Imagem de Luigi's Mansion 3
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Luigi's Mansion 3

Nota do Voxel
90

Luigi’s Mansion 3 é a escola Nintendo em oferecer diversão já no 1º minuto

Existe uma decepção em Luigi’s Mansion e eu preciso desabafar isso logo nas primeiras linhas desta análise: os jogos da franquia são separados por intervalos homéricos. E a absorção do conteúdo deles é muito rápida: um furor de diversão do instante em que a aventura é iniciada até o último crédito se despedindo da tela.

O primeiro título da série foi lançado em 2001 para GameCube. O segundo, Luigi’s Mansion: Dark Moon – como batizado no ocidente –, saiu no 3DS em 2013, isto é, 12 anos após o original. E cá estamos nós, seis anos depois deste, contemplando a chegada de Luigi’s Mansion 3, cujo hiato foi mais moderado, de “apenas” meia dúzia de anos em relação ao anterior imediato.

É apenas essa e tão somente essa a minha decepção com a franquia. Ao longo de 18 anos de existência, a vitrine de Luigi ostenta três aventuras sólidas, que deram ao irmão de Mario o protagonismo que merecia – numa jornada sobre resgatar, por ironia do destino, o mascote que sempre salvou todo mundo. Agora que já entreguei o ouro sobre a solidez de Luigi’s Mansion 3, trago as reflexões que traduziram esse sentimento de maneira tão lúcida para mim.

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Diversão injetada em rápida absorção

Uma das máximas de Luigi’s Mansion é justamente permitir que Luigi tenha, enfim, seu brilho no palco. Eternamente coadjuvante e visivelmente confortável nessa situação, o personagem foi escolhido a dedo pela Nintendo para encarnar o papel de um caça-fantasma, ao estilo “Ghostbusters” mesmo, com aspirador e tudo. A influência está ali, escancarada e assumida, do jeito mais transparente possível. Literalmente.

Quando a Nintendo estava fritando neurônios para saber o que poderia fazer com o irmão do Mario, o “carinha de verde”, a sacada não poderia ser melhor. Eu não consigo imaginar absolutamente mais ninguém para vestir essa carapuça melhor que Luigi. E assim se fez Luigi’s Mansion, que nasceu com o mesmo alicerce que a Big N injeta em seus jogos, desvencilhados de gráficos ultrarrealistas ou super-tecnologias: diversão.

Diversão diretamente vinculada ao gameplay e ao ritmo com que as mecânicas são apresentadas. Sempre amigáveis, jamais inacessíveis; sempre fáceis, mas igualmente punitivas. A Nintendo sabe esconder o espírito hardcore dentro dos códigos, sem precisar expor que é hardcore ou esfregar marketing na cara dos jogadores. Ela sabe o que os fãs querem.

Assim como os dois primeiros, Luigi’s Mansion 3 consegue oferecer uma generosa dose de diversão nos primeiros minutos. Oras, onde mais você veria Toad conduzindo um ônibus? O gameplay não faz firulas e logo insere Luigi no meio da tormenta para resgatar seus amigos. A narrativa funciona para a proposta lúdica do jogo. Não é algo para você contemplar, viajar ou se preocupar em ser fisgado por algo que não sabe se vai curtir: a certeza é constatada logo no começo. Odiamos incertezas, certo?

Hotel: um “parque” de ambientes variados

Luigi’s Mansion nasceu com o mesmíssimo direito de outras franquias da Nintendo. Abertamente inspirado em Resident Evil, o primeiro título colocou Luigi numa mansão – daí o jus ao nome do jogo – infestada de fantasmas para resgatar Mario, que foi aprisionado num quadro.

O segundo, por sua vez, manteve o tom, mas ampliou a perspectiva a um ambiente com fachada de mansão e, internamente, cara de hotel. Luigi’s Mansion 3 tratou de cair de cabeça num hotel legítimo, com elevador, saguão, terraço, sótão, inúmeros andares, quartos, banheiros decorados, varandas, salões enormes, estacionamento, restaurantes, lojinhas e, é claro, milhares de corredores montados especialmente para você brincar de esconde-esconde com os Boos.

Bom explorador é aquele que vai na direção contrária à do objetivo sob o medo de ativar alguma cinemática e não conseguir mais voltar. Essa é a bússola que você deve ter em Luigi’s Mansion 3

Essa variedade de ambientes era praticamente impossível de existir nos dois primeiros, fosse por limitação técnica ou pelo escopo do mundinho que Luigi tinha à disposição. No Switch, Luigi’s Mansion 3 ostenta um dos melhores visuais que o híbrido já recebeu. Confesso que meu favoritismo pela mansão do 1, que carrega toda aquela mitologia de casa mal-assombrada, permanece intacto, mas minha paixão pelo hotel do 3 já é infinitamente superior que o mausoléu-com-cara-de-albergue de Dark Moon. As animações do 1 ao abrir portas, à la Resident Evil, também seguem insuperáveis para mim.

Essa mesma variedade se traduz aos inimigos: há uma gama imensa de fantasmas que devem ser aspirados e catalogados no laboratório do ressurgido E. Gadd, o cientista que se abriga num laboratório subterrâneo para ajudar Luigi em sua expedição. O cardápio inclui os Boos, que precisam ser caçados em rotas que estão fora do seu trajeto principal e dão um trabalho danado – o controle vibra quando você está perto de um. Possivelmente sua respiração acompanha os passos de Luigi em harmonia.

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Elevador de “O Iluminado”

Outra novidade de Luigi’s Mansion 3 é o sagrado elevador que transporta o herói aos andares do hotel. Cada piso reserva uma sorte de locais diferentes, alguns deles já supracitados. A galeria de estátuas é um dos meus lugares prediletos: remonta às experiências de terror que amo saborear e também me dá requintes do primeiro BioShock.

Quem assistiu ao filme O Iluminado (ou leu o livro) sabe da importância que o elevador tem para alojar as mais diversas histórias e assombrações sobre o hotel. Luigi’s Mansion 3 dá essa importância ao elevador: você deve encontrar os botões dos andares para que novas salas sejam liberadas, missão que imprime bom ritmo em estimular o jogador a continuar explorando. SEMPRE há uma recompensa valiosa ao nobre aventureiro.

Eu costumo dizer que o bom explorador é aquele que vai na direção contrária à do objetivo sob o medo de ativar alguma cinemática e não conseguir retornar mais. Essa é a bússola que você deve ter em Luigi’s Mansion 3 (mas não se preocupe, o hotel é inteiramente explorável a qualquer momento).

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Combate absurdamente satisfatório – e uma lanterna meio teimosa

Caçar fantasmas é uma das sensações mais deliciosas de Luigi’s Mansion. E a nova aventura acrescentou dois temperos a uma fórmula que já funcionava muito bem:

  • O “Burst”, espécie de propulsor em que Luigi libera uma descarga de ar no chão e provoca uma reação em cadeia dos objetos ao seu redor;
  • E o “Slam”, quando o personagem agarra um fantasma e o lança no chão de um lado para o outro, em bate e rebate, oferecendo um impacto absurdamente satisfatório.

Usar a lanterna com o analógico direito, por sua vez, poderia ser menos penoso: o item se descontrola com facilidade entre os eixos horizontal e vertical. Por mais que exista, no menu, uma opção para travar um dos eixos, a teimosia do objeto persiste. Em salões com muitos fantasmas, por exemplo, você vai se pegar usando o analógico direito com sua mão esquerda na tentativa de controlar a ação enquanto usa a outra mão para acionar as funções da lanterna. É um problema esquecível e ofuscado pela gangorra de diversão e recompensa que a jornada entrega, mas vale o registro.

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Single-player honesto e multiplayer: pacotão de conteúdo

Raros são os momentos em que você é vitimizado pela monotonia em Luigi’s Mansion 3, mas eles podem existir. Alguns objetivos requerem o famigerado “vai-e-vem” a ambientes já visitados, embora o jogo apresente soluções para isso, como a viagem rápida ao laboratório, por exemplo, de onde quer que você esteja.

Só senti falta de uns puzzles mais incrementados, daqueles bem engenhosos de Dark Moon, que, em minha modesta opinião, é o melhor Luigi’s Mansion em matéria de puzzle. Mas Luigi’s Mansion 3 supre essa carência com um leque muito maior de colecionáveis, incluindo gemas escondidas, Boos e fantasmas raros, além de dois modos multiplayer: ScareScraper e ScreamPark.

ScareScraper, que já foi introduzido na aventura do 3DS, permite que até 8 jogadores atuem cooperativamente, online ou em via local, para resolver uma série de objetivos rápidos, como limpar andares num tempo-limite ou cumprir algum pedido de Toad.

Não subestime a capacidade do jogo em esconder coisas. Nunca tenha plena convicção de que revirou cada armário, vaso e mesa antes de sair da sala – já me flagrei achando gemas ao dar uma 'última olhadinha' antes de deixar um ambiente

Já ScreamPark, modo inédito na franquia, é uma espécie de “Mario Party”, também com um limite de 8 jogadores, numa pegada mais competitiva, colocando vários Luigis e Gooigis se enfrentando em pequenas arenas com moedas e afins.

O Gooigi, aliás, é um novo elemento em Luigi’s Mansion 3: trata-se de um clone esverdeado e gelatinoso que serve para se infiltrar em locais que o Luigi de carne e osso não consegue acessar, tipo ralos, grades e outros buracos impenetráveis. A junção dos dois confere uma nova camada à exploração. Ambos se colaboram para resolver alguns puzzles juntos – aliás, você pode emendar um coop aqui também para curtir a saga a dois.

Não duvide de nada no cenário. NUNCA. Jamais subestime a capacidade do jogo em esconder coisas. Não tenha plena convicção de que revirou cada armário, vaso e mesa antes de sair de uma sala – já me flagrei achando gemas ao dar uma “última olhadinha” antes de deixar um ambiente.

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Veredito

O pacote que Luigi’s Mansion 3 oferece é robusto: a campanha é a maior da franquia e pode ser revirada de cabo a rabo numa sentada de 10 a 12 horas. Os que almejam ostentar 100% podem dobrar esse valor para se deparar com algo em torno das 20 horas.

Aliás, um último destaque importantíssimo do jogo: ele tem um sistema de conquistas! É algo totalmente interno e que não fica exibido em seu perfil do Switch ou coisa do tipo, mas já é um passo, certo, Nintendo? Eu adorei. Quem quiser “platinar” o jogo pode estimar umas 30 ou 40 horas na conta.

A lanterna teimosa e os puzzles menos engenhosos acabam sendo frutos de uma árvore plantada com muito cuidado pela Nintendo, cheia de galhos, flores e plantas que deixam qualquer fã feliz. Essa árvore se chama Luigi’s Mansion 3, um dos meus títulos favoritos de 2019.

Seja você um jogador hardcore, casual ou, melhor ainda, sem rótulo algum, Luigi’s Mansion 3 vai te agradar sem fazer muito esforço.

*Luigi's Mansion 3 foi gentilmente enviado pela Nintendo para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Combate absurdamente satisfatório, especialmente com a adição do Slam
  • Exploração gratificante, lotada de segredos e incrementada por Gooigi
  • Gráficos de ponta no Switch e desenho caricato garantem um visual que não envelhece
  • Modos multiplayer engordam o pacote de conteúdo
  • Campanha extensa, a maior da franquia
Pontos Negativos
  • Lanterna teimosa, fácil de se descontrolar
  • Puzzles menos engenhosos que os anteriores, especialmente Dark Moon