Coluna: por que o Nintendo 2DS faz sentido

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Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo

Na semana passada, a Nintendo anunciou o 2DS, uma nova versão de seu portátil da atual geração. Sem os efeitos tridimensionais, mais barato e com um design robusto – e também meio feio –, o aparelho chegará às lojas no dia 12 de outubro de 2013. São duas cores, compatibilidade total com os games da plataforma e um preço tabelado em US$ 130 (cerca de R$ 270).

Com o anúncio, a fábrica de memes e piadinhas da internet entrou em potência total. No Facebook, Twitter e outras redes sociais, foram incontáveis tiradas de sarro e críticas ao 2DS. O tom geral é o mesmo de todo anúncio da Nintendo: “É agora que a empresa vai falir”, “acabou, Nintendo, acabou” ou “estou esperando meu Super Mario para PlayStation 3 e Xbox 360”.

Fonte da imagem: Reprodução/Level+

Hoje, vou deixar de lado o papo sobre o ciclo de qualquer console da “Big N”. Vocês já o conhecem: a empresa anuncia um novo aparelho, todos afirmam que ele vai afundar a empresa, a novidade chega às lojas e vende como água. É uma dinâmica que se repete desde o  GameCube e parece estar longe de acabar. Talvez tão longe quanto a Nintendo está da falência.

Vou falar especificamente sobre o Nintendo 2DS e como ele, em uma visão mais global, pode ser muito bem uma tacada mestra da fabricante. E antes que comecem os esperneios e os brados de “Nintendista”, aí vai uma dica: se você é gamer, a nova versão do portátil não foi feita pensando em você.

Não é para o seu bico

Vou colocar alguns fatos aqui e, depois, contar uma pequena fábula que mostra exatamente qual é o público-alvo do Nintendo 2DS. A data de lançamento, dia 12 de outubro, é também o dia de chegada de Pokémon X e Y ao mercado. Ainda, é uma data bem próxima ao Natal e anterior à Black Friday, o tradicional dia de descontos e ofertas nas lojas norte-americanas.

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Vale a pena lembrar também de algumas peculiaridades do próprio hardware do 3DS. Quem usou o DS com frequência lembra com terror das quebras na dobradiça do aparelho, que tornavam o conjunto bastante molenga. Além disso, a própria Nintendo não recomenda o uso dos efeitos tridimensionais de sua plataforma atual por menores de sete anos.

Você já deve estar imaginando aonde eu quero chegar, mas vamos à historinha. Imagine-se no lugar de um pai, que é confrontado pelo filho pedindo um adiantamento no presente de Natal ou um presente caro por qualquer motivo. Ele quer um novo video game e o tal jogo dos monstrinhos que ele joga desde que era bem pequeno, nem faz tanto tempo assim.

Ao chegar na loja, você se sente invadido em um local cheio de propagandas e estímulos sobre coisas que você não faz ideia do que são. Procura um vendedor e pede o jogo dos monstros junto com o tal video game e descobre que existem várias opções diferentes não apenas de cores, mas também de modelos.

E aí descobre que existe uma opção de portátil feita especialmente para crianças como seu filho. Sem os possíveis efeitos danosos que seriam causados pela edição “normal” do console, mais resistente e, acima de tudo, mais barata – com a diferença de preço sendo quase equivalente ao jogo que você precisa levar junto.

Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo

Nós, que somos jogadores inveterados e acompanhamos com atenção a indústria, conseguimos enxergar as falhas, problemas e até mesmo uma possível ganância por trás do Nintendo 2DS. Mas para quem está de fora, esses fatores não significam nada. E é aí que entra a jogada inteligente que falei mais acima.

Pokémon é, sem dúvida, o maior lançamento da história do Nintendo 3DS até agora. Apesar de apelar a todos os públicos, é um game com uma boa fatia de crianças entre sua base de fãs. Gente sem poder aquisitivo próprio, que depende dos mais velhos para adquirir esse tipo de coisa. E que agora contam com uma opção dedicada exclusivamente a eles.

Para o lado da Nintendo, a tela única, dividida apenas pela cobertura plástica, possibilitou uma produção mais barata. O fim dos efeitos tridimensionais – que já não vinham sendo encarados como um diferencial do console há algum tempo – também afastou preocupações com a saúde dos usuários e possíveis processos. São bons sinais.

O design é feio e nada portátil. Isso se deve a uma questão simples: o Nintendo 2DS não é um video game, é um brinquedo. É voltado para crianças, não para você, menino maroto jogador dos Call of Duty . E você não precisa acreditar apenas na minha palavra. Acima, está um vlog de Liz Katz, uma “mãe gamer” que adorou a nova ideia da “Big N”. Por favor, preste atenção no que ela está falando.

Acima de tudo, o 2DS pode servir como uma porta de entrada. Nem todo mundo começou nos games diretamente nas grandes plataformas. São inúmeras as histórias de gente que teve o primeiro contato com mini(espaço)games, consoles Pong ou fliperamas. E se o novo portátil for a iniciação para diversos pequenos gamers em potencial que, assim como nós, começaram a vida sob o abraço carinhoso da Nintendo?

Mas existe um problema

O 2DS faz sentido, é inteligente e focado para um público que, até hoje, ainda não havia sido alcançado pelo 3DS. Isso, porém, não significa que a nova versão do portátil seja um produto perfeito e genial, que vai vender como água no deserto e trazer divisas infinitas para a fabricante. Ele também possui problemas.

E o principal deles se concentra no nome. Por mais que seja uma versão diferente do Nintendo 3DS, o nome 2DS passa a impressão de antecessor. Ou então, de algo menor do que aquilo que está disponível agora no mercado. Aqui, o efeito é inverso: enquanto os gamers conhecem bem a diferença e sabem enxergar as coisas com clareza, o mesmo não vale para o “consumidor comum”, por assim dizer.

Confrontado com dois consoles, um 3DS e um 2DS, a ideia básica é que o 3 se trata de uma evolução do 2. Isso sem falar na possibilidade de muitos acreditarem que a novidade é um console por si só. O design diferente, o preço e o nome preenchem uma lacuna. Tivemos o primeiro DS, o 3DS e, agora, o 2DS. Mas onde estão os jogos para ele?

Fonte da imagem: iStock
E daí cabe ao vendedor explicar as diferenças entre os consoles. Isso exige treinamento, cuidado e, acima de tudo, boa vontade. Pode até ser que isso exista em lojas especializadas como a americana GameStop, por exemplo, mas será que também estará presente no mercadão Walmart?

A Nintendo tem nas mãos, então, um problema para passar a mensagem adiante. É o mesmo tipo de situação que, atualmente, é enfrentada pelo Wii U, cujo nome também parece uma evolução do console original e não um aparelho completamente novo. Jogos de palavras e brincadeirinhas fonéticas funcionam bem com a gente, mas não fazem sentido para o público em geral.

Você vai comprar um Nintendo 2DS? Provavelmente não. Mas e se a fabricante enxergar potencial em seu console/brinquedo e lançar uma segunda versão mais barata, sem a parte tridimensional, mas com dobrinhas e cara de console de gente grande? Que tal?

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