jogo de ação protagonizado por Saitama, o aspirante a herói da careca lustrada. Afinal, como o estúdio Spike Chunsoft poderia criar um game de luta no qual o personagem principal é literalmente invencível? Já adianto aqui que é um game divertido, mas não escapa da repetição e sofre com a falta de balanceamento. Confira a nossa análise completa de One Punch Man: A Hero Nobody Knows.

O herói que transcende os rankings

Em One Punch Man: A Hero Nobody Knows, o grande foco é o modo história, no qual o jogador pode criar um personagem do zero, candidato a herói, para reviver os acontecimentos da 1ª temporada do anime. Está tudo contemplado: desde a batalha na Casa da Evolução até o confronto final contra Melzalgard — o gigante alienígena — e Boros, o líder do grupo Dark Matter de ladrões espaciais.

O mais legal é a forma como o personagem é introduzido à narrativa. Basicamente, Saitama não tem tempo suficiente para treinar dois novatos de uma só vez. Assim, ele pede a Genos (o ciborgue demoníaco) para transmitir os ensinamentos a você, que sentirá na pele como é ser o mentor de alguém.

Todos os principais momentos dos primeiros arcos foram caprichosamente recriados em visual cel shading. A única diferença em relação à obra original é o herói, o qual também protagoniza cenas com diversas referências do humor características à série animada. A inclusão de um herói personalizado pode ser um atrativo ao fã que conhece a 1ª temporada de trás pra frente e deseja experimentar algo novo, sob outra perspectiva.

Estrutura questionável e problemas na progressão

Antes de se aventurar pela cidade, o jogo te deixa livre para criar um avatar a partir do robusto sistema de personalização. Há centenas de itens cosméticos baseados nos heróis mais populares, assim como armas e roupas de coadjuvantes, como Kinzoku Bat, Atomic Samurai e Amai-Mask, só para citar alguns. Fiquei realmente surpreso com a quantidade de opções e combinações inusitadas para se criar um herói singular.

Nos moldes do mangá, os heróis iniciantes que não têm resultados expressivos no teste de qualificação — você é um deles — começam pela Classe C. Está é a mais baixa e cuida de incidentes menores e de baixo nível de calamidade. Conforme avança na história, conclui missões e favores pela cidade, você pode evoluir no ranking da Associação de Heróis e ser promovido à Classe S, a mais alta do departamento.

No modo história, o sistema de progressão é o que incentiva o jogador a finalizar missões da associação e completar objetivos para os cidadãos. De tão completa, a progressão é um tanto confusa, já que é possível evoluir em muitas verticais ao mesmo tempo. Apesar de ter muitos sistemas, falta um senso de avanço ao personagem em si, isto é, no sentido dele ficar mais forte para encarar inimigos mais poderosos. Na prática, as melhorias feitas ao herói com os pontos de habilidade não são sentidas. Ficou faltando aquele clique de "opa, como eu fiquei mais forte".

Você pode explorar livremente uma minúscula cidade, seja online ou offline, que funciona mais como uma espécie de hub. É nessa área social que você vai interagir com nomes conhecidos do mangá, concluir treinamentos, comprar e vender itens, habilitar ataques e cumprir tarefas mundanas para NPCs. Você pode até mobiliar o próprio apartamento com itens obtidos em lojas ou missões, ainda que isso não acrescente muito à experiência.

Há muito a ser feito no mundo do jogo, mas, a meu ver, o problema é as atividades muito repetidas. E, quando eu digo "muito", é muito mesmo! Exaustiva, a dinâmica das missões se resume a diálogos vagos e lutas inconstantes, ora fáceis, ora difíceis. Devido à dificuldade oscilante, você se vê obrigado a repetir as mesmas atividades por horas até se sentir confiante e apto a progredir — e olha que nem sempre dá certo.

Por mais que seja divertido "cair na porrada" com os inimigos, os deslizes estruturais não passam despercebidos. Infelizmente, o sistema de progressão confuso, a repetição imposta de forma proposital às missões e o mundo modorrento (sem grandes atrativos e que desestimula a exploração) ofuscam a qualidade. Isso sem contar os loadings eternos toda vez que uma nova atividade é iniciada. Aliás, o loading constante é um ponto em comum entre os jogos de anime. Curioso, não?

A premissa é "cair na porrada"

Embora traga elementos sutis de RPG no modo história, One Punch Man: A Hero Nobody Knows é um jogo de luta simples, de três contra três, com eventos aleatórios a cada rodada: chuvas de meteoros, aparições de gigantes e terremotos são apenas algumas das mudanças possíveis no campo de batalha.

Durante os combates, você recebe ajuda de guerreiros icônicos da 1ª temporada, tendo o imbatível Saitama como a grande estrela. O careca de capa não leva dano e é capaz de destroçar o oponente em um único golpe, rendendo algumas cenas cômicas semelhantes ao anime.

Os comandos são bem básicos e permitem a execução de sequências homéricas de ataques ao se combinar dois ou três botões. Se você estiver cansado de um determinado estilo de luta, saiba que é possível intercalar entre combate corpo a corpo e técnicas de máquina; por exemplo, por meio do "menu do herói" e de todas as classes do desenho disponíveis, incluindo a de monstro. A partir da troca, você pode redistribuir as técnicas especiais do personagem adequando-se ao padrão de luta desejado, e contribuindo para dinamizar as lutas.

De maneira geral, o combate é divertido e até traz uma certa variedade, mesmo sendo meio falho em relação ao tempo de resposta das ações. Convenhamos, um jogo de luta que possibilita a exploração de brechas do adversário por limitação técnica é frustrante aos dois lados. Se for um game voltado ao cenário competitivo, então, nem se fala.

Um exemplo nítido da limitação do combate é quando você leva uma sequência de golpes, é derrubado e sequer consegue se reerguer, pois o oponente continua desferindo ataques. A falta de balanceamento no modo história é até que suportável, pois você também se aproveita das brechas, mas a coisa complica nos modos online quando o conflito passa a ser com outros jogadores reais. Imagino que um patch de correção já esteja programado para corrigir e equilibrar o gameplay.

Em relação ao visual, as adaptações em cel shading dos personagens são bastante fiéis à estética do anime. Os poderes, todos com os nomes originais, têm toda a pirotecnia do desenho, com explosões saltando na tela a cada nova combinação. É um verdadeiro colírio. Os cenários, por outro lado, são genéricos e meio vazios, sem muita pompa. Apenas para refrescar a memória: quase todas as batalhas da 1ª temporada acontecem em ambientes destruídos e galpões desabitados, então o game também abraça essa mesma simplicidade.

Veredito

One Punch Man: A Hero Nobody Knows reduz o apetite dos fãs com uma experiência satisfatória, mas sofre do velho mal da repetição e da falta de balanceamento, além de trazer à tona problemas estruturais que, somados, prejudicam a qualidade do game como um todo. Encare-o com um ar de descompromisso, e a sua diversão será maior.

Para o jogador que nunca experimentou One Punch Man e tem curiosidade em conhecer a franquia, o recado está dado: procure assistir ao anime ou ler o mangá primeiro. A Hero Nobody Knows só passa de ano para quem já está familiarizado com a "entediante" rotina de Saitama (nas palavras dele). Por ora, a estreia nos consoles fica apenas entre as primeiras posições da Classe C.

One Punch Man foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise. 

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Pontos Positivos
  • É a primeira temporada do anime, mas com algumas novidades
  • Sistema de personalização permite criar heróis únicos
  • Visual em cel-shading é fiel ao anime
  • Combate simples e divertido
Pontos Negativos
  • Falta de balanceamento nas lutas, especialmente para o modo multiplayer
  • Sofre do velho mal da repetição
  • Cidade modorrenta e sem muitos atrativos
  • Sistema de progressão em níveis não imprime a sensação de estar realmente evoluindo
  • Problemas na estrutura de mundo