Análise: PlayStation Vita TV — o pequeno elefante branco da Sony [vídeo]

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O anúncio do Vita TV pegou muita gente de surpresa. Apresentado na última Tokyo Game Show, o pequeno aparelho da Sony prometia trazer ao jogador uma experiência única, centralizando em um único dispositivo a jogatina portátil com a praticidade dos consoles de mesa. Afinal, quem nunca quis ir além da pequena tela e aproveitar tudo o que o Vita tem a oferecer na enormidade da TV de sua casa?

E o Vita TV parecia ser isso e muito mais. Fácil de carregar e ainda mais simples de configurar, ele tinha tudo para ser a solução ideal para suas viagens, sendo uma espécie de central multimídia de bolso. Só que, como tudo que parece ser lindo e perfeito, há alguns poréns.

O aparelho chegou às lojas no último mês de novembro e, até agora, a Sony não comentou nada sobre um possível lançamento ocidental, o que atiçou a curiosidade dos importadores. No entanto, vale a pena se arriscar em um produto que nem mesmo sua fabricante pensa em trazer para cá? Pois é o que fomos tentar descobrir.

Na palma da mão

Logo de início, o Vita TV chama a atenção por seu tamanho. Comprovando tudo aquilo que havia sido dito sobre ele, o microconsole impressiona por suas dimensões diminutas, cabendo perfeitamente na palma da mão — ou dentro do seu bolso.

Mais do que isso, ele também é bonito e bastante discreto, o que pode fazer com que ele passe quase despercebido em sua estante. Tanto que, com exceção do símbolo do PlayStation na parte superior e da Sony na frontal, ele não traz nenhum outro detalhe ou elemento estético. O próprio LED que indica se o dispositivo está ou não ligado é imperceptível à primeira vista.

Como a estrutura do Vita TV foi desenhada já levando em consideração o espaço necessário apenas para as entradas básicas, não há “sobras”. Isso significa que ele foi feito exatamente para ser algo pequeno e prático, o que consegue muito bem.

E os grandes trunfos do microconsole estão exatamente posicionados em sua parte traseira. A saída HDMI é a grande responsável pela novidade, levando os jogos do portátil para a tela da televisão. Além disso, a entrada Ethernet ainda permite que você se conecte à internet a partir de um cabo, trazendo um melhor desempenho na hora de ficar online.

O aparelho ainda conta com uma entrada USB para a sincronização do DualShock 3. Assim como no PS3, basta conectar o controle ao cabo uma única vez para que ele seja pareado e passe a funcionar a partir da tecnologia wireless.

Ainda na parte traseira, o Vita TV traz um pequeno slot para que você coloque o pequeno cartão proprietário, ampliando o espaço disponível de armazenamento em até 64 GB.

A parte boa é que quem possui o modelo clássico do Vita pode compartilhar o mesmo cartão entre os dois dispositivos e levar seus jogos do portátil para a TV e vice-versa. No entanto, para que isso seja possível, os dois aparelhos precisam estar associados à mesma conta — o que pode ser um tanto quanto complicado para boa parte dos jogadores.

Por fim, vale lembrar ainda que o microconsole conta com 1 GB de armazenamento interno. Esse valor pode não ser o suficiente para quem pretende fazer compras na PSN, mas pode ajudar na hora de salvar alguns dados de jogos ou para baixar uma nova atualização.

Além disso, quem possui os games de Vita em mídia física pode colocar os pequenos cartões em um slot localizado na lateral do microconsole.

O sistema

Como a ideia do Vita TV é simplesmente levar a experiência do portátil para a tela grande, nada mais natural do que todo seu sistema e a interface serem exatamente os mesmos daqueles que já estamos acostumados a ver.

A única diferença mais significativa é que a navegação não é mais feita a partir da touchscreen, mas do DualShock 3. Isso torna as coisas um pouco menos intuitivas, mas nada que atrapalhe a experiência de uso. Trata-se apenas de uma questão de adaptação, principalmente para quem já está acostumado às facilidades do toque.

Além disso, ele traz todas as demais funções do modelo clássico do Vita, como álbum de fotos, email e criação de salas de bate-papo com amigos. As únicas remoções foram o Near e o aplicativo de integração com o PlayStation 4, o que significa que o prometido streaming de jogos ainda não está disponível — e isso é justificável, já que o console de nova geração ainda não chegou ao Japão.

E, apesar de ele não ter sido lançado oficialmente no Ocidente, não é preciso dominar o idioma nipônico para utilizar o Vita TV. Logo nos primeiros momentos de uso, ele já pode ser configurado para o português, o que facilita todo o processo e salva a vida de quem decidir importar o console.

Por outro lado, a Sony optou por limitar seu uso apenas ao Japão, restringindo as contas que podem ser associadas apenas àquelas feitas no país. Isso significa que de nada adianta importar o Vita TV e tentar se conectar ao seu perfil brasileiro ou norte-americano, pois uma mensagem de incompatibilidade logo surge para lembrá-lo que nenhum dos títulos comprados na PSN poderão ser baixados novamente.

Isso é bastante problemático, pois mata parte daquilo que deveria ser um dos diferenciais do aparelho. Em teoria, se você tem um Vita portátil, bastaria colocar o cartão de memória no microconsole para que todos os seus títulos pudessem ser jogados na tela da TV. O problema é que isso exige que ambos os dispositivos estejam associados à mesma conta, o que é impossível.

Desse modo, a única forma de aproveitar a proposta do Vita TV é a partir das mídias físicas — o que acaba com parte da praticidade prometida.

A terrível compatibilidade

Como é de se imaginar, além da portabilidade, o Vita TV abriu mão de outras coisas na hora de levar a experiência do console de bolso para sua televisão. Afinal, o DualShock 3 não possui nenhuma alternativa prática à touchscreen e ao touchpad, o que obrigou a Sony a simplesmente reduzir o número de jogos compatíveis com a novidade.

E é aí que está o maior problema do aparelho. Ele pega a já pouco expressiva biblioteca da plataforma e a corta pela metade, removendo alguns de seus grandes “medalhões”. Portanto, esqueça games como Gravity Rush, Uncharted: Golden Abyss e o badalado Tearaway, pois nenhum deles vai funcionar aqui.

O curioso é que nem mesmo títulos que vieram de outros sistemas funcionam. PlayStation All-Stars Battle Royale e Metal Gear Solid HD Collection são dois exemplos de jogos que foram adaptados do PS3 e, ainda assim, não podem ser usados no Vita TV.

E vale destacar um fato curioso que ocorreu em nossos testes. Um dos primeiros cartões que colocamos no console foi Touch My Katamari, que funcionou normalmente, mesmo sem uma maneira de emular os sensores de toque. No entanto, esta foi a única vez que ele rodou, já que todas as tentativas posteriores vinham acompanhadas da mensagem de incompatibilidade. No site da Sony, segue o aviso de que ele não funciona no aparelho.

Outro ponto bastante incômodo é que o sistema faz todas as instalações e baixa todas as atualizações disponíveis, mesmo para os títulos que não são compatíveis. Isso significa que há grandes chances de você ocupar o 1 GB de memória com arquivos inúteis.

Desse modo, antes de se aventurar pelo mundo da importação, é melhor conferir se os jogos que você tem em casa ou que pretende comprar são compatíveis com o Vita TV. Isso pode evitar futuras decepções e amargos prejuízos.

Mas e os que funcionam?

Já os títulos que não passam por esse bloqueio apresentam um desempenho satisfatório, embora nada surpreendente. Isso porque o Vita TV não faz nenhuma alteração na qualidade da imagem, mantendo a resolução original de 960x544 pixels.

Esse tamanho funciona muito bem na pequena tela do portátil, mas a coisa muda de figura quando ela é jogada em uma televisão. Essa esticada é bastante prejudicial, pois evidencia todos os problemas que você normalmente não nota no modelo original. O resultado disso é um excesso absurdo de grandes serrilhados em toda a imagem, principalmente em títulos que abusam de objetos tridimensionais. No caso de Persona 4 Golden, isso era evidente.

Já jogos que trazem uma arte um pouco mais simples e limpa, como Muramasa Rebirth, não sofrem tanto com isso. Ainda assim, não espere nenhuma grande revolução em termos visuais.

Em relação à jogabilidade, não há do que reclamar. Usar o DualShock 3 é uma experiência bastante familiar e funciona muito bem na maioria dos títulos oferecidos. É até possível emular os painéis de toque com o os botões L3 e R3, mas eles são poucos práticos de usar — não que isso faça muita diferença, já que uma parte dos títulos que exigem esses recursos foi limada do Vita TV.

E o multimídia?

Ok, os jogos são bem limitados e a conectividade com o PS4 ainda não está disponível. Então quer dizer que o grande diferencial do Vita TV neste momento são os recursos multimídia, não é mesmo? A não ser que você seja alguém que mora no Japão ou que domine o idioma do país, a resposta é não.

O aparelho realmente conta com várias opções de vídeo e música, mas nada que seja realmente relevante para o público ocidental. A própria Netflix, que é um dos aplicativos mais populares por essas bandas, não está disponível na loja nipônica da Sony. Isso porque o mercado oriental é dominado por outros grandes nomes locais, como o niconico.

Os assinantes do Music e Video Unlimited podem ter um pouco mais de sorte, já que esses serviços podem ser baixados com facilidade — e por razões óbvias. Ainda assim, não é o suficiente para valer a importação.

E aí, vale a pena?

Vamos ser diretos: a não ser que você realmente faça muita questão de ver seu jogo rodando em uma televisão de 42 polegadas, o Vita TV é o tipo de acessório que não vale a pena ser importado. Não é à toa que a Sony ainda não se pronunciou em lançá-lo fora do Japão, uma vez que o conceito ainda está sendo testado e pouco tem a oferecer a outros mercados, como o nosso. Por enquanto, ele é estritamente focado naquele país.

É claro que a ideia ainda é muito boa, mas ela precisa ser melhor trabalhada para que se torne minimamente interessante. Talvez a simples permissão para o uso de contas de outras regiões já seria uma ajuda e tanto na popularização do microconsole, já que boa parte dos donos do portátil já abraçou a mídia digital.

A compatibilidade com o PS4 e a liberação de um número mais significativo de serviços multimídia é outra medida que pode ajudar nesse caminho. No entanto, enquanto isso não acontece, o Vita TV nada mais é do que aquele brinquedo exótico que você tem para mostrar e impressionar os amigos, mesmo que ele não apresente muita utilidade. É o típico elefante branco.

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