As músicas que o video game apresentou

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Durante a apresentação do multiplayer de Call of Duty: Ghosts, os fãs do rapper Eminem se surpreenderam ao ver que o cantor aproveitou o momento para mostrar sua nova música, Survival, do álbum MMLP2. Apesar da relação próxima do artista com a Activision, é estranho ver o quanto a indústria fonográfica e video games estão cada vez mais próximos.

E isso não é algo tão recente assim. Os estúdios investem nesse formato desde a geração PSOne, quando inserir canções completas dentro do jogo deixou de ser um sonho distante e se tornou realidade. E se, até então, estávamos acostumados com temas orquestrados — ou tentativas de emular isso —, os games passaram a contar com sua própria trilha sonora composta de grandes sucessos, quase como em um filme.

Afinal, quem nunca se deparou com uma música no rádio ou em uma festa e se tocou que ela veio daquele jogo que você tem em casa? Mais do que isso, quem nunca passou a conhecer uma canção ou uma banda por conta de um jogo?

Marcando geraçõesTrilhas que ficam na memóriaVoltemos ao início dos anos 2000, uma época em que a internet ainda era um privilégio de poucos e que boa parte do conteúdo consumido vinha de outras mídias. Foi percebendo na influência que as trilhas de filmes e séries de TV — ou novelas, no caso do Brasil — que as empresas perceberam que trazer canções marcantes para seus jogos era uma ótima forma de atrair a atenção do público.

Afinal, quem não ficou com as músicas de Tony Hawk’s Pro Skater na cabeça? Os dois primeiros títulos da série são lembrados até hoje não apenas por sua jogabilidade, mas também pelas excelentes músicas que embalavam as manobras.

Tanto que foi a partir desse jogo que muita gente conheceu bandas como Goldfinger e Papa Roach. Você ouvia a canção em determinada fase e arranjava um jeito de ir atrás do disco daquele grupo para conhecer outras músicas. Em alguns casos, chegava a virar fã.

Algo semelhante aconteceu com Need for Speed Underground. A diferença é que a Electronic Arts apostou em diferentes públicos e trouxe uma seleção bem mais eclética, indo desde o punk indo ao hip hop, passando pelo rock hardcore, pelo pop e outras melodias bem diferentes.

E como o lançamento do jogo praticamente coincidiu com a estreia dos filmes da série “Velozes e Furiosos”, essa combinação foi bastante positiva para o rap. Muita gente passou a conhecer artistas como Snoop Dogg e Lil Jon nesta época. Tanto que eu não aguento mais ouvir “Get Low” graças às infinitas vezes que meu irmão deixou isso tocando enquanto jogava.

A EA também investiu forte nas músicas em suas franquias esportivas. As aberturas de FIFA, por exemplo, sempre foram muito marcantes e fizeram fãs de futebol cantarem “Song 2”, do Blur, e “Rockafella Skank”, do Fatboy Slim. E por mais que Chumbawamba não tenha se tornado um sucesso, sua participação na abertura de Road to World Cup 98 com “Tubthumping” fez com que a música grudasse na cabeça de muita gente.

A explosão dos jogos musicais

Nunca fui uma pessoa muito musical. Por conta disso, é muito comum eu ouvir sucesso de grupos bem famosos — como Metallica e Guns N’ Roses — e relacioná-las a algum jogo, sobretudo com Guitar Hero e Rock Band. Afinal, a série foi uma das principais responsáveis por resgatar velhos nomes da indústria fonográfica e apresentá-los para as novas gerações.

No entanto, essas franquias conseguiram ir além e ainda apresentou muitas bandas novas ou desconhecidas para boa parte dos jogadores. A francesa Superbus surpreendeu muita gente com “Radio Song” e os fãs de metal se apaixonaram pela insanidade de DragonForce, dona de uma das músicas mais impossíveis de serem tocadas na guitarra de plástico.

Muito além do jogo

No entanto, os jogos não são os únicos a trazer esse apelo musical. As empresas começaram a incorporar essa característica aos trailers, transformando-os em verdadeiros videoclipes. E como estamos em uma era em que é muito mais fácil encontrar os autores, esse tipo de marketing também se transformou na porta de entrada de muitas bandas.

Exemplo disso foi o trailer de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, que tinha a música “Not Yout Kind of People”, da banda Garbage. Poucos dias após a revelação do vídeo, o álbum do grupo já estava entre os mais vendidos no iTunes e a vocalista  Shirley Manson agradecia pelo Twitter o apoio dado por Hideo Kojima.

O mesmo aconteceu com o francês Woodkid, que era praticamente desconhecido até a música “Iron” aparecer no trailer de Assassin’s Creed: Revelations. A repercussão foi tão positiva que a Tech Land decidiu trazê-lo novamente ao mundo dos jogos ao inserir “Run Boy Run” em Dying Light.

Opinião da galeraPara finalizar, decidimos reunir a opinião de alguns redatores do TecMundo Games para mostrar como a experiência multimídia entre música e video games é realmente forte.

Durval RamosGarbage – Metal Gear Solid V: The Phanton Pain

O trailer de Phantom Pain foi excepcional, principalmente pela excelente combinação entre imagens e áudio. No momento em que assisti ao vido, corri atrás da banda e peguei vários álbuns no iTunes e, desde então, Garbage está entre minhas bandas favoritas. E por mais que “Not Your Kind of People” seja uma música excelente, ela foi apenas a porta de entrada para outras canções igualmente ótimas que eu ainda desconhecia.

André “Oda” Luiz
Millencolin – Tony Hawk’s Pro Skater 2

A trilha sonora de Tony Hawk's Pro Skater 2 deve ser uma das melhores da história dos games, apresentando diversas bandas de hardcore e punk para uma geração de jogadores. De todas as incríveis músicas que tocam enquanto você tenta dar um mortal de costas em cima de uma piscina, a que mais me chamou a atenção foi No Cigar, da banda sueca Millencolin. Tudo nela combinava com aquele clima passado no jogo, além de me fazer conhecer o disco mais conhecido do grupo, Pennybridge Pioneers.

Ricardo Fadel
Moves Like Jagger – Dance Central 3

Para mim, é impossível ouvir Moves Like Jagger, do Maroon 5, sem pensar em Dance Central 3. Na BGS do ano passado, a demo do game apresentou apenas essa e outras duas ou três músicas no estande da Microsoft, localizado em frente ao estande do TecMundo Games. Foram horas e horas durante quatro dias de feira com essa música (em um volume bastante elevado, diga-se de passagem) rolando como "pano de fundo" para quem visitasse o estande do BJ. Com isso, foi uma experiência "traumatizante" que fez com que a música ficasse diretamente relacionada ao jogo de dança... Pelo menos para mim, é claro.

Nota do Durval: o Fadel está cantarolando “Moves Like Jagger” a tarde inteira depois de escrever esse parágrafo.

Felipe Demartini
Muse – Formula 1 2005

Sempre tive uma preferência pela mistura de instrumentos clássicos, como piano e violino, com guitarras e baterias poderosas. E foi justamente isso que eu encontrei na abertura de Formula 1 2005, embalada pela música Butterflies and Hurricanes, do Muse. Foi meu primeiro contato com uma banda que acabaria se tornando uma das minhas favoritas.

A música aparecia logo na abertura e, no clipe, já exibia não apenas o potencial gráfico do game – um exclusivo do PlayStation 2, desenvolvido pela Sony Liverpool –, mas também o glamour e competitividade da Fórmula 1. Era uma época em que o esporte, em si, também passava por embates lendários, com Fernando Alonso e sua Renault ameaçando, pela primeira vez em cinco anos, o reinado de Michael Schumacher.

Por isso, nada melhor do que escolher uma banda grandiosa como Muse, que até hoje, experimenta com estilos e cria faixas memoráveis. Um dos melhores jogos de Fórmula 1 já lançados, com um dos melhores grupos da música.

Cássio Barbosa
Dispatch - Need for Speed: Most Wanted

A série Need for Speed sempre apresentou boas músicas. O seu título mais recente, Most Wanted, desenvolvido pela Criterion e lançado no final do ano passado segue a tradição com uma trilha capaz de injetar toda a adrenalina que você precisa para chegar ao primeiro lugar.

Em meio a grandes hits, como Baba O’Riley do The Who e Butterflies and Hurricanes do Muse, Circles Around the Sun chamou a minha atenção com toda a sua energia e logo se tornou a minha favorita da seleção. Com isso, Need for Speed conseguiu mais uma vez me apresentar uma nova banda de qualidade.

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