Qual é o principal problema na classificação de games por gênero?

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Se você conhece pouco sobre video games, pode ter problemas na hora de adquirir um. Entrando na loja, você percebe que há uma quantidade incrível de diferentes títulos, cada um com uma proposta diferente. É claro que principal intenção de cada um dos jogos disponíveis é simples: divertir o jogador.

E propiciar um bom entretenimento é algo que pode ser feito através de centenas de maneiras diversificadas. É aí que entra o sistema de classificação de jogos por gênero. Afinal de contas, qual é a temática do game abordado? Qual é o melhor termo — ou expressão — que pode descrever a temática e o estilo da jogabilidade na tela?

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Podemos ir mais fundo ainda e contestar esse sistema. Por que muitos críticos insistem em categorizar os games de forma mais completa (criando longos nomes que, muitas vezes, agrupam várias categorias) e outros simplesmente empregam apenas uma palavra para descrevê-los?

Na realidade, jogos eletrônicos são produtos como qualquer outro e são classificados de maneira parecida com o que é feito em livros, músicas e outras formas de entretenimento. Só que certos games podem apenas confundir os interessados devido às expressões estranhas empregadas para qualificar os títulos. Eis o problema: como rotular um jogo?

O que é mais relevante......como fazer ou o que fazer?

Classificar de acordo com a jogabilidade ou com o tema? A confusão entre gênero e categoria é comum. Gênero, em teoria, é uma palavra que denota o tema, a atmosfera do jogo. Há quem diga que o mundo dos video games ficará cada vez mais aproximado do que ocorre nos cinemas, pois os longas-metragens são classificados de acordo com o “estilo” das cenas: drama, comédia, ação, terror...

Por outro lado, categoria é um termo frequentemente empregado para definir o estilo da jogabilidade — bem como da perspectiva de visão e dos comandos em geral — e aparece de vez em quando na forma de siglas, como FPS (First Person Shooter, tiroteios em perspectiva de primeira pessoa) e MMORPG (Massive Multiplayer Online Role-Playing Game, RPG online multiplayer em massa).

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Nos dias de hoje, é uma bagunça. Survival Horror — isso mesmo, horror e sobrevivência — é equiparado ou até mesmo misturado com ação ou RPG. Combates táticos aparecem anexados a tiroteios violentos em expressões como Third-Person Squad-Based Tactical Shooter (o caso de Tom Clancy's Ghost Recon: Advanced Warfighter 2, um nome nada pequeno). E o que isso significa? Trata-se de jogo tático de tiroteios em perspectiva de terceira pessoa baseado em equipes. Ufa!

Confusão é pouco

Portanto, apenas a “categoria” — ou as categorias, dependendo do caso — é o suficiente para que o jogador se perca lendo a descrição do game. Misturar várias categorias é perfeitamente normal (e interessante, em certas ocasiões) em um jogo eletrônico, mas é algo que dificulta a classificação.

E quantas vezes você já leu, em um perfil de um game, duplas como ação/plataforma (afinal de contas, ação, plataforma ou os dois) e Action Adventure (um mix de ação e aventura)? Mais exemplos que mostra que agrupar termos nem sempre é o melhor a ser feito para descrever um jogo de forma sucinta e compreensível.

Perspectiva da câmera ou perspectiva da narrativa? Bem, boa parte dos títulos da atualidade são listados com base na visão que o jogador tem do personagem controlado na tela. Por isso acompanhamos expressões como “terceira pessoa”, “primeira pessoa”, “isométrica” e “top-down”.

Por mais que a denominação do “gênero/categoria” fique mais longa, há casos nos quais o ideal é fornecer a principal característica da mecânica utilizada e o termo principal que qualifica o enredo ou a atmosfera do jogo. Assim: Halo é um FPS de ficção científica e Fallout 3 é um FPS pós-apocalíptico. Que tal?

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Muitos jogos são particularmente difíceis de serem classificados. O melhor, às vezes, é empregar o termo “variados” para propostas que não contam com uma ideia definida e muitas ações devem ser feitas pelo jogador. É o caso de WarioWare D.I.Y., para o portátil de última geração da Nintendo, pois o game simplesmente é um conjunto de mini games.

Abaixo, você verá que mesmo os grandes responsáveis por produções monstruosas no mundo dos jogos não encontram maneiras satisfatórias de classificar um game com poucas palavras. Pois é, o desafio é mais difícil do que você pensa.

Nos bastidoresDesenvolvedoras e distribuidoras também têm problemas

O chefe da Gearbox Software (Borderlands) foi direto em seus relatos feitos ao site Kotaku. Randy Pitchford não acredita em um possível “sistema perfeito de classificação”:

“Eu não acredito que exista um sistema perfeito no que diz respeito à tentativa de classificar entretenimento em categorias que consistem em apenas uma ou duas palavras. Mas sim, algumas vezes é frustrante ver que algo foi colocado em uma categoria que não se encaixa.”

O próprio Borderlands gerou algumas discussões na mídia por causa disso. O jogo foi taxado com “um pouco RPG, um pouco FPS e um pouco MMO” por diversos críticos e jogadores. É nisso que resulta desenvolver um game tão flexível assim.

Possíveis soluções para superar esse obstáculo? Pitchford sugere termos alternativos para o gênero, como “tem gatos” ou “sem anões”. Pode parecer engraçado, mas isso é bastante comum em documentos oficiais de apresentação de jogos por parte de companhias famosas. Um bom exemplo é Dead Rising, da Capcom, que foi taxado pela própria empresa como um game “Zombie Paradise Action” (ação em um paraíso de zumbis).

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É claro que nada pode ser indicado como um método oficial para a classificação de games, pois não há órgãos responsáveis por isso (como ocorre com a classificação etária). Mas a evolução dos jogos está cada vez mais dificultando o trabalho de quem precisa descrever brevemente um jogo através de um gênero ou de uma categoria para fornecer informações essenciais ao público.

Relatos da Rockstar

Também ao site Kotaku, Sam Houser — Rockstar Games — fez alguns comentários pertinentes ao assunto:

“O problema com os gêneros é que algo que começa como uma grande ideia acaba ficando dogmático ou restritivo — e é aí que problemas podem acontecer. É claro que, como criadores de games, é inevitável se inspirar em outros jogos, mas em tal novo (e potencialmente infinito) meio, é importante que não fiquemos entrincheirados em uma maneira limitada de fazer as coisas, e, com qualquer jogo, nós tentamos fazer algo novo e trazer ideias inovadores e novas influências à experiência.”

“Todos os games são, em determinado nível, uma tentativa de representar um aspecto do mundo e ter sentido nisso. Dado o componente tecnológico dos games, gêneros comumente emergiram como uma solução para as limitações de criar games em hardware relativamente primitivo, tanto através da limitação da perspectiva — digamos, um ‘side-scroller’ — quanto pela limitação das mecânicas; portanto o jogo é apenas um ‘shooter’, ou um jogo de corrida, ou um jogo de esportes, etc.”

“Pessoas que encontraram soluções bem-sucedidas para o problema de representar um aspecto de existência em hardware limitado acabaram se tornando criadores de um gênero em particular — Wolfenstein é um exemplo clássico. O que começou como uma ideia acabou se transformando em um gênero.”

Mas não podemos esquecer que está cada vez mais difícil inovar e “criar” gêneros. Ainda assim, jogos como Heavy Rain foram considerados pioneiros devido à abordagem única empregada, mesmo que baseada em gêneros de outrora. Tanto a jogabilidade quanto a atmosfera de games inovadores são capazes de causar um impacto impressionante em críticos e jogadores.

Mudanças até mesmo no BJTags ao invés de gêneros

Vocês puderam perceber que o novo TecMundo Games resolveu adotar um esquema diferente de classificação, não é mesmo? Agora, os títulos não são listados por gênero ou categoria, mas sim pelas principais tags que indicam as principais características do jogo em questão.

Com isso, não é preciso afirmar que um determinado game é especificamente de ação, por exemplo. Por mais que a característica mais marcante — no nosso caso, a tag principal — defina a principal faceta do jogo abordado, as demais tags são fundamentais para que os usuários compreendam quais os aspectos mais marcantes daquele título.

A “junção” dessas tags, portanto, é a melhor forma que o TecMundo Games encontrou para definir o gênero e a categoria nos quais um determinado jogo se encaixa. Seja fantasia com terror, MMO com corrida, estratégia com RPG ou ficção científica com tiroteios, o importante é considerar todo o conjunto de detalhes importantes que definem aquele produto.

Assim, as tags facilitam o nosso trabalho na representação por palavras dos detalhes mais relevantes. A liberdade nos permite atribuir aspectos como “online” ou “cartas” para esclarecer melhor qual é a proposta dos desenvolvedores com o game. Além disso, os usuários têm a possibilidade de clicar em uma tag e contemplar outras novidades relacionadas ao termo. Fica fácil localizar diferentes conteúdos dessa maneira.

Por fim, pode-se dizer que não há uma solução genérica para o “problema com os gêneros”. Críticos, desenvolvedoras, distribuidoras e jogadores definem diferentes jogos como quiserem. Nós escolhemos as tags pelas razões citadas acima. E você, como classificaria um game que mistura vários gêneros e categorias?

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