O adiamento de GTA 6 para maio de 2026 teve um grande ponto positivo na indústria dos games: muitos jogos tiveram a chance de brilhar este ano, sem medo de serem ofuscados pelo gigante da Rockstar.
Enquanto títulos de peso — como Clair Obscur Expedition Silksong e Hollow Knight Silksong — roubaram a cena, o ano de 2025 me mostrou como a indústria brasileira de games está fervilhando de novidades e projetos interessantes. Desde o surgimento de publishers como a Nuntius até hits como o jogo de estratégia 9Kings, o mercado está mais aquecido que nunca.
E uma das provas mais recentes que tive da criatividade do Brasil no mundo dos games é Master Lemon: The Quest for Iceland. Lançado em 4 de novembro, o game de estreia do estúdio Pepita Digital surpreende com uma história original, além de entregar uma experiência de qualidade e que está dentro dos padrões de um jogo independente desse escopo.
Qual a história de Master Lemon?
Master Lemon mostra sua originalidade já em seu conceito inicial. O game é baseado na história real de um brasileiro chamado André Lima, poliglota que morreu em um acidente de carro na Islândia. O título é uma homenagem feita por Julio Santi, seu amigo.
Enquanto perder um amigo não é nada fácil, Julio transformou o luto em uma forma de imortalizar Lima com uma história emocionante. O protagonista, chamado de Limão, é enviado a um mundo mágico e precisa ajudar seres chamados de Bashires a salvarem o mundo humano de uma grande ameaça.
“O patrimônio linguístico do mundo está em perigo. Uma praga devoradora de memórias se espalha pelas misteriosas Ilhas Bashires, ameaçando apagar idiomas inteiros da existência e mergulhar toda a humanidade no esquecimento”, diz a sinopse oficial.
No gameplay, isso se traduz de forma fantasiosa. Uma névoa está tomando o mundo dos Bashires e ameaça chegar ao mundo humano, matando idiomas e a memória das pessoas. Como portador da luz, Limão é o único que consegue combater essa ameaça.
Como funciona o gameplay?
Além de lançar um feixe de luz de sua mão para combater a névoa com a mecânica de Ratljóst, o personagem também usa seu conhecimento em línguas para lançar feitiços e conversar com NPCs em diferentes idiomas. Assim, o jogador progride entre cenários diferentes e explora diferentes ilhas, bem como as memórias do próprio protagonista.
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O uso das palavras no game é repleto de referências e pode até estimular o aprendizado de novos idiomas, como irlandês, alemão e japonês. Não só isso, o jogo também conta com muitas referências brasileiras e de games.
Um dos principais poderes que você usa, por exemplo, é a Gambiarra: o personagem grita a palavra e você ganha a habilidade de unir diferentes itens para completar desafios.
Durante a exploração, também é possível encontrar diversos itens bem brasileiros, com a alma da rotina do país aparecendo em diversos momentos. No entanto, minha maior surpresa foram as referências gamers e da cultura pop, que humanizam muito o protagonista e o criador do game.
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Visual e dublagem de qualidade
Enquanto a temática e o gameplay esbanjam originalidade, Master Lemon também chama a atenção pelo seu visual e áudio. A apresentação do game conta com bastante cuidado, incluindo desde fontes bem trabalhadas até uma trilha sonora que não deixa a desejar.
O visual é caprichado, trazendo gráficos em pixel art com detalhes e movimentação bem trabalhados. Os diferentes cenários também não decepcionam, levando o jogador para locais nostálgicos, como salas de aula, até montanhas e desertos fantásticos, tudo com vários cantos para explorar.
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Outro detalhe interessante é a presença de dublagem no jogo. Lemon Quest conta com diversas cenas e momentos com trabalho de voz, algo que nem sempre é priorizado em jogos independentes. O resultado é uma narrativa mais imersiva e que dá um ar mais premium para o game.
O principal problema que tive durante o gameplay foram alguns bugs, no final, que atrapalharam o progresso na versão de PC. Além disso, o jogo poderia contar com mais opções de acessibilidade e assistências, o que seria ótimo principalmente para crianças.
Vale a pena?
Master Lemon é mais uma prova de como o cenário de jogos brasileiro está repleto de pérolas que merecem a atenção do público. Com belos gráficos e uma história emocionante sobre luto e memória, o jogo é uma ótima pedida para quem curte narrativa e aventura com puzzles.
Apesar de alguns problemas que podem ser corrigidos, o pacote entregue no lançamento vale cada centavo, com cerca de quatro horas de gameplay — isso se você jogar na correria. Minha indicação? Vá na cautela e aproveite cada momento da jornada, pois existem vários segredos e missões secundárias para aproveitar.
Ao fim da jornada, é difícil não se emocionar com a homenagem por trás de Master Lemon e sua bela história sobre amizade, memória e o valor das palavras. Mais do que um jogo brasileiro diferenciado, o título nos lembra o poder transformador da arte — capaz de sintetizar a dor em algo belo, e o luto em um legado eterno.
Nota: 85
Pontos positivos (prós):
- História original e emocionante, baseada em uma homenagem real;
- Temática criativa, abordando idiomas e memória de forma poética;
- Gameplay inventivo, com uso de linguagens e feitiços como mecânica central;
- Referências culturais brasileiras e da cultura pop bem integradas;
Pontos negativos (contras):
- Bugs que devem ser corrigidos em breve;
- Poucas opções de acessibilidade, limitando parte do público;
Master Lemon está disponível para jogar no PC e consoles Xbox One, Xbox Series S e X. Uma cópia de PC foi cedida para realização da análise. Uma demonstração grátis com o primeiro capítulo pode ser baixada na Steam, onde o jogo é vendido por R$ 54,99.
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