Imagem de Marvel's Spider-Man Remastered (PC)
Imagem de Marvel's Spider-Man Remastered (PC)

Marvel's Spider-Man Remastered (PC)

Nota do Voxel
70

Spider-Man Remastered no PC brilha no conteúdo, mas peca na otimização

Não há dúvidas que Marvel’s Spider-Man foi um dos grandes games de 2018, se tornando um dos mais icônicos jogos de herói a despontar as listas do gênero. Não à toa, juntamente com Miles Morales, o título retornou remasterizado para chancelar a chegada do PS5 ao mercado, trazendo recursos inéditos, como ray tracing, melhoria em performance e até novos rostos na aventura – literalmente.

Por conta do imenso sucesso, o game despontou como um dos maiores exclusivos da geração PS4 e liderou a vanguarda dos primeiros de PlayStation a chegarem no PC. Contudo, após horas de testes no computador, parece que ele também estreia como uma das primeiras decepções de ports mal otimizados e problemáticos também.

Antes de seguirmos com o review de Spider-Man Remastered no PC, vale um aviso: a Sony já escorregou em outras adaptações para computadores no passado e, hoje, são jogos estáveis e capazes de rodar bem em uma variedade de hardware. Portanto, é necessário reforçar que esta visão de análise corresponde ao período de lançamento e provavelmente teremos correções no futuro, conforme prometido pela própria Nixxes durante o período de análise. Em outras palavras, dependendo de quando você ler ou assistir ao nosso review, ele já esteja datado, mas vamos relatar a nossa experiência aqui, que não foi positiva.

O mesmo Spider-Man de sempre (ou quase)

Vamos começar com os pontos positivos da adaptação ao PC! Se você é um dos que sempre quis ter a experiência de um dos melhores games de herói e aproveitar a aventura do Homem-Aranha, mas nunca conseguiu pela exclusividade do PlayStation, temos boas novas: o pacote que chega ao PC é o mais completo possível, trazendo todas as melhorias do PS5 e os DLCs lançados durante a era do PS4.

Em outras palavras, o roteiro não decepciona para quem busca uma boa campanha para se divertir! Há dezenas de personagens marcantes na narrativa e o enredo se desenrola de uma forma muito satisfatória, mesmo nos pontos mais enrolados do desenvolvimento. Seguimos a história de um Peter Parker mais maduro e com experiência no traje de Homem-Aranha, mas ainda com os problemas de sempre, como um emprego instável, desencontros amorosos e, como sempre, em sua vida financeira.

Existem muitas tramas paralelas para seguir por aqui, como as quests da Gata Negra (chamada de Black Cat, em inglês, assim como todos os outros personagens), além de várias referências e easter eggs incríveis para quem é fã do super-herói e de uma linha narrativa principal que recompensa àqueles que buscam uma ótima campanha.

E, mesmo quando acabar a aventura, ainda existem os DLCs para desbravar, garantindo a longevidade para quem preza por uma experiência mais extensa. Portanto, conteúdo não falta por aqui. A única mudança, que já não é novidade para donos de PlayStation 5, é que Peter Parker teve uma remodelagem facial e em alguns aprimoramentos gráficos nos trajes e outros elementos visuais. Outra novidade legal que chega ao PC é o feedback háptico e gatilhos adaptativos do DualSense, que funcionam muito bem se você tiver um controle do PS5 conectado via cabo no PC.

Mundo aberto exemplar e combate vistoso

Um dos pilares mais excepcionais de Marvel’s Spider-Man Remastered é seu mundo aberto diversificado em combinação com uma das melhores movimentações em exploração livre. Isso significa que o conteúdo é bem recheado, garantindo dezenas de horas de diversões com muitas atividades, seja com a campanha extremamente bem-construída ou com as tarefas do Cabeça de Teia por Nova York, que incluem liberar o mapa, deter bandidos, realizar missões secundárias e achar diversos colecionáveis que ajudam na progressão das habilidades e no ganho de experiência.

Temos muitas coisas para fazer em Spider-Man Remastered e arrisco dizer que quase todas são bem divertidas, já que tudo envolve alguns pilares muito bem-construídos, como um combate de primeira, uma excelente distribuição de atividades ao redor do mapa e, certamente, uma campanha ótima que não gasta tempo trazendo novamente uma história de origem.

Claro, nem tudo é tão divertido de fazer e realizar algumas tarefas de pesquisa de Harry podem cansar, assim como limpar toda a cidade do crime no fim do game para pegar todas as conquistas, revelando que mais variedade no fim não faria tão mal assim.

Entretanto, ao longo do caminho você vai se deparar com diversos tipos de inimigos, algo que ajuda a manter o frescor da experiência, trazendo os icônicos brutamontes, os adversários armados, os escudeiros e diversos outros arquétipos que ampliam o leque de táticas que o Cabeça de Teia deve executar.

E, por falar nisso, equipamentos e golpes é o que não falta em um dos combates mais primorosos já vistos, mesmo que já tenha quatro anos de idade nesse momento. Todas as animações são extremamente fluidas, como uma dança contemporânea de teias, ataques especiais, combos e combate no maior estilo todos contra um.

Cada atividade ao redor do mapa garante experiências e recursos que concedem novas roupas, habilidades, gadgets e até desbloqueio da modesta, mas bem-feita árvore de habilidades bem diversificada. E, enquanto não estiver derrotando o crime do bairro, se pendurar pelos arranha-céus e realizar manobras acrobáticas é sempre um deleite aos olhos.

Mas isso é chover no molhado: não vou me estender nestes quesitos, já que temos o mesmo jogo de PS4 e PS5 em termos de conteúdo e, como sempre, recomendamos a nossa análise original para aos curiosos sobre a experiência. Agora, vamos falar do maior vilão do game.

Mais aterrorizante que Rei do Crime: má otimização

Com um game tão polido pelas mãos da Insomniac, tanto em 2018 quanto a versão remasterizada em 2020, tudo indicava uma ótima adição à biblioteca do PC, certo? Certo? Bom... infelizmente, o sucesso dos ports de God of War, Days Gone e outros títulos da Sony não se repetiu aqui pelas mãos da Nixxes – e é pior do que vimos em Horizon: Zero Dawn em sua estreia.

Primeiro vamos falar das notícias boas: o game suporta taxa de quadros acima de 60 fps, traz o Ray Tracing que vimos no PS5, tem uma boa opção de controles no teclado e mouse, suporta resoluções altas e proporções ultrawide e até mesmo traz suporte ao DualSense se conectado via cabo. Mas as coisas boas param por aí.

Infelizmente, Marvel’s Spider-Man chegou para review em estado bem cru ainda, com diversos problemas de otimização, bugs, inconsistência de performance, crashs constantes e pouco uso de recursos de PC – ou pelo menos da maneira correta. Travas severas de bugs, desempenho e gráficos pouco vistosos em bugs de ray tracing se tornaram padrão durante a jogatina, ficando claro que mais tempo de desenvolvimento e polimento eram necessários.

Para termos de comparação, você pode conferir as especificações mínimas e recomendas do jogo e entender um pouco do que eu enfrentei. Mesmo rodando o game em uma Geforce RTX 3080 Ti, atingir os tão desejados 60 quadros por segundo foi um verdadeiro pesadelo. Com o ray tracing ativado, raríssimas vezes a taxa de fps segurou as pontas de forma fluida.

Quando começamos a jogar, a equipe pedia compreensão e uma placa com 10 GB de VRAM, algo que a RTX 3080 Ti tem de sobra e, mesmo assim, não conseguia almejar os 60 quadros por segundo em 1440p. O mais bizarro é que independentemente da configuração de ray tracing ou resolução, manter uma média de 60 fps foi impossível.

E sem ray tracing? Acredite se quiser, mas mesmo assim tivemos diversas quedas abaixo dos almejados 60 quadros, flutuando entre 50 a 90 fps com picos e quedas constantes que tiram o brilho da experiência, mesmo em um monitor de 170 Hz e com G-sync ligado. Ativar ou desativar o DLSS pouco ajudou a situação e o desempenho sempre se manteve o mesmo.

Mas aí vem o pulo do gato: mesmo em 4K, em momento algum a GPU teve enfrentou gargalos. Mesmo sem qualquer técnica de upscaling, como o milagroso DLSS, a placa de vídeo poucas vezes usou mais de 90% de sua carga. Em contrapartida, a CPU teve um uso tão alto que começou a esquentar o sistema além do que qualquer game que eu já tenha testado, tendo picos de até mesmo 100% de uso.

Para transparência, meu processador é um Ryzen 7 3800X, acima do recomendado, e que nunca enfrentou gargalos até hoje, mesmo quando testei Cyberpunk 2077 antes de suas otimizações para CPUs AMD. Andar pela cidade é pedir para ter dor de cabeça, então fica o aviso: cuidado. A conta simplesmente não fecha, já que mesmo remasterizado, Marvel’s Spider-Man ainda é o mesmo título de PS4 e não há nenhum processo que necessite tanto uso de CPU. Estranhamente, esse cenário não aconteceu em ambientes fechados, com uso adequado de GPU e CPU, taxas acima de 150 fps, com ou sem ray tracing. O problema é durante a jogatina na cidade, que é a maior parte da aventura.

Passei horas e horas tentando achar um culpado, mas ele simplesmente não existe. Tenho 32 GB de RAM em 3600 Mhz, a instalação foi feita em um SSD NVMe acima das especificações do PS5, todos os drivers estavam atualizados e até o ray tracing, que poderia ser um potencial peso enorme na CPU, quando desligado não resolveu o problema. Cheguei a formatar o PC com Windows 10 para ver se havia diferença em relação ao Windows 11 (já que minha instalação estavacom bugs) e o resultado permaneceu igual. Além disso, cheguei a testar em um i7 de 12ª geração com 32 GB DDR5 e, pra minha surpresa, o game sequer abriu: dezenas de tentativas resultaram em crashes.

Em conversa com outros amigos que testaram o game, o resultado foi o mesmo, independente de a CPU ser Intel ou AMD. Além disso, a equipe da Nixxes avisou a imprensa sobre ainda estar trabalhando em otimizações de performance e alto uso de carga de CPU no game. Onde quero chegar com isso? Resumidamente, se computadores de alta performance estão com problemas, setups mais modestos podem ter resultados ainda piores. Se um PS5 em 1440p consegue atingir taxas de quadros acima de 80 fps quando o VRR está ativo, um PC melhor deveria ter um desempenho excepcional, não acham?

Uma leva de novos bugs para o Cabeça de Teia

Infelizmente, os problemas parecem não acabar por aí. Durante as minhas horas de jogatina, me deparei com uma dezena de bugs que simplesmente não existiam no título original de PlayStation. Alguns são pouco relevantes, como problemas no lip sync e nos vídeos de preview das habilidades, mas outros resultaram em mortes do Homem-Aranha e problemas no progresso de missões.

Em um deles, por exemplo, ao perseguir um suspeito de assalto à banco gerou uma breve mudança de câmera para o carro do crime, que travou a câmera sem voltar ao herói, que caiu do prédio e falhou a missão. Em outros, os cube maps de reflexos exibiam erroneamente movimentação de prédios e arranha-céus de Nova York, mesmo dentro de um ambiente fechado no centro de caridade de tia May.

Em outro aspecto, trocar qualquer configuração gráfica com o game rodando, algo normal no PC, resultou em performance ainda mais desastrosa. Por exemplo, ligar ou desligar o DLSS no jogo causava um desempenho constante em 7 fps. Ao retornar com o DLSS ativo, a performance ficou por alguns minutos em 18 fps.

As configurações gráficas são bacanas e parecem escalar bem para diversos tipos de setups, mas modificá-las durante a jogatina me rendeu crashes constantes. Além disso, parece que diversas configurações gráficas não impactavam o desempenho a não ser que fossem alteradas no menu antes que o jogo abra.

Promessas de melhoria, mas não garantidas até o momento

Ok, mas tudo isso de problemas e nenhuma melhoria? Não exatamente, felizmente. Durante o processo de review, Marvel’s Spider-Man foi atualizado duas vezes: uma com 4 GB e outra com assustadores 39 GB, corrigindo os bugs de preview de habilidades e lip sync dessincronizado em grande parte.

O uso de CPU chegou a melhorar um pouco, sem os picos bizarros em 100%, mas ainda com uma carga altíssima de 70 a 80% do processador. O ray tracing voltou a ser habilitado em GPUs AMD e outros bugs foram teoricamente corrigidos, como o impedimento dos traçados de raio somente em GPUs com mais de 10 GB de VRAM.

Contudo, o resultado de performance assombrosa ainda se manteve. Por mais que haja melhorias até onde jogamos, ter 60 quadros em qualquer configuração parece algo inatingível no momento, com ou sem uso de ray tracing e independente da resolução escolhida.

Mas preciso amortizar um pouco o relato assustador. Por pior que esteja no estado atual da análise, Marvel’s Spider-Man não está injogável na minha configuração e foi possível se divertir com ele, mas longe da experiência que um jogador de PC almeja: ter resultados acima dos consoles, com altíssimas taxas de quadros ou simplesmente uma experiência fluida e bem otimizada.

A Nixxes já prometeu melhorias e, dado o histórico de jogos de PlayStation nos computadores, até os casos mais severos foram corrigidos ao longo do tempo. Uma das melhorias é a escala de tráfego e pessoas no cenário, que por consequência pode auxiliar nos reflexos de ray tracing também.

Contudo, mantenho o aviso: se um PC de alta performance teve problema, fique atento à sua configuração e, de último caso, teste o game e peça o reembolso da Steam caso a jogatina esteja muito ruim para o seu sistema.

Vale a pena?

Sem dúvida alguma, Marvel’s Spider-Man continua o excelente game que todos amaram em 2018 e em sua remasterização em 2020: todo o conteúdo está aqui, incluindo DLCs, a campanha fantástica e cheia de momentos marcantes, o mundo aberto magnífico de se movimentar e fazer atividades, além do combate aperfeiçoado para o gênero de heróis que poucos jogos refinaram a essa qualidade muito acima da média.

O problema, atualmente pelo menos, reside em sua má otimização e bugs inexistentes nas versões de PlayStation. Não quero trazer um clima apocalíptico aqui: o game ainda é bem jogável, mas eu testei a campanha em uma máquina de alta performance. É necessário ficar de olho no seu setup, caso ele seja mais modesto.

Como disse no começo da análise, talvez daqui algumas semanas ou meses, isso não seja mais um problema. Ou talvez não. E é por isso que é importantíssimo frisá-los por aqui. De qualquer forma, não espere uma estreia tranquila por ora.

 

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Pontos Positivos
  • Excelente campanha cheia de reviravoltas e com uma narrativa incrível do Cabeça de Teia
  • Diversas atividades divertidas para fazer pela cidade de Nova York
  • Combate extremamente refinado e muito gostoso para experimentar todos os recursos do herói
  • Movimentação incrível pela cidade
  • Bons recursos no PC, como DLSS, alta taxa de quadros, suporte para DualSense, resolução ultrawide e mais
Pontos Negativos
  • Má otimização em todos os cenários possíveis, desde ray tracing ao uso de CPU, GPU, DLSS e muitos outros recursos
  • Novos bugs que não existiam no game original
  • Algumas atividades se tornam monótonas e repetitivas com o tempo