Imagem de Gran Turismo 7
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Gran Turismo 7

Nota do Voxel
96

Gran Turismo 7 é uma carta de amor ao automobilismo

Com o perdão do trocadilho, Gran Turismo é um carro-chefe entre as franquias do PlayStation desde as suas origens, lá no distante ano de 1997, quando a série estreou no PS1. Na época, a sua grande quantidade de carros e o empenho na hora de recriar pistas e garantir a simulação mais fiel possível do esporte lhe renderam muitos fãs, se consagrando como a franquia mais vendida do PlayStation com o passar dos anos!

Quatro gerações depois, a série continua empenhada na missão que serve de slogan para a marca: ser um "Real Driving Simulator", ou o simulador mais realista possível de corridas, em bom português. Com versões para PlayStation 4 e PS5 (a utilizada em nossa análise), Gran Turismo 7 dá a largada nas máquinas mais poderosas do mercado para mostrar que continua reinando soberano nesse gênero. Confira todos os acertos desse jogão na nossa análise completa a seguir!

Uma celebração do automobilismo

Sob o comando do veterano CEO, produtor, diretor e designer Kazunori Yamauchi, a desenvolvedora Polyphony Digital tentou ao mesmo tempo honrar o passado, presente e futuro da franquia, pegando elementos de todas as eras da série, inclusive a controversa estrutura online de Gran Turismo Sport, até então o título mais recente. Mas aqui tudo está mais azeitadinho e melhor equilibrado.

Inclusive, se você é apaixonado pela franquia, já pode parar o review por aqui mesmo. Vai lá, está tudo bem! Afinal, a fórmula que você ama segue muito bem preservada, então é só correr para o abraço mesmo. Por mais que exista uma necessária nova roupagem tanto no visual — que naturalmente aproveita o maior poder de hardware para criar os carros mais realistas já vistos nos videogames — como nos menus, agora melhor organizados em um elegante hub principal, no fim das contas Gran Turismo 7 continua sendo o bom e velho Gran Turismo.

Isso é ótimo para os fãs, mas também significa que provavelmente ele não vai mudar a ideia de quem não curtia muito o seu tom e ritmo antigamente, com todas as suas variadas provas de licenças o motivando a repetir os mesmos setores de uma pista várias vezes até conseguir a perfeição e um troféu de ouro, ou o foco evidente em celebrar a história do automobilismo, com uma penca de informações sobre cada um dos carros, quase como se o jogo fosse uma enciclopédia.

Se você for um aficionado por automóveis, já na sequência de abertura pode se emocionar um pouco, já que ela apresenta uma linda montagem com a tecnologia evoluindo através das eras, entrecortando tomadas dos veículos com alguns dos maiores símbolos da cultura pop de seus respectivos anos de lançamento, o que engloba desde os Beatles até Charles Chaplin, culminando nas mais recentes linhas de montagem e bólidos tomando as pistas lotadas de fãs.

O próprio Yamauchi tinha nos contado em entrevista algo parecido com o que afirmou no programa State of Play: ele tem a impressão de que, aos poucos, a sociedade está perdendo um pouco da paixão e interesse por carros. Então Gran Turismo 7 existe não apenas para ser um jogo divertido, mas também como uma verdadeira carta de amor à tecnologia para cativar uma nova geração que talvez desconheça a magia da história. E essa missão é cumprida com muito mais acertos do que erros.

Bem-vindo ao café. Sirva-se!

Na nova roupagem de Gran Turismo 7, a sua experiência é concentrada em um hub onde todos modos de jogo, lojas e estabelecimentos estão disponíveis a um clique de distância. Felizmente, é bem fácil navegar por lá e você não vai gastar mais tempo do que precisa batendo cabeça em janelas inconvenientes, ainda que o sistema de progressão do game possa causar alguma estranheza e problemas de ritmo, especialmente para veteranos.

Nas primeiras dezenas de horas de gameplay, o grosso da sua experiência, independente da forma como você prefira jogar, será concentrado no Café central. Ele é uma mistura de tutorial e campanha disfarçado, onde você recebe um literal cardápio de tarefas para cumprir. Elas vão desde experimentar certo modo de jogo, comprar peças ou participar de testes, até completar corridas e liberar um certo número de carros de determinada montadora.

É uma forma divertida de apresentar todo o conteúdo da série para novatos ao mesmo tempo em que estimula veteranos a se aventurarem por campos que eles poderiam ignorar, mas algumas vezes o sistema pode ser inconveniente em seu didatismo e linearidade, o colocando para participar de campeonatos quando tudo que você queria era passar um tempo correndo online, ou o obrigando a progredir em uma licença quando você só queria liberar logo corridas na terra com carros 4x4 (sério, não espere correr com um desses em menos de 10 horas de campanha).

Avançar pelo café vai lentamente abrindo novas lojas no menu central, desde uma concessionária para veículos novinhos em folha organizados por montadoras, até um estabelecimento focado em carros antigos e mais baratos, passando por uma oficina para fazer reparos na sua coleção e outra para tunagem, onde você pode comprar e equipar novas peças para o seu veículo favorito.

Quanto mais carros você adiciona à sua coleção que mais parece uma Pokédex, mais aumenta também o seu nível de colecionador, uma métrica à parte que também libera mais recompensas, especialmente novas abas na loja de tuning para adquirir peças ainda mais valiosas. Mesmo que você seja leigo com automóveis, os indicadores visuais são sempre bem claros sobre o que cada item faz ou não, e inicialmente você vai se dar bem mesmo que só invista em aumentar o PP, que basicamente sintetiza o desempenho geral do carro.

Tirando proveito da nova geração

Se você tiver condições de jogar no PlayStation 5 com um controle DualSense, vale bastante a pena fazer isso! Entre todos os games do console, Gran Turismo 7 é, junto com Astro's Playroom, o que melhor tira proveito das funcionalidades do joystick. Os gatilhos adaptativos são perfeitos para acelerar ou frear com a força desejada, enquanto o feedback háptico te permite sentir nos dedos desde o asfalto e cada uma das rodas até o vento passando!

Você também possui a opção de jogar no modo desempenho ou gráfico, com direito a efeitos de ray tracing deixando os carros ainda mais deslumbrantes, o que fica especialmente notório nos replays. Enquanto a inteligência artificial sempre tenta gerar o melhor ângulo de transmissão, os efeitos de iluminação dão um show à parte e tornam mais fácil do que nunca confundir as cenas do video game com uma corrida de verdade para um eventual espectador casual.

E se você tiver bons acessórios de som em casa, o som 3D também é um espetáculo, já que mesmo de olhos fechados você conseguiria situar facilmente onde estão os carros ao seu redor, e até sentir a sua distância para a parede caso você esteja correndo em algum lugar mais fechado como um túnel. O time de desenvolvimento não poupou despesas no campo técnico e ele é irretocável, oferecendo um gameplay absolutamente delicioso no que talvez seja o game com melhores gráficos em toda a nova geração!

Apesar de o jogo ter sido enviado ao Voxel bem antes do seu lançamento, os períodos de teste online foram bastante limitados e nós só pudemos jogar online por pouco mais de uma hora entre as diferentes sessões exclusivas para a imprensa. Foi o bastante para explorar mais um dos estabelecimentos do hub central, um prédio focado no modo Sport, obviamente uma herança direta de Gran Turismo Sport.

Ame ou odeie essa decisão, o fato é que as corridas continuam acontecendo com hora marcada (em intervalos de vinte minutos, ao menos dentro do nosso teste), e você precisa se inscrever e programar bem os horários do seu dia se quiser competir mais a sério online. A Polyphony continuou polindo os seus sistemas para detectar o fair play dos jogadores, e ter etiqueta e evitar pegar atalhos e bater nos outros é quase tão importante quanto pisar fundo e vencer as partidas, com direito a um medidor próprio de comportamento para ditar o matchmaking.

Alternativamente, também há uma opção no hub própria para multiplayer mais casual, em que você pode chamar os seus amigos para jogar e montar lobbies com regras e condições bem específicas, garantindo uma boa liberdade de escolha. A se lamentar, apenas o foco exacerbado do estúdio em exigir que o console esteja permanentemente conectado à internet, o que pode ser terrível.

Se você decidir correr um pouco enquanto os servidores estiverem em manutenção ou quando estiver sem sinal de internet em casa, mais de 90% dos modos de jogo não estarão disponíveis para você, e nem vale a pena se dignificar a correr nessas condições, o que transforma o jogo quase em um peso de papel. Embora essa medida tenha sido tomada para evitar cheaters, o preço é alto demais, prejudica a experiência, e legitimamente deveria ser repensado por Yamauchi.

Mais alguns modos para todos os gostos

Veteranos de Gran Turismo certamente têm boas lembranças de dar voltas por pistas clássicas como Brands Hatch e Big Willow, e continua ótimo correr por elas, já que os circuitos nunca foram tão polidos quanto agora, mas é estranho o quanto o modo Café o obriga a revisitar as mesmas pistas várias vezes, desbloqueando novas competições em ritmo de tartaruga.

Lá pela sétima ou oitava hora de jogo ele já começa a ficar repetitivo demais caso você siga a campanha linear, então é uma boa ideia se forçar a dar uma pausa para explorar outras pequenas atrações, como o estreante modo Music Rally, que comicamente acabou recebendo muito destaque no menu inicial, ainda que não seja lá a coisa mais inovadora e profunda do mundo.

Na prática, o seu gameplay é bem similar aos antigos fliperamas de corrida da SEGA, obrigando o jogador a completar as voltas dentro de um determinado limite de tempo com contagem regressiva, que vai se renovando e acrescentando mais segundos conforme passamos por checkpoints. A sacada aqui é que esse contador não é pautado necessariamente pelos segundos, mas sim por cada batida da música tema da corrida (e daí o nome do modo).

É uma grata distração, mas nada que vá explodir a sua cabeça. Mais divertido é o modo de missões, que traz desafios criativos como gerenciar o seu combustível e, ignorando qualquer limite de tempo, simplesmente tentar fazer o seu carro chegar o mais longe possível através de um uso inteligente da física, botando a máquina em ponto morto nas horas certas, além de provas pautadas em cones.

Para quem manja de fotografia, o que certamente não é nem remotamente o meu caso, o modo Scapes é tão rico e complexo que mais parece um jogo à parte. Você pode levar os seus carros para centenas de cenários diferentes baseados em locações reais para então aplicar inúmeras variáveis de filtros de imagem e calibragem das lentes. Dá até vontade de aprender os fundamentos e virar um fotógrafo de verdade!

Veredito

Gran Turismo 7 é um jogo sob medida para quem ama qualquer um dos capítulos anteriores da franquia. Ao mesmo tempo em que ele preserva os antigos e queridos modos tradicionais, embala tudo em uma roupagem elegante e moderna, com adições pontuais muito bem-vindas e um excelente uso dos recursos provenientes da nova geração de consoles. Do áudio 3D à imersão do DualSense e seu feedback háptico, trata-se de uma literal aula de automobilismo, e só peca por sua equivocada exigência de conexão constante online. Ainda assim, é um dos grandes títulos da geração e essencial para os fãs de corrida!

Nota Voxel: 96

Gran Turismo 7 é uma linda carta de amor aos automóveis e um videogame muito divertido para novos e velhos fãs

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Pontos Positivos
  • Modos bem arrumados em um menu elegante e simples
  • Controles precisos e brilhante uso do DualSense
  • Lindas réplicas dos automóveis e pistas com gráficos soberbos
  • Abundância de modos de jogo e customização
  • Uma aula de história bem completa sobre automobilismo
Pontos Negativos
  • Obrigatoriedade de conexão online para jogar
  • "Campanha" tira um pouco da liberdade de curtir os modos desejados
  • Poderia ter mais pistas