Imagem de Final Fantasy X/X-2 HD Remaster
Imagem de Final Fantasy X/X-2 HD Remaster

Final Fantasy X/X-2 HD Remaster

Nota do Voxel
90

As duas facetas distintas de um universo compartilhado

Lançado no longínquo 2001, Final Fantasy X representou a primeira aparição da consagrada série da Square Enix no PlayStation 2, atuando de forma importante na consolidação da plataforma como líder de mercado. Mesmo abandonando alguns dos elementos clássicos da franquia, o game se tornou um verdadeiro sucesso, tanto por questões técnicas (como a inclusão de vozes) quanto por sua narrativa.

Ao revisitar o título e sua sequência direta, Final Fantasy X-2, é difícil não perceber a quantidade de elementos que estrearam nesses jogos que permanecem vivos de maneira intensa nos capítulos mais recentes da franquia. O estranho é ver como essas características, até mesmo elogiadas na época, se tornaram alvo de severas críticas quando incorporadas em games como Final Fantasy XIII e seus derivados.

Lançado no dia 18 de março para o PlayStation 3 e para o PlayStation Vita, Final Fantasy X/X-2 HD Remaster serve tanto como uma oportunidade para que fãs antigos revisitem alguns dos capítulos mais marcantes da série, como permite que os mais jovens possam jogá-los pela primeira vez desfrutando de comodidades como a presença de texturas em alta resolução e a compatibilidade com TVs HD.

Um universo visto sob ângulos distintos

Vistos como um conjunto, Final Fantasy X e Final Fantasy X-2 apresentam duas facetas bastante diferentes do mesmo universo. Ligados entre si pela presença de alguns personagens (e por uma premissa narrativa um tanto quanto desnecessária), os títulos contam com tons narrativos e ritmos de desenvolvimento bastante distintos.

Final Fantasy X é uma história bastante convencional para a série, apresentando o ponto de vista de Tidus, um jogador de Blitzball (espécie de handebol subaquático) que se vê transportado ao estranho mundo de Spira. Interessado somente em encontrar seu caminho para casa, ele logo se vê atraído por Yuna, jovem que tem como missão “simplesmente” salvar o mundo — nada incomum para um RPG japonês.

Recheado de momentos trágicos e tendo como cenário de fundo um complexo de Édipo mal resolvido, o título apresenta exatamente o que se espera de um título da série: batalhas épicas, críticas nada veladas ao cristianismo e um grupo carismático de personagens. Oferecendo mais de uma centena de horas de conteúdo (valor determinado somente pela vontade do jogador de encontrar os melhores equipamentos disponíveis), o jogo continua bastante sólido mesmo apesar de sua idade.

Sistemas experimentais

Entre os fatores que se destacam no título está seu sistema de combates, que abandona os medidores de tempo presentes em seus antecessores por uma barra lateral que mostra a ordem exata dos movimentos de seu grupo e de seus adversários. Como cada habilidade escolhida tem o potencial de influenciar essa ordem, é possível investir em diferentes táticas que vão desde matar um monstro em específico até se assegurar de que todos seus personagens estão com HP cheio antes que um chefe inicie um ataque poderoso.

Outro fator que diferencia o título está o fato de que é possível mudar os integrantes de seu grupo mesmo durante as batalhas. Como cada lutador possui uma especialidade (Wakka acerta mais facilmente monstros voadores, enquanto Lulu conta com poderosas magias), saber o momento certo de usar cada um deles se mostra essencial ao avanço na história.

O título também incorpora um sistema de evolução distinto na forma do chamado “Sphere Grid”, espécie de tabuleiro no qual estão dispostas habilidades e melhorias de status — o caminho seguido por cada lutador determina sua especialização e quais poderes podem ser usados em batalha.

Apesar de a ideia ser interessante, jogadores dedicados conseguem “quebrar” o sistema facilmente e montar um time bastante homogêneo, no qual um personagem se mostra tão hábil em matar um monstro quanto em curar ferimentos. Isso faz com que os momentos finais do game se tornem extremamente fáceis, culminando no fato de que até mesmo o chefe final da aventura pode ser abatido com um único golpe.

Felizmente, a versão remasterizada do game incorpora elementos de Final Fantasy X International (cujo lançamento foi restrito ao Japão) que trazem mais desafio ao jogo. Mesmo quem explorou todos os conteúdos da versão original do jogo vai ter um bom trabalho ao enfrentar os novos monstros do modo Arena e vai suar para conseguir vencer as versões sombrias das invocações conhecidas como “Aeons”.

J-Pop transformado em RPG

Mesmo esclarecendo de maneira desnecessária o desfecho ambíguo de Final Fantasy X, Final Fantasy X-2 também se apresenta como uma experiência sólida, mesmo que fuja bastante aos padrões da série (bom, nem tanto, se formos compará-lo a Final Fantasy XIII: Lightning Returns). Assumindo um tom narrativo bastante leve, o game mostra Yuna e suas amigas Rikku e Paine explorando o mundo em busca de esferas que reservam tesouros escondidos e informações relacionadas a uma determinada figura cuja identidade não será revelada nesta análise.

Apesar de a trama não ser exatamente interessante e os novos inimigos apresentarem uma ameaça pouco convincente, o jogo conquista ao apostar em um sistema de batalha dinâmico que permite mudar de classes (aqui chamadas de “Despheres”) a qualquer momento. Trazendo um ritmo veloz, o título corrige o baixo desafio de seu antecessor e força você a ficar atento para não incorrer em derrotas acidentais.

O fato de o game não se levar a sério permite que ele desfrute de uma liberdade atualmente ausente na franquia, fazendo experimentos com mecânicas de jogabilidade e de narrativa que, se nem sempre funcionam, mostram o início de elementos que seriam desenvolvidos plenamente em projetos posteriores da Square Enix.

O que há de novo?

O que torna Final Fantasy X/X-2 HD Remaster especialmente interessante para o público ocidental é o fato de o jogo trazer conteúdos anteriormente restritos às versões “International”, lançadas exclusivamente no Japão. Assim, é possível experimentar tanto com o modelo “expert” do “Sphere Grid” de Final Fantasy X (que permite ao jogador ter mais controle sobre o desenvolvimento dos personagens) quanto acessar pela primeira vez o modo “Last Mission” de Final Fantasy X-2.

Funcionando como epílogo para a história da sequência, a opção se revela um jogo completo no estilo “roguelike”, com direito a altas doses de desafio e um sistema no qual uma tela de “Game Over” significa ter que recomeçar a aventura desde seu início. Apesar de não ser tão intolerante quanto outras opções do gênero, “Last Mission” se prova uma ótima opção para jogadores hardcore que querem testar seu conhecimento de RPGs orientais.

Outra novidade é “Eternal Calm”, uma espécie de animação tridimensional que utiliza o motor gráfico de Final Fantasy X. A história, que se passa dois anos após os eventos do título principal, mostra o que aconteceu com alguns de seus principais personagens nesse período. Infelizmente, esse extra se mostra pouco atrativo, tanto por apresentar um ritmo lento e pouco interessante quanto por não apresentar nenhuma novidade em relação ao que é apresentado naturalmente conforme o enredo de Final Fantasy X-2 se desenrola.

Diferenças entre o PlayStation 3 e o Vita

Embora tragam em sua essência a mesma experiência, as versões de Final Fantasy X/X-2 HD Remaster para PS3 e PS Vita apresentam algumas diferenças sutis entre si que podem ser determinantes na escolha da plataforma em que você vai preferir jogar o game. Exemplo disso é o fato de que, enquanto o console de mesa apresenta os dois títulos dentro do mesmo disco, é necessário realizar o download de FFX-2 HD através da PSN para utilizá-lo no portátil, mesmo que você tenha adquirido a versão física do RPG.

Já o Vita tem como vantagem o fato de que sua tela reduzida ajuda a tornar mais bonitos os gráficos do jogo, tanto por conseguir esconder algumas imperfeições quanto por trazer mais brilho às cenas (graças à tecnologia OLED). Além disso, o portátil também traz a possibilidade de ajustar algumas configurações usando comandos baseados em toques, o que dispensa ter que entrar nos menus do jogo para diminuir a duração de algumas animações, por exemplo.

Experiência que sobreviveu à passagem do tempo

Mesmo tendo sido lançados originalmente no início dos anos 2000, tanto Final Fantasy X quanto sua sequência direta permanecem títulos interessantes e que nada devem a lançamentos recentes. Apesar de alguns de seus elementos terem sofrido um pouco com a passagem do tempo — como fica evidente em algumas animações e no trabalho de dublagem de alguns personagens —, não há nada aqui que faça você sentir como se estivesse jogando a uma relíquia que deveria ter permanecido escondida.

A única ressalva que deve ser feita é o fato de que a versão HD dos RPGs não é recomendada para quem tem pouco tempo disponível. Cada título oferece centenas de horas de conteúdo e é preciso tomar cuidado para não começar a negligenciar atividades importantes da vida após se ver fisgado pelo intrigante mundo de Spira.

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Pontos Positivos
  • Centenas de horas de conteúdo
  • Opções anteriormente restritas ao mercado japonês marcam presença
  • Pacote contém dois dos games mais experimentais da série
Pontos Negativos
  • Animações mal feitas entregam a idade avançada do jogo original
  • Final Fantasy X apresenta pouco desafio em sua aventura principal