Imagem de Digimon Story: Cyber Sleuth
Imagem de Digimon Story: Cyber Sleuth

Digimon Story: Cyber Sleuth

Nota do Voxel
78

Digivolvendo ao extremo: um prato cheio para os fãs de RPG e Digimon

Se você estava com saudades de um game dos monstros digitais mais famosos e queridos do mundo, essa é a sua oportunidade de se reunir novamente com Agumon e sua turma. Entretanto, responda essas questões primeiro: “eu gosto de JRPG?”, “eu estou preparado para um game com MUITOS discursos?” e “eu tenho paciência para fazer grind?”

Se as respostas dessas perguntas foram todas afirmativas, Digimon Story Cyber Sleuth vai te conquistar. O estilo da obra lembra bastante o segundo capítulo da franquia Digimon World, lançada no já quase relíquia PlayStation, mas com um visual bem mais atual e com um número maior de monstros para controlar.

Um universo digital

O game se passa em um Japão futurista, onde a principal rede social existente é a EDEN. Contudo, não pense nela como o Facebook, pois ela vai muito além disso. Aqui os usuários não simplesmente logam em um PC ou smartphone e postam coisas, eles VIVEM uma vida virtual totalmente nova e completa, se digitalizando e entrando em um grande "adorável mundo novo".

Dentro da EDEN, as pessoas usam avatares que podem ou não ter a mesma aparência que elas. Enfim, é como se fosse um "Second Life" que deu certo. Entretanto, como em todo ambiente digital, aqui também existem hackers (tanto do bem quanto do mal), e para agir eles usam "programas de computador" conhecidos como digimons.

O que ninguém imagina é que essas criaturas não são meros softwares e têm vidas próprias assim, como um mundo só deles também. Essa é a premissa de Digimon Cyber Sleuth.

Elementar, meu caro Watson

No título, acompanhamos a história de Takumi (o nome e o sexo do personagem principal podem ser alterados de acordo com a preferência do jogador), que, após uma série de eventos que não vamos detalhar para não estragar a história, se torna um "cyber sleuth", algo como um detetive particular virtual.

Aí que está uma das partes interessantes do game: ele se divide entre a história principal e o trabalho do protagonista como detetive, que vez ou outra deve dar uma olhada no quadro de avisos da agência para saber se tem algum caso para resolver e fazer uma graninha.

Esses casos extras podem ser dos mais variados tipos, como acabar com um vírus que invadiu algum dispositivo — entenda como um digimon maluco que resolveu zoar o barraco, sendo que uma dessas missões é derrotar um Frigimon que dominou um ar-condicionado e está fazendo todo mundo passar frio —, encontrar algum objeto perdido, derrotar uma gangue de harckers mal-encarados, enfim, existem diversos trabalhos diferentes, além da história.

Ao mesmo tempo que isso pode ser interessante, para os jogadores que querem mais ação e menos mimimi ou que não ligam muito para falatório essas atividades podem ser bem enfadonhas, já que não agregam em nada na grande trama da obra.

Digimon é para crianças?

Se você está pensando que só porque existem digimons bonitinhos e fofinhos o game tem uma narrativa infantilizada, pode esquecer. Em vários momentos, o roteiro se mostra bem sério, colocando em pauta questões importantes e polêmicas, como a segurança na internet e a relação das pessoas em ambientes virtuais e reais, ou seja, coisas bem mais profundas do que uma simples briguinha de monstros.

Porém, para compreender realmente tudo o que se passa é preciso ter bastante paciência. A maior parte da história é contada em conversas entre os personagens, seguindo aquele estilão de RPGs clássicos em que aparece a foto do seu personagem e um blocão de texto embaixo com aquilo que ele está dizendo.  Portanto, prepare-se para ler MUITO se quiser sacar tudo o que está acontecendo na trama.

Isso não quer dizer que o game não tenha cenas sensacionais. Na verdade, uma delas, em que Omnimon aparece, é simplesmente de cair o queixo, principalmente quando lembramos que esse é um port do PS Vita. O problema é que, infelizmente, essas belezas são raríssimas.

É para quem realmente curte J-RPGs

Você se lembra das perguntas que fizemos no início desta análise? Todas elas nos levam a esta afirmação: Digimon Story Cyber Sleuth é para os jogadores que curtem RPGs orientais, como Persona, Final Fantasies mais antigos (aqueles com batalhas por turno, sem aquele negócio de "Barra de Ação") e Digimon World 2.

Sabe aquela fórmula de três personagens e cada um tem seu turno para fazer alguma ação? Exatamente ela. Cada um dos seus monstros vai ter a vez de atacar, usar itens ou se defender. A ideia é pensar no que fazer para se dar bem, pois cada monstro tem uma "raça" (vírus, vacina, data ou neutro) e um tipo de ataque elemental, que pode ter vantagem ou desvantagem contra certos inimigos.

Pensando assim já dá para sacar que o segredo aqui não é só apertar botões aleatoriamente e pronto, não é? Os embates têm um ritmo lento e se baseiam na estratégia.

"Por que eu tenho que gostar de grind?". Ah! Meu jovem digi-escolhido, essa é uma das partes mais complicadas de Digimon Story Cyber Sleuth. Como já é sabido, os monstrinhos da franquia podem se transformar em versões mais poderosas, sendo a mais f*** delas o estágio extremo (ou mega, em inglês).

Contudo, para chegar nesse status de poder e satisfação, você tem que ralar para caramba! Todos os digimons começam no nível um e, assim como em qualquer RPG, vencendo batalhas ganham experiência e passam de nível. Diferente do anime, aqui eles podem digivolver (palavra linda) para várias formas, dependendo dos requerimentos de status atingidos.

Por exemplo: para se tornar Garurumon, o Gabumon tem que estar no nível 15, ter mais de 40 pontos de "Speed" (velocidade) e ter um CAM (taxa de amizade) de 25% ou mais. Sacou? O mesmo Gabumon pode digivolver (nunca vamos cansar de usar essa palavra) para outros monstros, mas deve cumprir requerimentos diferentes e assim por diante.

Após tudo isso, você ainda não entendeu o motivo pelo qual deve gostar de grind? Então, vamos resumir com uma bomba: o que acontece quando seu bichinho evolui? Ele volta para o nível um! Agora deu para perceber por que tem que curtir o processo?

Imagina o trabalhão que deu para chegarmos ao estágio extremo com vários personagens tendo que começar do início toda vez que o digimon se transformava? A verdade é que tudo vale a pena quando temos a satisfação de contar com um WarGreymon no time.  O bicho é forte demais, um absurdo.

O que deixa a desejar

Existem algumas coisinhas que complicam um pouco a vida do game. Algumas missões fora do arco principal da história se tornam longas e enfadonhas demais, mesmo para quem curte muito a franquia ou RPGs. Ao concluí-las, o jogador fica com aquele sentimento de que não aquilo não fez absolutamente diferença nenhuma — o que é uma enorme verdade.

Podemos até dizer que o game é um tanto feinho, apesar de os modelos dos digimons serem muito bem-feitos. Entretanto, temos que lembrar que é um port do PS Vita e, levando isso em consideração, não é justo ser tão exigente com esse quesito — mas que tem uns cenários bem esquisitinhos, ah, isso tem! Para salvar a pátria, temos a cena do Omnimon (sério, é muito boa).

Pouca variação de animações de ataques. Vamos explicar essa parte direitinho para ninguém achar que estamos pegando no pé (ou nas patas) dos pobres digimons. Todos os monstros disponíveis contam com seus golpes assinatura — como o "força terra" do WarGreymon ou o "rajada uivante" do Garurumon. Porém, além desses poderes, eles contam com outros que parecem totalmente genéricos.

Por exemplo: um dos ataques de fogo tem exatamente a mesma animação que um ataque de planta, só muda a cor (de laranja para verde). É obvio que existem exceções, mas a variação é muito limitada, dando a impressão de que toda luta é a mesma coisa.

Apesar de todo o trabalho para fazer o grind e evoluir os digimons, a dificuldade do game é bem baixa. Não encontramos nenhuma batalha realmente desafiadora durante toda a história. Isso acabou sendo um pouco decepcionante no final das contas.

PS: entendam que dissemos "DURANTE A HISTÓRIA". Espere só até você enfrentar os "Royal Knights" (essas lutas são “opcionais”). Aí sim o bicho pega.

Vale a pena?

Digimon Story Cyber Sleuth é um game que foca em dois tipos de público: amantes de RPGs clássicos e fãs do anime Digimon. Qualquer pessoa fora desses dois grupos não vai curtir a experiência de jogar.

Apesar de ter várias missões muito monótonas e que fazem o jogador querer desligar o vídeo game e se aventurar em uma sensacional e emocionante partida de gamão, a obra diverte quando resolve focar em sua história principal.

As batalhas raramente são emocionantes, mas ver seus monstros evoluir e chegar ao estágio extremo depois de umas boas horas de treino é realmente gratificante, principalmente se você tiver paciência para tentar obter todos os digimons do jogo (isso vale troféu, viu platinadores de plantão?).

Enfim, no geral, Digimon Story Cyber Sleuth é um jogo BOM, e quem curte um rpgzinho mais calmo não vai se decepcionar com a brincadeira. Última coisa: aquela cena do Omnimon... sério...

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Pontos Positivos
  • Conta com um bom número de digimons para obter
  • Segue o estilo clássico dos RPGs de batalha por turnos
  • Experiência sensacional para fãs do anime
  • A animação do Omnimon... sério... para... sensacional
Pontos Negativos
  • Os cenários poderiam ser melhor trabalhados graficamente
  • Os ataques comuns (sem ser os principais dos digimons) não contam com animações muito variadas
  • Pode ser um pouco "fácil demais"