Imagem de Bound by Flame
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Bound by Flame

Nota do Voxel
60

Uma experiência rasa e repleta de frustração

Bound by Flame é uma produção da Focus Home Interactive, distribuída pela Spiders e que deve convidar os jogadores a entrar em um universo de criaturas fantásticas, demônios e muita pancadaria com ares medievais. O título carrega consigo elementos de RPG e de ação, ocupando mais um lugar na bela biblioteca de Action RPGs que temos encontrado nos últimos anos. Será que a novidade faz por merecer a ansiedade dos fãs?

Carlos? Daniela? Francis?

Para começo de conversa é importantíssimo que você escolha um nome decente. Não, na realidade não é. O jogo vai chamar seu personagem de Vulcan, mesmo que ele seja homem ou mulher e seja lá qual for a nomenclatura escolhida anteriormente, gastando a ponta de seus dedos ao inserir a inútil denominação.

Fora isso, as transições entre cutscenes e jogo são horríveis, uma vez que não raramente sua posição é alterada no vídeo, o que permite que você seja atingido pelos inimigos logo que a mudança aconteça. Isso se não contarmos que a arma utilizada nas animações não é a que você está usando. A não ser que você sempre use a mesma espada inicial. Sim, é ela que aparece constantemente, como se fosse uma animação proveniente de uma ou outra geração para trás de consoles...

Um diabinho no seu ombro

Uma das características mais interessantes de Bound by Flame é sua proposta, que leva os gamers a um universo incrível, em meio a um enredo meio confuso (mas ainda assim ótimo). Essa aventura gira muito em torno de um acontecimento que entrega poderes satânicos ao protagonista, apostando fortemente nas escolhas morais no decorrer da história.

E é justamente esse demônio que está dentro de sua cabeça que sugere que você tome determinadas decisões sobre questões ligeiramente polêmicas. Caso você siga as determinações da entidade, isso pode lhe render chifres, poderes especiais e uma voz que parece aquelas de personagens de filme de terror (o que é ótimo!).

Falando em personagens, é preciso ressaltar a pobreza de cuidado com que cada alma presente dentro dessa jogatina foi dublada. Por essa razão, é melhor não esperar que questões que deveriam ter bastante dramaticidade sejam de fato tratadas como tal. Exemplo disso é um momento em que o pai de uma garota é assassinado bem em sua frente por uma pessoa que a própria filha (desnaturada) resolveu libertar.

Quando a moça deveria se mostrar com raiva e descontrolada, ela apenas ralhou um pouco, como se tivesse sido proibida de sair sábado à noite com as amigas e tivesse que ir para seu quarto permanecer de castigo... E essa espécie de comportamento se repete inúmeras vezes durante todo o jogo, principalmente durante os diálogos importantes que de vez em quando são travados.

“De vez em quando” está intrinsicamente ligado ao caráter de importância do que é falado pela maioria dos personagens do título, incluindo o próprio protagonista — uma vez que demora pacas até que você descubra cinco tópicos importantes da sua aventura (“O que, quando, como, onde e por quê?”).

Batalhando com todo mundo

O sistema de batalha conta com aspectos legais, horríveis e piores ainda. Primeiramente, a dinâmica de ataques que lembra as batalhas do primeiro Dragon Age certamente pode atrapalhar sua vida, principalmente enquanto você não estiver acostumado com a relação entre a área de abrangência e tempo das pancadas. Fora isso, quem é aficionado por armamentos grandes e pesados — e já está acostumado a lidar com uma certa lentidão no manuseio dos artefatos — deve enfrentar alguns ataques de raiva pessoal.

A lentidão dos ataques com espadas e machados não é compensada por nenhum sistema de dash ou equivalente, que permitisse que seu personagem se movimente mais rapidamente ao enfrentar as comuns hordas de adversários. Por outro lado, há um sistema de desvios e parryings que permite que você adapte sua limitação e a transforme em uma vantagem ao seu favor — ou pelo menos que diminua a desvantagem.

O equilíbrio de seus inimigos é incrivelmente alto, o que dificulta que você os ataque ininterruptamente, resultando em danos ao seu personagem, mesmo durante uma bateria de ataques sequenciais. Isso também se intensifica quando você opta por armas menores e mais ágeis, apesar de que essa modalidade de pancadas rápidas acrescenta ao personagem a possibilidade de dash para trás.

Dessa forma, é possível investir em seu guerreiro a fim de torná-lo menos brutal do que um portador de armas pesadas, mas muito mais ágil e letal — fazendo com que os jogadores escolham durante o jogo a classe que mais trouxer interesse na formação de personagem. Essa opção é feita de acordo com a sua vontade na distribuição dos pontos de batalha obtidos com o ganho de experiência, o que pode resultar em um char mais voltado à força, agilidade ou magia.

Falando em magia, é incrível como duas características parecem andar de mãos dadas com o passar de nível de seu desenvolvimento. A primeira delas é a evolução paralela de seus adversários monstrengos, que mostram muito sutilmente sentir o tamanho de seu aumento de força, agilidade ou de outro quesito.

A outra característica é a burrice crônica que insiste em guiar quase todas as ações de seus companheiros NPCs durante as batalhas. A maneira que encontrei de fazer com que eles não morressem rapidamente em absolutamente todos os confrontos foi a de programar cada um deles prioritariamente para a defesa, sendo que apenas emitissem ataques de longe.

Antes disso, foi realmente muito difícil terminar qualquer batalha com o companheiro controlado pela inteligência artificial ainda de pé...

Beleza, campeão!

É preciso reconhecer que Bound by Flame é um jogo muito bonito. Talvez o maior dos méritos da produção do game fique por conta justamente do design de personagens, que mistura uma tonelada e meia de composições que podemos facilmente considerar referências de outras obras dos games. Nessa mesma linha, cada um dos monstros está com visual assustador e conta com uma movimentação bem interessante.

Já sobre os cenários não se pode dizer o mesmo, visto que (pelo menos na versão dos computadores) é muito comum olharmos para o conjunto e sentirmos uma sensação de “obra inacabada”. Além disso, os ambientes nos quais os entraves acontecem parecem que não foram pensados para comportarem confrontos.

Em outras palavras, é raro encontrar pontos para se defender de inimigos que disparam projéteis, sendo que as reentrâncias do cenário atrapalham bem mais do que auxiliam. Aqui fica o aviso de que você deve confrontar constantemente grupos inteiros de criaturas, variando entre grandes monstros e incômodos atiradores à distância.

Ainda nesse desenrolar, vale notar que nada do que está ao seu redor pode ser destruído e a interação com os itens e objetos é quase nula.

Enfim...

É engraçado que, mesmo depois de tantas críticas, Bound by Flame consiga receber uma nota relativamente interessante. O jogo conta com uma proposta realmente muito boa, apesar da execução desse projeto ter ficado bem aquém do que poderia. Ao começar a jogar, as comparações com elementos de Mass Effect, Dragon Age e de outros títulos é inevitável.

Fora isso, podemos notar que a desenvolvedora listou todos os quesitos obrigatórios para os RPGs modernos, como a árvore de evolução de habilidades (que por sinal funciona muito bem!) e a possibilidade de construir itens. E, quanto à jogabilidade, podemos dizer que “ela não é ruim”— como uma forma de elogio.

Por isso, se você é um fã de Action RPGs, pode ser que Bound by Flame consiga prender sua atenção pelas 10 ou 12 horas que sua campanha dura. Do contrário, a produção é razoavelmente dispensável.

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Pontos Positivos
  • Os elementos de RPG ficaram muito bem resolvidos
Pontos Negativos
  • Já a ação e todo o resto não são lá tão bons assim...