Star Fox, Metroid, F-Zero... Ei, cadê vocês?

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Talvez hoje um jogo como Super Metroid lhe pareça embebido em saudosismo. Quer dizer, para quem encarou o título na época, trata-se de uma revisita, enquanto novas audiências automaticamente atribuem o termo “retrô” a qualquer coisa que inclua um personagem se deslocando em apenas duas dimensões — a despeito dos esforços dos desenvolvedores mobile em dar ares de “atualidade” à fórmula, vale dizer.

Mas Metroid ainda é uma franquia conhecida, certo? O mesmo vale também para Star Fox, cujo protagonista, Fox McCLoud, ainda consegue fazer pontas em jogos de luta aqui e ali (Super Smash Bros. e tal). Ou, ainda, o não tão conhecido — mas igualmente célebre — F-Zero. São jogos conhecidos... Embora, talvez com a exceção de Metroid, deixem transparecer uma velhice um pouco mais acentuada.

Longos vazios e poucos títulos

Em resumo, talvez a questão aqui possa ser colocada como: “Afinal, o que a Nintendo pretende para essas séries?”. Ou, quem sabe, uma personificação de uma série excelente como Metroid poderia se levantar e dizer, de forma quase birrenta, “o que Mario tem que eu não tenho?!”.

Afinal, enquanto séries como Super Mario Bros. e semelhantes são atualizadas pelo menos uma vez por ciclo, o último Metroid original — o não tão bem recebido Other M — foi lançado há quatro anos.

Com Star Fox as coisas são ainda piores. Desconsiderando-se o relançamento recente para o 3DS do clássico do Nintendo 64, a série não vê um lançamento realmente novo desde 2002, quando Adventures ainda fez várias pessoas torcerem o nariz por conta da jogabilidade híbrida — com fases dentro do cockpit e outras perambulando, com ares de jogo de ação.

A política de franquias da Nintendo

Talvez isso não ajude muito a entender as razões da Big N, é verdade. Entretanto, o blog Screw Attack elencou três categorias bastante coerentes no que diz respeito às first parties da fabricante — inegável força-motriz da Nintendo há muitos anos.

Trata-se de três grupos — divididos conforme interesses de investimento:

Grupo A: franquias que têm muitos jogos lançados constantemente, sendo as mais notórias e as que mais recebem investimentos da Nintendo. Não poderiam ser outras que não Mario, Pokémon, The Legend of Zelda e os joguinhos descompromissados lançados com periféricos para o Wii, utilizando o Mii;

Grupo B: Franquias que têm apenas alguns poucos jogos lançados de tempos em tempos, recebendo menos aportes financeiros, se comparadas com Mario, Pokémon e cia. Exemplos: Kirby, Donkey Kong, Animal Crossing e Fire Emblem; e

Grupo C: Este é o equivalente aos atores deixados nas geladeiras das grandes emissoras de TV. Quase nunca dão as caras e, quando dão, normalmente são pontas em projetos maiores, servindo como estofo para propostas mais ambiciosas. Tem-se aqui Metroid, Star Fox, F-Zero, Punch Out!!, Kid Icarus e mesmo o eternamente requisitado Pikmin.

Afinal, o que houve?

Ao longo de décadas de história, a Nintendo acabou deixando para trás várias séries. Embora tenham servido por algum tempo, certa “falta de encaixe” acabou colocando as séries em um ostracismo que certamente não combina com o sucesso (e a renda) que foram capazes de gerar. Vale analisar (especular, na verdade) sobre alguns casos principais.

F-Zero

F-Zero foi um verdadeiro divisor de águas quando lançado. Tratava-se do primeiro jogo de corrida com temática futurista e com desenvolvimento mais parrudo. E, sim, a influência do Capitão Falcon e Cia. ainda pode ser percebida por aí, em jogos como Wipe Out.

A questão aqui, talvez, seja certo caráter “genérico”, tão típico de um pioneiro. É duro encarar, mas, convenhamos, a falta de uma marca mais acentuada do que “Dispute corridas em um futuro distante” pode ser um possível motivo para que F-Zero: GP Legend não tenha encontrado herdeiros após todos esses anos — apesar de ser um ótimo jogo.

Metroid

Eis aqui um terreno pedregoso, do tipo que qualquer aposta fora do lugar pode ocasionar uma enxurrada de fan boys. Entretanto, verdade seja dita, a última grande reinvenção da série ocorreu com a (belíssima) série Prime. De lá para cá, espera-se constantemente por um novo movimento da Retro Studios... O que acaba por não chegar.

A aposta mais razoável, é claro, seria um game para o Wii U. O problema é que essa possibilidade acaba um tanto abalada pelas vendas relativamente tímidas da atual geração da Nintendo. Um novo Metroid poderia gerar novo vigor, é verdade. Mas também poderia queimar cartuchos da franquia.

Star Fox

Star Fox é a típica franquia que, até hoje, repousa nos louros conquistados no passado. A série foi absolutamente inovadora quando deu as caras nos anos 90 — trazendo consigo uma das primeiras amostras de uma tentativa tridimensional. Sucesso semelhante se repetiu no Nintendo 64... E a coisa meio que ficou por aí mesmo, convenhamos.

Ao que parece, a Nintendo enfrenta certa dificuldade em atualizar a fórmula de Star Fox. Afinal, o que soou como “novo” à época hoje dependeria quase exclusivamente do carisma de Fox McCloud e Cia... E isso seria muito pouco mesmo para o próprio Mario. Sim, é verdade Star Fox Adventures tentou.

Mas o resultado foi enxergado por grande parte dos fãs como um jogo desprovido da essência da série — sem, contudo, conseguir ser um bom título de aventura com as próprias pernas.

Qual é o nicho da Nintendo hoje?

Aparentemente, talvez seja difícil entender por que a Nintendo — notória dependente de suas próprias marcas — acabou por deixar na geladeira algumas séries excelentes e mundialmente conhecidas.

Bem, as respostas e teorias podem ser muitas. Entretanto, parece que uma das mais óbvias seja mesmo o espaço ocupado pela Nintendo atualmente. Sim, volta-se ao público casual, é verdade. Mas parece inegável que a companhia anda jogando na defensiva enquanto tenta, simultaneamente, reconquistar parte do público hardcore e oferecer algo fácil e palatável para o sujeito que conhece muito pouco de jogos — incluindo as franquias clássicas.

Pode parecer óbvio que uma franquia do porte de um Metroid ou mesmo de um Star Fox — caso alguma cabeça genial conseguisse lhe conferir um aspecto tão “atual” quando legítimo —possa conferir o embalo que hoje tanto faz falta ao Wii U, certo? De fato.

A questão talvez seja: quanto do mercado original da Nintendo, da época em que essas séries foram concebidas, ainda resta hoje? Dessa forma, enquanto a Big N se mantém recorrendo a relançamentos e mais relançamentos... Fica a esperança de que os genes hardcore possam novamente se fazer sentir, trazendo novamente à glória Samus Aran, Fox McCloud e mesmo o Capitão Falcon.

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