Neste momento, milhares de pessoas de todo o mundo estão pensando: “Por que continuo levantando, dia após dia, mesmo que a vida pareça não ter sentido algum”? Atualmente, há uma legião silenciosa que sofre com depressão. Prepare-se: o número é grande e deve aumentar bastante nos próximos anos.
Segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), 350 milhões de pessoas vão desenvolver a doença até o ano de 2020 – o que deve alçar a depressão ao segundo lugar no ranking dos males que mais matam. É na hora de reverter esta curva assustadora que entram os video games.
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Superar sintomas como tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, sentimentos de culpa e baixa autoestima não é uma tarefa fácil. Na sua forma mais grave, a depressão pode levar ao suicídio. No entanto, como é possível se desvencilhar do problema?
Da mesma forma que personagens como Ryu, Kratos, Master Chief, Lara Croft, Ezio, Mega Man e todos os outros – encarando o adversário, não importa o quão grande ele seja.
Fonte da imagem: Reprodução/Capcom“Here comes a new challenger”: depressão!
Uma pesquisa da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, criou um jogo para tratar jovens com depressão. Publicado em 2012 na revista médica BMJ, o estudo aponta que o game SPARX foi tão eficiente quanto o método convencional de aconselhamento.
Tem mais: o game teve mais casos de redução dos sintomas de depressão do que o tratamento tradicional. O estudo foi realizado com um grupo de 187 adolescentes entre 12 e 19 anos.
Mais do que interagir com os jovens no meio digital, os jogos são capazes de prevenir que o estresse do cotidiano atribulado provoque transtornos mentais como a depressão e ainda contam com grande potencial terapêutico inexplorado.
Um estudo conduzido pela Universidade da Carolina do Leste, nos EUA, comprovou que jogos casuais são eficazes contra a depressão. Segundo a doutora Carmem Russoniello, uma das coordenadoras do levantamento, a taxa de redução dos sintomas de depressão foi de 57%.
Nas palavras da especialista: “Os resultados deste estudo são impressionantes e intrigantes, dada a extensão dos efeitos dos jogos sobre os níveis de estresse dos sujeitos e humor em geral”. A pesquisadora ainda afirma que os resultados confirmam que os games são capazes de melhorar o humor, reduzir o estresse e atenuar a depressão.
A pesquisa contou com a ajuda da PopCap Games, companhia por trás de Plants vs. Zombies e Bejeweled. Foram usadas metodologias para medir a variação da frequência cardíaca, eletroencefalografia e humor dos pacientes antes e depois das partidas. Os resultados são significativos em várias áreas, identificando potenciais aplicações terapêuticas de jogos casuais como um meio de lidar com transtornos mentais e físicos graves.
Apesar da perspectiva animadora, a doutora avisa que outros estudos ainda precisam ser feitos antes de games serem oficialmente indicados como terapia para depressão e outros transtornos mentais.
Enquanto os médicos precisam “upar o level de suas pesquisas” para transformar games em tratamento, algumas iniciativas mostram que os próprios pacientes têm o potencial de encontrar seus “continues” no jogo da vida.
O sol vai brilhar novamente
Os games Actual Sunlight e Depression Quest se destacam por sua abordagem direta e por transformarem o transtorno psiquiátrico em uma experiência que pode ser compartilhada e vencida pelos participantes do jogo (depressivos ou não).
Actual Sunlight coloca os jogadores na pele de Evan Winter, um jovem aflito pela incerteza com o futuro, deslocado socialmente e descontente com seu corpo. A história é linear, inevitável e provocante. O game convida as pessoas a experimentar as percepções do protagonista enquanto é afetado pela doença.
O RPG foi feito em casa por Will O’Neill como uma obra parcialmente autobiográfica. Antes de jogar, o criador avisa que é importante encarar Actual Sunlight como uma experiência extremamente poderosa e emocional.
O’Neill está fazendo uma campanha para que seu game seja publicado no Steam por meio do sistema Greenlight. Visite a página do RPG para apoiar sua inclusão no sistema de venda de jogos. O título também pode comprado por US$ 5 (R$ 10).
Jornada contra a depressão
Zoe Quinn, cocriadora de Depression Quest, é outro exemplo de paciente que encontrou sua luz no fim do túnel no desenvolvimento de um game. O jogo literal online é descrito por sua criadora como “uma (não) ficção interativa sobre viver com depressão”.
Da mesma forma que em Actual Sunlight, Depression Quest foi o caminho encontrado por Zoe e mais dois amigos para enfrentar seus próprios temores e levar informação até pessoas que não entendem ou têm medo de lidar com o tema.
Em entrevista ao site VG247, a desenvolvedora comenta que Depression Quest não pretende ser uma ferramenta de diagnóstico ou substituir a terapia. “O que queremos passar é que a chave para lidar com transtornos psiquiátricos é não sofrer sozinho”, afirma Zoe Quinn.
O game é basicamente uma história interativa, que pode ser jogada online de forma gratuita. Os interessados podem contribuir com os criadores via PayPal ou entrar em contato com Zoe e seus amigos através do email.
Fonte da imagem: Divulgação/SonyNo lugar do game over, um novo começo
Seria precipitado apontar os games como cura para a uma doença tão complexa. Ainda faltam cientistas interessados em cavar mais fundo. Os especialistas também precisam medir a eficiência dos consoles combinados com outros tipos de terapia: livros, passeios e exercícios físicos, entre outros.
A combinação trágica entre video games e isolamento social também não pode ser esquecida. Mesmo assim, é interessante ver que há estudos que vinculam o entretenimento digital com a cura de transtornos – não apenas como a causa deles.
Segundo a OMS, quanto mais cedo começa o tratamento, melhores são os resultados. Dentro ou fora do mundo dos games, o mais importante é procurar ajuda. Lembre-se: você não está sozinho.
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