Hades: do submundo à glória eterna!

Depois de Bastion, Transistor e Pyre, a Supergiant Games mostrou ser uma desenvolvedora independente extremamente sólida que estava pronta para alçar novos voos e marcar seu nome na história da indústria. Esta nova etapa começou com o anúncio e lançamento de Hades em acesso antecipado no final de 2018. De lá para cá, a empresa conquistou dezenas de prêmios relacionados à direção, gameplay, arte e trilha sonora, além de concorrer ao "Game of the Year" no The Game Awards de 2020.

Tudo isso, aliado a diversas recomendações de amigos e colegas, me despertou um grande interesse no título. Com mais de 60 horas de gameplay no PC e mais algumas no PS4, versão que será analisada hoje, será que ele é realmente tudo isso o que dizem?

Do inferno ao Olimpo

Sendo um rogue-Lite, é esperado que o jogador morra muitas vezes até chegar ao final de Hades, mas o impressionante é como toda a história gira em torno dessas mortes, se desenvolvendo após cada uma delas.

Controlamos Zagreus, filho do deus grego dos mortos Hades, cujo objetivo é sair do submundo. Para isso, ele contará com a ajuda de seus parentes olimpianos que enviarão bênçãos para facilitar sua jornada, já que seu pai fez questão de preparar as diversas salas que levam à saída com inimigos poderosos. E, como se não bastasse, essas salas se reorganizam sozinhas, o que exige de Zagreus atenção e preparo.

Hades discutindo com Nix sobre o os deuses olimpianos.Hades discutindo com Nix sobre os deuses olimpianos.Fonte:  Voxel 

Sempre que morre, o jogador volta para o Salão de Hades, onde poderá interagir com moradores do local, como a deusa ctônica Nix, seu filho Hipnos, o guerreiro Aquiles e até mesmo o cão porteiro de três cabeças Cérbero. Eles falarão com você sobre suas escapadas, como foi sua última morte e outras informações que explicarão mais do contexto de tudo o que está acontecendo.

Aproveito esse momento para dizer que o roteiro é extremamente inteligente, com personagens tridimensionais, personalidades bem definidas, motivações credíveis e diálogos naturais, sendo difícil não se identificar com eles ou mesmo amar a maioria deles.

Um exemplo é como a postura de Zagreus conversando com seu pai e com seu mestre Aquiles são bem diferentes, mostrando o respeito e admiração que ele tem (ou não) por cada um deles. Outro exemplo, que sempre me diverte, é quando os personagens reagem a suas bênçãos ou às suas armas, o que me fez enxergá-los como membros ativos daquele universo, não só passivos.

Aquiles conversando com Zagreus sobre o poder de Hades.Aquiles conversando com Zagreus sobre o poder de Hades.Fonte:  Voxel 

Morra e tente novamente

Repetindo o começo do item anterior, você morrerá bastante. Será cortado, empurrado, flechado e até queimado, mas nunca ficará com um sentimento de injustiça, aprendendo com seus erros e entendendo padrões que farão com que sua próxima tentativa seja melhor que a anterior.

O combate não é algo engessado de “faça desse jeito ou aprenda morrendo”, mas é aberto para estilos alheios. Eu adoro confrontar os adversários, dando dash para cima deles e surrando da forma mais avassaladora possível, mas quem é um pouco mais cauteloso ou mesmo que prefira combate a longa distância se encontrará aqui, mas não sem sucumbir muitas vezes até descobrir.

Zagreus enfrentando alguns adversários.Zagreus enfrentando alguns adversários.Fonte:  Voxel 

Outro ponto que ajuda bastante nisso são alguns itens que você leva de volta para casa após cada run. Elas são: Escuridão, Chaves Ctônica, Gemas e Ambrosia. As duas primeiras são essenciais para melhorar seus status, já que as chaves liberam novas armas e desbloqueiam melhorias que facilitarão sua jornada. Uma das mais essenciais é o Desafio à Morte, que te revive com a metade de sua vida total após ser morto em combate.

Sendo assim, mesmo se você começar a sentir algum tipo de frustração, é só fazer runs para farmar esses itens que a situação ficará mais fácil para as próximas tentativas “pra valer”. E uma coisa curiosa relacionada a isso é que sempre que converso com amigos percebo que a melhor arma do jogo é aquela que mais combina com você, já que as respostas são sempre diferentes.

Sendo abençoado

A grande mecânica do jogo são as bênçãos, melhorias aleatórias dadas para cada run por deuses olimpianos, como Zeus, Ares, Ártemis e Dionísio. Cada um tem foco específico, como dano aumentado, defesa, acerto crítico e envenenamento.

Algumas das bênçãos oferecidas por Ares.Algumas das bênçãos oferecidas por Ares.Fonte:  Voxel 

É impressionante como cada um desses poderes podem ser combinados com diversos outros para criar builds extremamente diferentes umas das outras. Tudo depende de um pouco de sorte, já que você não sabe qual será o deus que vai aparecer e nem mesmo qual a bênção que ele vai oferecer, só que existe uma forma de forçar aquela build favorita usando as lembranças, itens dados pelos personagens depois que você oferece uma ambrosia para eles. Esses presentinhos garantem que você encontrará àquele deus específico o quanto antes, facilitando o trabalho e dando pouco espaço para o azar.

Hoje, minha combinação de poderes é bem específica, usando melhorias de ataque de Ares e o dash de Atena, mas quanto mais eu assisto conteúdo relacionado ao jogo, mais eu me impressiono com builds criadas pelos jogadores ao redor do mundo. Um dos mais incríveis que vi foi feito pelo YouTuber Haelian, que conseguiu derrotar o último chefão sem colocar as mãos no controle, já que tinha selecionado diversas habilidades do tipo Vingança, que ativam após o jogador tomar um dano.

Algumas das bênçãos oferecidas por Atenas.Algumas das bênçãos oferecidas por Atenas.Fonte:  Voxel 

Ainda dá para comentar sobre as bênçãos combinadas, que melhoram atributos específicos quando o jogador está com as habilidades específicas de dois deuses. Elas auxiliam muito quando o jogador tem um foco específico, mas que são mais difíceis de aparecerem, mesmo com todos os requisitos. Ah, e uma dica rápida: se mudar de arma, troque a build. Você me agradecerá por isso um dia.

Eu fiquei realmente maravilhado com a variedade e complexidade desse sistema, que é a base do game. É o famoso caso “fácil de entender, mas difícil de dominar”, já que sempre será possível aprender e descobrir novas combinações, mesmo com centenas de horas jogadas.

Zeus respondendo o Chamado Superior de Zagreus para derrotar o Touro de Minos.Zeus respondendo o Chamado Superior de Zagreus para derrotar o Touro de Minos.Fonte:  Voxel 

E como está nos consoles?

A versão jogada foi de um PS4 e meu pequeno Slim deu conta do recado, mas não sem levar alguns golpes. A jogabilidade está extremamente fluida, aparentemente acima dos 60 quadros por segundo por grande parte do tempo.

Sim, eu disse “grande parte do tempo” pois, em telas com muitas coisas acontecendo, há algumas quedas no fps, parecidas com as presentes na versão de Nintendo Switch. Um momento fácil de visualizar é na batalha contra a Hidra Esquelética, já que há muitos ataques e inimigos ao mesmo tempo.

Confronto com a Hidra Esquelética fez o PS4 Slim chorar (um pouco).Confronto com a Hidra Esquelética fez o PS4 Slim chorar (um pouco).Fonte:  Voxel 

Outra coisa que incomoda um pouco é o tempo de carregamento entre algumas fases, principalmente entre seções maiores ou até indo para a área externa da casa de Hades.

Acredito que o mesmo não ocorre no PS5 e no Xbox Series X/S por conta de seus hardwares muito mais potentes, mas quem jogá-lo na antiga geração de consoles não terá grandes preocupações em relação a desempenho.

Confronto contra mini boss em Asfódelo foi outro que apresentou quedas de fps.Confronto contra mini boss em Asfódelo foi outro que apresentou quedas de fps.Fonte:  Voxel 

Vale a pena?

Hades é uma das melhores surpresas que 2020 proporcionou. Uma experiência divertida, eletrizante e nada frustrante que marcou diversos jogadores ao redor do mundo, inclusive esse que vos fala. É um game recomendado para aqueles que buscam uma história bem escrita e uma jogabilidade cativante, que sempre te empurra para frente mesmo após uma derrota.

Hades é uma obra-prima dos videogames que será lembrado por muitos anos como um dos maiores jogos independentes já lançados

Nota Voxel: 100

Prós:

  • Roteiro bem escrito, lotado de personagens ricos.
  • Jogabilidade eletrizante e recompensadora.
  • Variedade de armas que abraçam os diferentes tipos de jogadores.
  • Sistema de bênçãos simples e complexo ao mesmo tempo.
  • Dificuldade pouco frustrante, mesmo com as repetidas mortes sofridas pelos players.
  • Trilha sonora arrepiante.

Contras:

  • Pequenas quedas de frames em alguns momentos.
  • Telas de carregamento longas em algumas partes.

Hades foi gentilmente cedido pela Supergiant Games para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Roteiro bem-escrito, lotado de personagens ricos
  • Jogabilidade eletrizante e recompensadora
  • Variedade de armas que abraçam os diferentes tipos de jogadores
  • Sistema de bênçãos simples e complexo ao mesmo tempo
  • Dificuldade pouco frustrante, mesmo com as repetidas mortes sofridas pelos players
  • Trilha sonora arrepiante.
Pontos Negativos
  • Pequenas quedas de frames em alguns momentos
  • Telas de carregamento longas em algumas partes