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Revenge of the Savage Planet é Metroid 3D em seu “Prime”! Confira review

Disponível no Game Pass, Revenge of the Savage Planet se inspira no estilo de Metroid Prime, mas traz elementos a mais em sua fórmula

Avatar do(a) autor(a): Victor Alcaide Teixeira

20/05/2025, às 15:06

Atualizado em 20/05/2025, às 18:05

Revenge of the Savage Planet é Metroid 3D em seu “Prime”! Confira review

Muitas produtoras bebem da fonte do gênero metroidvania para criar seus jogos 2D, mas dá para contar nos dedos de uma mão as que têm a audácia de traduzir os conceitos de Metroid para o 3D, tal como a Nintendo fez na época em que a franquia de Samus viveu seu “Prime”, literalmente.

Desenvolvido pelo estúdio canadense Raccoon Logic Studios, Revenge of the Savage Planet se inspira no estilo de Metroid Prime, com um tempero de “collectathon”, um subgênero remanescente dos anos 1990 em que o jogador precisa coletar itens para avançar – saudades de Banjo-Kazooie, aliás. Você também?

Trata-se de uma aventura descompromissada, que funciona ainda melhor no modo cooperativo – seja local, em tela dividida, ou online – e que, na abordagem, abraça o humor ácido das produções da Adult Swim, com piadas desconfortáveis, textos subliminares, esquisitices no mundo e, sobretudo, nos personagens. 

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Sem seguro-desemprego

Em Revenge of the Savage Planet, você assume o papel de um explorador espacial encarregado de colonizar planetas a serviço da Alta Interglobal. Após ser dispensado e ficar preso num mundo hostil, desamparado e sem equipamentos, sua missão primária passa a ser não apenas sobreviver, mas também se vingar e desvendar os segredos obscuros de sua ex-corporação. 

A trama se revela em um telão instalado no assentamento do personagem e traz críticas à ganância empresarial e ao capitalismo, além de costurar outros temas pertinentes ligados ao meio corporativo. Apresentada em forma de sátira, a mensagem é válida, mas nem sempre funciona, sendo eclipsada por piadocas que raramente têm graça – e que, em certos momentos, soam até meio cringe. 

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É claro que humor é subjetivo. O fato de não ter me agradado não significa que não funcione para você. Sinto, inclusive, que muitos dos diálogos foram claramente pensados para um público mais jovem – e menos ranzinza do que este redator que vos escreve. O tom de sátira também se reflete nos gestos cartunescos do protagonista, desde ações mais simples, como arremessar um objeto ou pular de forma desengonçada, até seu jeito saltitante de andar. 

Quando o estilo cômico da história funciona, em muitos dos casos isso se deve à excelente localização para o português. Dos nomes dos itens às descrições detalhadas da fauna e flora, todos os textos no nosso idioma mantêm intactas as sacadas inteligentes dos originais, preservando o tom descontraído que permeia toda a jornada, apesar dos pesares. 

Buscação com B maiúsculo

A principal mudança em relação ao primeiro game, Journey To The Savage Planet, está na perspectiva. Agora em terceira pessoa, temos mais controle sobre os movimentos acrobáticos do personagem, o que facilita calibrar os saltos diante dos desafios de plataforma. E sim, Revenge of the Savage Planet flerta com clássicos jogos de plataforma 3D, uma ótima notícia para quem anda carente desse tipo de experiência. 

Digno do rótulo que carrega, o título respeita todos os fundamentos que moldam uma boa aventura do que eu carinhosamente chamo de “buscação”, um sinônimo para a fórmula consolidada por Metroid. Para progredir, é preciso destravar habilidades e encontrar novas parafernálias, como uma espécie de arpéu ou um drone de hackeamento com sabor de Watch Dogs, capazes de desobstruir áreas do mapa até então inacessíveis. 

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No âmbito da dificuldade, existe o equilíbrio perfeito entre exploração orgânica e indicadores no mapa, então não é um metroidvania que intencionalmente desorienta o jogador. Por exemplo: há momentos em que o jogo não especifica a área na qual  se deve concluir o objetivo, mas delimita uma zona de interesse para que você possa descobrir a solução à sua maneira, ao mesmo tempo que aprecia o ótimo level design.

Segmentado em quatro planetas, cada qual com seu “open bairro”, os mapas são visualmente encantadores, têm ecossistemas únicos e estão repletos de elementos com os quais podemos interagir. À la Metroid Prime, é possível escanear os arredores para compreender as particularidades do habitat, isso caso você queira dar uma de biólogo Sérgio Rangel.

Há sempre algum quebra-cabeça ou desafio que faz o cérebro ligar na tomada, mas a base do gameplay é a exploração. O nosso protagonista está sempre enfurnado em um cantinho improvável do planeta em busca de itens e recursos valiosos, seja para evoluir na história, seja para cumprir alguma missão secundária cuja recompensa nos permite liberar mais um recurso-chave para facilitar o deslocamento. 

Combate passa de ano, mas sem folga

O combate, por sua vez, é funcional, embora seja mais simples do que eu gostaria, e entrega uma fusão entre o tiroteio em terceira pessoa e os golpes mano a mano com o chicote. Cada inimigo, porém, possui um truque próprio para ser derrotado, o que exige do jogador uma constante adaptação na estratégia. Crustáceos, por exemplo, têm pontos fracos diferentes em comparação com as criaturas voadoras e muitas vezes precisam ser atordoados com ataques pelas costas para que surtam efeito. 

O que me incomodou mesmo foi o fato de certas áreas abrigarem ondas intermináveis de inimigos, que ficam nos importunando aos montes enquanto resolvemos puzzles ou estamos concentrados nos trechos de plataforma. Pode parecer algo bobo frente às muitas qualidades que o game ostenta, mas é um aspecto que torna a experiência um tanto frustrante, em especial nos dois planetas finais, nos quais a dificuldade se intensifica. 

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Apesar de não serem frequentes, as batalhas contra chefes colocam à prova as habilidades recém-adquiridas, servindo como verdadeiros testes de fogo para o jogador internalizar tudo o que aprendeu até ali. Sem revelar surpresas, posso apenas dizer que os embates com os guardiões representam os maiores picos de desafio da jornada. Aproveite-os.

Vale a pena?

Assumidamente inspirado nos jogos de coletar itens do início dos anos 2000, Revenge of the Savage Planet também celebra Metroid 3D como poucos ousam homenagear. Como a cartilha desse formato manda, os elementos de “buscação” e combate operam em sincronia para criar uma das experiências mais honestas sem Samus Aran como protagonista, ainda que exagere na quantidade de piadas sem sal na história. 

Nota do Voxel: 85

Pontos positivos (prós):

  • Os planetas são “open bairros” densos e cheios de segredos;
  • Cumpre bem os requisitos de um metroidvania 3D; 
  • Ótimo senso de progressão e descoberta;
  • Combate simples e funcional;
  • Colorido e charmoso, como um jogo de coletar itens dos anos 2000 deve ser;
  • Trabalho exemplar de localização para o nosso idioma. 

Pontos negativos (contras):

  • Ondas intermináveis de inimigos atrapalham, já que o foco não está tanto no combate.

Revenge of the Savage Planet foi gentilmente cedido pela Raccoon Logic Studios Inc. para o propósito de análise no PlayStation 5 Pro. O jogo também está disponível para PS5, Xbox Series S|X e PC, incluso no Game Pass.


Avatar do(a) autor(a): Victor Alcaide Teixeira

Por Victor Alcaide Teixeira

Especialista em Redator


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